A Fórmula 1 vai bem, obrigado! Já são sete corridas seguidas de alto nível que a categoria entrega, e se o GP de Cingapura não foi recheado de ultrapassagens como nos últimos, mesmo sendo o mais longo do campeonato, ele prendeu a atenção do público desde a largada até a bandeirada. Foi um Grande Prêmio estratégico entre acertos e erros das equipes.
E a primeira dobradinha da Ferrari desde 2017 aconteceu justamente na pista mais improvável para o modelo SF90 do time italiano. Nem a própria Ferrari, nem a Mercedes e a imprensa esperavam uma vitória da Ferrari em Cingapura. O resultado é fruto de novas peças que foram introduzidas nos carros de Sebastian Vettel e Charles Leclerc que melhorou a eficiência aerodinâmica que vinha sendo o ponto fraco da equipe em pistas travadas como o Circuito Marina Bay, sem as longas retas ou curvas de alta, onde a força do motor Ferrari conta menos. No sábado Leclerc fez a pole position, e no domingo Sebastian Vettel venceu a corrida.
O que os estrategistas da Ferrari não contavam era que na tentativa de salvar a vitória de Leclerc e evitar serem surpreendidos nas paradas para troca de pneus de Mercedes, ou Red Bull, acabariam ‘amarrando’ a corrida do monegasco que liderava a prova. Ao parar Vettel primeiro, Leclerc que vinha em ritmo mais lento para poupar os pneus, perdeu a posição quando fez a sua troca na volta seguinte. A Mercedes desta vez se perdeu nas estratégias de Hamilton e Bottas e ficou pela segunda vez no ano fora do pódio.
O resumo da ópera foi que Sebastian Vettel teve uma vitória redentora que oxalá, o coloque novamente nos trilhos. Havia 392 dias, desde o GP da Bélgica do ano passado, que o alemão não vencia na Fórmula 1, e convenhamos, por mais que Charles Leclerc seja a nova sensação do momento, e há quem goste de vê-lo massacrando Vettel, não faz bem para a categoria assistir à derrocada de um tetracampeão que chegou à sua 53ª vitória e se tornou o maior vencedor do GP de Cingapura com cinco vitórias, superando Lewis Hamilton com 4.
Por outro lado, a insatisfação de Leclerc nas conversas de rádio com o engenheiro no calor da disputa, por conta da estratégia (e desta vez não foi jogo de equipe) que o derrubou de uma provável vitória, escancarou sua personalidade forte, e uma rivalidade interna dentro da Ferrari que sempre controlou a hierarquia entre seus pilotos, parece inevitável.
Com as vitórias de Leclerc na Bélgica e Itália, e a de Vettel em Cingapura, a Ferrari que teve um começo de campeonato horrível, chegou à terceira vitória consecutiva, um feito que a equipe de Maranello não conquistava desde 2008.
Do calor escaldante sob as luzes dos refletores de Cingapura para o frio de Sochi, com previsão de chuva para este fim de semana de GP da Rússia, a Fórmula 1 entra na reta final do campeonato com a 16ª de 21 etapas. E se Lewis Hamilton caminha sem sustos rumo ao heptacampeonato - apesar da reação da Ferrari -, é a segunda colocação do companheiro de Mercedes, Valtteri Bottas, que começa a ser ameaçada tanto por Leclerc como por Max Verstappen, da Red Bull, ambos empatados na terceira posição com 200 pontos, 31 a menos que o finlandês que a essa altura está distante 65 pontos atrás de Hamilton. Ainda restam 156 pontos em jogo.
Este será o 6º GP da curta história da Rússia no calendário da Fórmula 1, numa pista de 5.848 metros que não empolga e tem a cara da Mercedes que venceu todos, desde 2014, três com Lewis Hamilton, um com Nico Rosberg e outro com Valtteri Bottas.