POLEPOSITION

Só mais quatro pontos, Hamilton!

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 03-11-2019 21:27 | 1999
Por trás de uma grande equipe, tem um grande piloto!
Por trás de uma grande equipe, tem um grande piloto! Foto: François Flamand / DPPI

A vitória inesperada no México deixou Lewis Hamilton a quatro pontos de fechar a conta amanhã, em Austin. Inesperada porque de todas as pistas do calendário, o autódromo Hermanos Rodriguez talvez fosse o único em que o próprio Hamilton descartaria qualquer chance de vencer pelas peculiaridades do traçado de maior altitude da Fórmula 1.

A 2.250 metros acima do nível do mar, o ar mais rarefeito emana menos oxigênio para o motor, que por sua vez perde potência e é submetido à maior esforço. E com o ar menos denso o carro perde aderência, escorrega mais e consequentemente desgasta mais os pneus.

Esse é sempre o desafio que pilotos e equipes enfrentam todos os anos no México, e são características que neste ano jogavam contra a Mercedes. Primeiro porque quem tem o melhor conjunto aerodinâmico do momento é a Red Bull. Segundo porque é a Ferrari quem tem o motor mais potente da atualidade.

Mas não basta só o conjunto aerodinâmico ou a força do motor para vencer na Fórmula 1. A Mercedes prima pela eficiência dentro e fora das pistas e conta com o talento extraordinário e a capacidade de um dos melhores pilotos de todos os tempos, Lewis Hamilton.

Prova desta eficiência da Mercedes foi recuperar o carro de Valtteri Bottas após o forte acidente no treino de sábado, dando-lhe condições de largar da posição original do grid; e na estratégia tão arriscada quanto certeira de trocar os pneus de Hamilton cedo demais, mas na certeza de que o piloto daria conta do recado, como de fato deu.

Por trás de uma grande equipe tem um grande piloto(!), e performances como a de Hamilton insiste em me fazer lembrar de Senna e Schumacher. Porque poucos pilotos na história da Fórmula 1 foram capazes de fazer o que este britânico tem feito em muitas de suas 83 vitórias - e no México foi uma delas ao se manter rápido por 48 voltas com o mesmo jogo de pneus, e tendo parte do assoalho e asa dianteira do carro danificados num toque com Verstappen na primeira volta.

A tocada de Hamilton ganha mais notoriedade quando o diretor-técnico da Mercedes, James Alisson, diz que os danos no carro custaram 0s1 (um centésimo) por volta, mas que num total de 70 voltas representou uma perda de sete segundos na corrida, e Hamilton recebeu a bandeirada apenas 1s766 na frente de Sebastian Vettel. 

O favoritismo no México era todo da Ferrari e da Red Bull, mas Verstappen desrespeitou uma das principais regras de segurança que é diminuir a velocidade sob bandeiras amarelas ao passar lotado pelo carro batido de Bottas, e perdeu a pole. E a Ferrari cometeu mais um de seus intermináveis erros de estratégia, jogando fora mais uma chance de vitória numa corrida em que seus dois pilotos largaram da primeira fila do grid.  

A parada agora é nos Estados Unidos, no Circuito das Américas, pista em que a Mercedes não deverá sofrer tanto como no domingo passado. O campeonato entra pela reta final e depois vão faltar apenas os GPs do Brasil e de Abu Dhabi. Hamilton tem o segundo match point para conquistar o hexacampeonato e as chances de isso acontecer amanhã são grandes, mas se não der, dificilmente escapará de Interlagos.

Este será o 41º GP dos Estados Unidos, o 8º em Austin, palco de cinco vitórias de Hamilton, uma de Vettel e uma de Kimi Raikkonen, no ano passado.

O futuro da F1
Em 2021 os carros terão novo visual, ficarão um pouco mais pesados e lentos, mas o objetivo é reduzir significativamente os efeitos da turbulência para diminuir o grau de dificuldade de se ultrapassar. Novas asas, mais simples, algumas peças padronizadas, rodas de 18 polegadas, a volta do chamado efeito-solo, e um teto orçamentário de US$175 milhões por equipe estão entre as principais medidas aprovadas pelo Conselho Mundial de Automobilismo.