O engenheiro civil, eletricista e segurança do trabalho, Paulo Roberto Mandello, durante muitos anos trabalhou para a empresa Furnas Centrais Elétricas, chegando ao cargo de gerente e representando a empresa na Suíça, Canadá e Angola. Ele continua dedicado aos estudos e agora planeja estudar medicina. Ao 60 anos, filho de José Mandello (em memória) e de Ênia Tondinelli Mandello, que completa 90 anos neste mês, ele é casado com Luciene Gomes Mandello e pai da Ludimila, Pamela e Paolo. É com carinho que ele conta um pouco da sua vida e rememora os momentos importantes pelos quais passou.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua infância e quais memórias marcantes você guarda desta época?
P.R.M.: Muito divertida, pois tive o prazer de frequentar o Jardim Novo (antigo cemitério e atual fonte luminosa). Reza a lenda pra mim e para muitos amigos da infância que ali era a moradia da Maria Engomada, ponto de encontro para as diversas traquinagens. Lembro de comprar garapa do Sr. Braga na garagem do Espir e dos passeios na Lagoinha. No trajeto junto com minha mãe e avó comprava sorvete da carrocinha do Spósito. O difícil era trazer água potável da Lagoinha, sempre quebrava o garrafão de vidro. Lembro também dos carros de boi, imensos, levando e trazendo carga da Mogiana pela rua, tenho lembranças do buracão e da Maria dos gatos. Próximo a minha casa tinha a antiga caixa d´água, a Força e Luz e a oficina do Zé Antogla (Alemão). Ficava horas observando os trabalhos dos profissionais. Lembro das disputas dos carrinhos de rolimã e de pau de sebo no enorme passeio em frente à minha casa. Enfim, grandes lembranças e muita diversão.
Jornal do Sudoeste: Como foi a fase de escola, onde estudou e quais momentos você se recorda com mais carinho dessa fase?
P.R.M.: Iniciei meus estudos no Jardim de Infância do Noraldino Lima, depois no primário fui para a Escola Estatual, fiz a admissão para estudar no Ginásio Estadual dirigido pelo Professor Carmo e Dona Alice. Bem, segui para terminar os estudos no Colégio Paula Frassinetti. Época difícil e complicada, tínhamos que tirar média oito e uma das avaliações era de surpresa. Nesta época estudava também no período noturno em Passos fazendo Técnico em Eletrônica no Colégio de Passos (Colégio do Dr. Breno) e trabalhava em uma Eletrônica no período da tarde. Já no último ano tive também que fazer o Tiro de Guerra, isto tudo junto. Era completa loucura, mas hoje vejo que tudo valeu a pena,
Jornal do Sudoeste: o que te motivou a estudar engenharia? Você teve influência?
P.R.M.: Bem, meu avô, Henrique Tondinelli, foi construtor, fez a primeira rodoviária de Paraiso, participou da construção do Colégio Paula Frassinetti dentre outras várias obras, minha mãe sempre quis fazer Engenharia, mas na época não foi possível, o talento do meu avô e a motivação da minha mãe me motivaram a estudar Engenharia. Iniciei minhas graduações na Unifran em Franca formando em Tecnologia Elétrica (antiga Engenharia Operacional), depois na FESP (Faculdade Estadual de Passos) fiz Matemática e depois Engenharia Civil. Vendo que eu trabalhava na área elétrica, resolvi fazer Engenharia Elétrica na UNIFENAS. Fiz outras especializações: Segurança do Trabalho, Racionalização de Construções. Todos estes cursos foram noturnos ou em finais de semana. Sou muito agradecido a minha esposa Luciene que segurou as pontas da nossa família para eu poder estudar.
Jornal do Sudoeste: quais foram os momentos mais difíceis nesta formação?
P.R.M.: Tirando a falta de tempo para com a minha esposa e filhos (na época todos crianças), não percebi dificuldades em minha formação, pois gostava do que fazia. Lembro no curso da UNIFENAS, que a estrada era péssima (140 quilômetros), e tinha que trabalhar e sair direto para Alfenas, retornado tarde da noite. Mas valeu a pena.
Jornal do Sudoeste: como começou a sua carreira em Furnas?
P.R.M.: Na época eu tinha aberto uma eletrônica (SOS) em sociedade com o amigo Jean, já tinha concluído o Técnico em Eletrônica, como os professores do curso eram de Furnas, eles falavam muito da empresa, e quando soube que abriram vagas, fiz uma prova, passei e fui chamado, isto nos idos de 1979, para trabalhar como Técnico em Furnas. Em 1996 fiz o primeiro concurso público de Furnas e passei para o cargo de Engenharia.
Jornal do Sudoeste: Você passou muita coisa durantes esses anos todos de atuação. Na empresa, quais foram os momentos mais difíceis e os momentos de maior felicidade?
P.R.M.: No inicio em Furnas eu não tinha vivência de empresa de ser subordinado a chefias e gerentes, quase saí da empresa. Meu pai me orientou e fiquei até aposentar, há cinco anos. Os momentos melhores foi quando assumi a gerência e representei Furnas na Suíça, Canadá e Angola.
Jornal do Sudoeste: Quais principais pontos você destaca para aqueles que desejam se tonar engenheiros?
P.R.M.: A engenharia e muita antiga, quando práticos desenvolvia construções que estão de pé até hoje, não é uma profissão difícil quando você tem aptidão para seguir. Hoje é possível estudar até por EAD (Ensino a distância) facilitando aqueles que não podem frequentar uma Universidade no ensino presencial, então para se tornar um bom engenheiro tem que ter aptidão e vontade de ser e fazer o melhor para se destacar.
Jornal do Sudoeste: Você é Diretor RH do CREA-MG, não é mesmo?
P.R.M.: Depois que me aposentei em Furnas fui trabalhar no CREA-MG, primeiro como Conselheiro e depois como Diretor de RH. Hoje continuo como Conselheiro da Câmara da Engenharia Elétrica, e também atuo como diretor do SEM GE-MG (Sindicato dos Engenheiros).
Jornal do Sudoeste: Você também foi professor. Como foi essa fase? O que mais gostou deste período?
P.R.M.: Fui professor na Escola Técnica de Furnas, onde pude conviver com os alunos e efetivamente trocar conhecimentos. De forma cientifica, o conhecimento é a aquisição de informações através do estudo teórico ou da atuação prática, este foi meu lema com todos os alunos
Jornal do Sudoeste: você tem planos a curto ou médio prazo, poderia dizer algo?
P.R.M.: Não desisti de buscar novos conhecimentos, fiz o Enem e fui bem colocado, mas vou precisar continuar estudando até passar em medicina.
Jornal do Sudoeste: E o seu esporte, como você diverte?
P.R.M: Viajar de moto com os amigos na minha moto TIGER Explore. Já estivemos no Ushuaia, uma cidade turística na Argentina que fica no Arquipélago da Terra do Fogo, no extremo sul da América do Sul, conhecido como “Fim do Mundo”. Fui também ao deserto do Ata-cama em Machu Picchu, uma bela cidadela Inca que fica no alto das Cordilheiras dos Andes no Peru, estive em Salar de Uyuni, nos Andes, sudoeste da Bolívia, onde é o maior deserto de sal do mundo. Estamos programando a próxima viagem para a Argentina e Chile no final deste ano.
Jornal do Sudoeste: Quem você agradece e homenageia nesta vida?
P.R.M.: A família em especial a minha mãe Enia Tondinelli, que completa 90 anos de idade este mês.