POLEPOSITION

A lã não pesa ao carneiro

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 22-09-2019 12:01 | 2119
O tempo parece não passar para Rubens Barrichello, um menino, apesar dos 47
O tempo parece não passar para Rubens Barrichello, um menino, apesar dos 47 Foto: Duda Bairros

"Olá, eu sou "Rubito", tenho 47 anos, mas estou me sentindo como se tivesse 16...(!)", escreveu Rubens Barrichello, em suas redes sociais, se deliciando do teste com um carro da S5000. Rubinho está na Austrália, e nesta madrugada vai acelerar na estreia da nova categoria de monopostos daquele país. É a primeira vez desde 2012, quando correu a F-Indy, que Barrichello pilota um carro de Fórmula. Domingo passado ele venceu a corrida 2 da Stock Car, no Velopark.

Não tem como não admirar Rubens Barrichello. O que ele escreveu vem do fundo do coração, e me fez lembrar uma frase que sempre ouço do meu pai, "a lã não pesa ao carneiro". Barrichello não se cansa porque ama o que faz!

Eu sempre tive grande apreço por Barrichello, e sinto-me à vontade ao falar do piloto que vi nascer para o automobilismo quando tinha 11 anos, no kart, e que mantém intactos até hoje, aos 47, a mesma determinação e amor pelas pistas. Quando ainda estava na Fórmula 1, Rubinho foi alvo de chacotas maldosas de programas humorísticos. Tais programas já saíram do ar faz tempo, e Barrichello continua queimando pneus no asfalto. Continua ganhando corridas.

Domingo passado ele não tinha o melhor carro no travado circuito de pouco mais de dois quilômetros de extensão, mas fez valer mais uma vez toda a sua experiência na estratégia e na pilotagem para conter aos ataques do jovem Bruno Baptista que vem se tornando uma grata revelação do automobilismo brasileiro.

Foi o 13º triunfo de Barrichello na Stock Car, uma vitória que veio por coincidência na semana que completou dez anos da última vitória de um brasileiro na Fórmula 1, no GP da Itália de 2009, com o próprio Barrichello, em Monza. Hoje sequer temos um piloto da pátria verde e amarela competindo na principal categoria do automobilismo, e mesmo assim o Brasil continua sendo disparado o país que mais dá audiência para a Fórmula 1, uma cultura que vem dos tempos de Emerson, Piquet e Senna, e que continuou sendo alimentada e fortalecida por Barrichello e Felipe Massa.

Não são todos - na verdade são poucos - os atletas que conseguem se manter no topo por tanto tempo competindo no mais alto nível de exigência física/mental. Barrichello é um desses privilegiados, fruto de sua imensa dedicação e amor pelo que faz.

Cingapura
Depois do boom que as vitórias de Charles Leclerc causou na Fórmula 1, em Cingapura uma nova vitória da Ferrari não está no topo da lista das casas de aposta. A razão é simples: a força do motor que empurrou o monegasco nas retas de Spa-Francorchamps e Monza, conta pouco no travado circuito urbano de Marina Bay. A corrida é noturna, mas a umidade e temperaturas, ambiente e do asfalto, são elevadíssimas, e é possível que o vencedor, em condições normais, seja um dos pilotos da Mercedes, ou da Red Bull que deve estar forte neste final de semana devido à eficiência do chassi RB15 numa pista que requer muita pressão aerodinâmica, e empurrado pelos motores Honda.

Este será o 12º GP de Cingapura, que já foi vencido quatro vezes por Lewis Hamilton e por Sebastian Vettel. Mas, também por coincidência, foi lá, em 2017, que Vettel fez sanduíche de Max Verstappen com Kimi Raikkonen, na largada, e não parou mais de cometer erros.