Mestre em Linguística, psicanalista clínica e docente na Libertas Faculdades Integradas, Dalva Kellen Dizaró é uma profissional respeitada que, pouco a pouco, veio construindo sua carreira e hoje se sente realizada e feliz com a trajetória que constituiu ao longo desses anos na área da docência. Filha de João Adolfo Dizaró (em memória) e de dona Maria José Vieira Dizaró, ela é casada com Eduardo Barbosa de Oliveira Negrão e mãe da Raffaela e do pequeno Benício. É acolhedora que ela concede ao Jornal do Sudoeste esta entrevista e conta um pouco da sua trajetória e da sua visão de vida.
J.S.: Dalva, como foi sua infância em Paraíso e seu convívio familiar? Quais memórias marcantes você tem desta época?
D.K.D.: Posso dizer que realmente tive infância, aquela época gostosa de ter amizades com os vizinhos, brincar na rua até à noite, sentarmos na calçada para conversar. Minha infância foi cercada de muitos amigos, os quais mantenho contato com a maioria e muitos primos. Festas de família, encontros. Fui muito feliz nessa época.
J.S.: Onde estudou? O que mais gostava e o que menos gostava da época de estudante?
D.K.D.: Estudei no maternal numa escola chamada Borboleta Azul (era no atual prédio da Polícia Militar). Depois na escola Noraldino Lima (antes estadual), Escola Paraisense, “Ditão” e depois me ingressei na faculdade. Recordo-me de muitas coisas na época da escola, principalmente das primeiras professoras: Jaqueline Delfante Borborema, Tia Ligia Mumic, Dona Dilma Mosquetti Ribeiro com o livro Barquinho Amarelo, o qual fui alfabetizada. Eu era levada na escola, nunca fui quietinha, mas sempre respeitei aos meus professores. Tínhamos respeito e muita consideração com os professionais da escola e com os professores, o que sinto falta atualmente. Tenho um carinho muito especial pelas escolas as quais frequentei.
Jornal do Sudoeste: Quando concluiu o Ensino Médio, já tinha em mente no que se formaria?
D.K.D.: Meu sonho sempre foi psicologia, mas na vida nem sempre caminhamos como sonhamos e não entendemos muitas vezes o motivo. A vida me levou para a Administração e, na época, não fiquei muito feliz, apesar de ter sido uma época maravilhosa. Hoje sou grata por ter cursado a Administração (na FACEAC) atual Libertas – Faculdades Integradas, e por todo o trajeto que vivi.
Jornal do Sudoeste: Sua primeira formação é em Administração de Empresas. O que te motivou a seguir por esse caminho e por que decidiu estudar Letras logo em seguida?
D.K.D.: Alguns anos atrás não era tão fácil estudar como atualmente, em questões financeiras e também na oferta dos cursos. Meus pais não tinham condições em arcar financeiramente com os meus estudos fora da cidade. Então, paguei o curso com o meu trabalho. Fui muito feliz em ter cursado a Administração tanto pela Faculdade que escolhi, quanto pelas oportunidades positivas profissionalmente que a graduação me ofereceu e me oferece até hoje.
Jornal do Sudoeste: Você tem uma longa formação na área de Letras voltada para a questão da sexualidade. Como foi trabalhar com este tema ao longo desses anos e por que teve interesse?
D.K.D.: Sempre amei estudar, sou feliz quando estou lendo, estudando, aprendendo algo. Cursei muitos anos inglês e queria fazer outra graduação que aproveitasse o inglês e então ingressei-me no curso de Letras com ênfase em Inglês e suas Literaturas. Porém, tive uma professora a qual não me simpatizava e me fez “deixa de lado” o inglês na época. Mas para minha grata surpresa fui apresentada à Linguística, minha paixão. Por isso digo sempre que nada é por acaso na vida. E pela linguística me especializei em Análise do Discurso e fiz também o mestrado na linha de pesquisa em AD – com o discurso da terceira idade nas mídias digitais quanto a sua sexualidade. Tema escolhido por sexualidade e sexo serem temas considerados como tabus ainda por cima quando se trata da terceira idade, uma faixa etária muitas vezes tendo o seu discurso, a sua fala, a sua voz, marginalizados e também estudei e me especializei na clínica psicanalítica.
Jornal do Sudoeste: Você sempre trabalhou com Educação?
D.K.D.: Trabalho há 12 anos na área da educação e sou muito feliz em ser professora. Sou grata e orgulhosa pela minha profissão.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua trajetória dentro da Libertas – Faculdades Integradas?
D.K.D.: Estou na Libertas há oito anos, uma casa que assim posso chamar em que me orgulho em trabalhar por todo acolhimento que a Instituição oferece e proporciona aos seus colaboradores. Iniciei como professora substituta, hoje sou docente efetiva em tempo integral dos cursos de Administração, Contábeis, Direito e Pedagogia. Sou coordenadora do curso de Pedagogia e também a responsável pelo NAE – Núcleo de Apoio aos Docentes, que é um atendimento individual voltado àqueles alunos que estão interessados em aconselhamento psicológico ou que estejam enfrentando outras dificuldades que afetem o seu desempenho acadêmico e a integração à vida universitária.
Jornal do Sudoeste: Falando em educação e ser professor. O que significa para você ser professora?
D.K.D.: Somos o que somos hoje graças a um professor. Quem não tem uma boa lembrança de algum professor? Quem nunca teve como influência, como exemplo, um professor? Nas mãos de quem tudo começa? A primeira letra, as primeiras palavras, a vida social da criança? Tudo isso passa pelo professor. Depois dos pais, do seio familiar, quem é que vive com a criança, quem ensina princípios éticos, morais, de cidadania? Ser professor é ser tudo. Não há melhor descrição: ser professor é ser tudo, é ser a oferta de um mundo de descobertas, é ter em mãos as chaves de um novo mundo. É ser a continuação do pai, da mãe, é ser a ponte de novos horizontes. Ser professora tem um significado para mim: amor e gratidão por cada aluno que tive e que tenho. É ter orgulho de ocupar o lugar da frente da sala de aula e viver a troca diária de conhecimento. Não seria mais feliz tendo outra profissão.
Jornal do Sudoeste: E quanto à valorização do Professor ?
D.K.D.: O professor é desvalorizado por uma grande parte da sociedade e do próprio governo. De acordo com muitos educadores, a relação entre professor e aluno se encontra comprometida em razão de vários fatores, dentre eles a perda do respeito pelo professor, pois é notável a desvalorização por parte da sociedade e dos alunos. A desvalorização da profissão docente não afeta apenas o professor como profissional em sua individualidade, afeta todo o futuro de uma nação, na medida em que, se a carreira docente não é atraente, não atrai os melhores talentos, que disputariam uma vaga em concurso público que acene com salários mais convidativos, e o ensino, cada vez menos valorizado, cada vez mais estigmatizado, já não estimula os jovens a abraçarem essa carreira que, assim, decai, porque não logra despertar a vocação para a missão de educar.
Jornal do Sudoeste: Hoje, olhando para sua trajetória, faria outra coisa que não trabalhar com Educação?
D.K.D.: Eu sou psicanalista clínica, além de professora. Hoje, profissionalmente, não faria outra coisa que não essas minhas duas profissões. Meu pai sempre teve orgulho de eu ser professora devido a sua mãe, minha avó paterna, também ter sido professora. Não vejo outra profissão que tem o poder da transformação positiva. E ser psicanalista, ter o dom e a sabedoria do ouvir e poder orientar a cura pela fala, é incrível e por que não dizer: mágico.
Jornal do Sudoeste: Dificuldades enfrentadas e alegrias ...
D.K.D.: Sempre enfrentamos dificuldades e acho isso positivo para o crescimento de todo sujeito. Sou de uma família simples, a qual meu pai, filho de professora, mal foi alfabetizado por ter que trabalhar muito cedo, mas foi o homem mais sábio que conheci. As dificuldades se podem dizer, foi ter que trabalhar para bancar os meus estudos. Mas, sinceramente, não vejo como dificuldades, talvez, limitações, pois nunca deixei de fazer as coisas que tive vontade. Agora alegria, ah, são muitas alegrias que tive e tenho na vida. Sou muito grata sempre por tudo, sendo grata, temos alegrias, realizações a todo instante e acho que isso é a maior alegria que podemos ter.
Jornal do Sudoeste: Como você encara o cenário do ensino superior em Paraíso?
D.K.D.: Temos excelentes cursos, falo baseando-me na Libertas – Faculdades Integradas, cursos com profissionais de qualidade, mestres e doutores, uma Instituição reconhecida, o cenário é positivo e prospectivo a crescimento na oferta de novos cursos, atendendo a demanda daqueles que pretendem cursar uma graduação, visando um futuro melhor.
Jornal do Sudoeste: Qual o significa de família para você?
D.K.D.: Porto seguro. A minha criação foi baseada nos princípios de honestidade e trabalho. Hoje formei a minha família a qual é o bem mais valioso que tenho: Meu marido Eduardo, o amor da minha vida, e meus filhos, são motivos da minha felicidade. Às vezes estou em casa e me pego admirando a todos eles e agradecendo por tamanha dádiva. Creio na instituição da família, da formação familiar baseada no amor e respeito ao próximo.
Jornal do Sudoeste: Falando em família. Você é mãe. Como a maternidade mudou a sua?
D.K.D.: Sou mãe, sempre quis ser mãe. A maternidade me transformou em uma mulher melhor em todos os sentidos, mais compreensiva, mais voltada à família e também mais amorosa. Ver os meus filhos, senti-los não há nada melhor na vida.
Jornal do Sudoeste: Se pudesse se resumir em três palavras, quais seriam?
D.K.D.: Fé. Amor. Recomeço.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz dessa caminha até aqui?
D.K.D.: Um balanço positivo. Eu acredito que tudo o que acontece na vida, seja algo negativo ou positivo são frutos de nossas escolhas e o bom é que podemos refazer as escolhas a todo instante. Não há vitima, não há reclamações e sim aprendizado, escolhas e sempre o recomeço. Por isso o balanço sempre será positivo.