Musicalmente falando, sinto falta de grandes orquestras a abrilhantar bailes Brasil afora, tão comuns até a década de 1970. Depois foram minguando. Raramente são vistas hoje em dia, até mesmo em emissoras de tevê, como a dos maestros Luiz Arruda Paes, na Tupi, Zezinho, no SBT, Zácaro, na Bandeirantes, que marcaram época, sem contar Maestro Chiquinho que se notabilizou através da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, dentre tantas outras.
Em São Sebastião do Paraíso, a exemplo de outras cidades mineiras e do interior paulista, havia grandes orquestras integradas por talentosos músicos (muitos se projetaram no cenário nacional), a alegrar pés de valsa.
Na década de 1960 a Panamericana, dirigida pelo saudoso maestro, Irmão de Alma, Geraldo Borges Campos, o Lalado, foi a ante-penúltima no cenário paraisense. Deu origem a Ophir Mendes e Sua Orquestra, maestro, multi-instrumentista que veio de Belo Horizonte.
Trouxe com ele o baterista Chuca, que sucedeu Rui Mafra. Chuca sabia tudo, e mais um pouco, de bateria. Certa feita a orquestra se apresentou em Ribeirão Preto, e por lá estava jovem baterista da nacionalmente conhecida Orquestra de Rui Rei. Pediu para “dar uma canja”, ou seja, tocar uma seleção em lugar de Chuca. Foi aplaudido freneticamente por um grupo de jovens que estava com ele.
O troco veio em seguida. Maestro Ophir distribuiu partituras incluindo o “Apito no Samba”, em que Chuca fez impressionante solo de bateria, no qual se levantava circundando a bateria, distribuindo incríveis baquetadas.
O jovem “batera” de Rui Rei não mais foi visto. Caiu na capituva!
por Nelson Duarte
Jornal A Semente da APC