Posso dizer que sou um privilegiado. Dentro do esporte que mais amo, tenho a oportunidade de acompanhar a carreira de grandes nomes da Fórmula 1. Para muitos pode parecer repetitivo ver tantos títulos seguidos de um só piloto. É como se fosse um jogo de uma pedra só no tabuleiro. Mas o lado positivo é a história que está sendo escrita; é poder testemunhar com os próprios olhos, e não conhecer a história apenas através de relatos.
Quem viu Pelé jogar, certamente cansou-se de ver gols do eterno camisa 10 do Santos, mas hoje conta com sorriso largo o quão gratificante foi ver o rei do futebol jogar.
Eu vi Senna correr. Vi uma das maiores rivalidades jamais vista no esporte a motor, que por muitas vezes beirou a animosidade, mas provavelmente Senna e Prost não seriam tão lembrados hoje se um não tivesse cruzado o caminho do outro nas pistas.
Eu vi Michael Schumacher correr. Dotado de um talento incrível, que por vezes fez papel de "Dick Vigarista", mas ninguém é santo neste mundo selvagem da Fórmula 1, e nada apagou a genialidade do alemão que por enorme coincidência foi quem passou o bastão para Lewis Hamilton na Mercedes.
Pilotos que têm estrela já nascem com ela, mas para fazê-la brilhar é preciso muito sacrifício. Uma frase me chamou atenção nas declarações de Hamilton no domingo passado ao classificar a conquista do hexacampeonato como o mais difícil de todos, os seus títulos, mesmo para quem venceu dez corridas até aqui e liquidou a disputa com duas provas de antecedência: "É difícil para as pessoas compreenderem porque elas não estão comigo o tempo todo para entender os altos e baixos que acontecem na mente dos atletas, e os altos e baixos fora do esporte têm sido ainda mais desafiadores", disse.
A escalada de Hamilton foi rápida. Parece que foi ontem que aquele menino chegou à Fórmula 1 sendo o primeiro (único até hoje) piloto negro a competir na categoria e predestinado a vencer. Hamilton é um fora de série, um fora da curva, um hexacampeão!
A maior prova da capacidade do menino de origem humilde, cujo pai trabalhou em dois empregos para bancar as primeiras aceleradas no kart, foi aos 15 anos quando mesmo com um braço quebrado, sagrou-se campeão europeu de kart, derrotando Nico Rosberg, que viria a ser seu arquirival. Nesta época ele já havia caído nos encantos do então chefão da McLaren, Ron Dennis, com apoio da Mercedes numa época que não era comum as equipes de F1 apoiarem pilotos no kart.
O resto é história. História que registrou mais um capítulo domingo passado, em Austin, com a conquista do quinto título de Hamilton em seis anos com a Mercedes.
Dos 772 pilotos que disputaram ao menos um Grande Prêmio nos 70 campeonatos de Fórmula 1 disputados desde 1950, apenas 33 foram campeões. 16 conquistaram mais de um título, mas apenas dois alcançaram o hexa: Michael Schumacher e Lewis Hamilton. O primeiro ainda ganhou mais um e é heptacampeão. O segundo está a caminho e pode ir muito mais longe. Atrás deles, Juan Manuel Fangio com 5 títulos, seguidos por Alain Prost e Sebastian Vettel com 4 cada. Desta lista só não vi Fangio correr, mas põe na conta os três de Nelson Piquet e de Ayrton Senna. Sorte de viver nesse tempo.
Stock Car
Na reta final da temporada, a Stock Car volta ao Velo Città pela segunda vez no ano com dois pilotos empatados na liderança do campeonato com 265 pontos: Daniel Serra e Ricardo Mauricio, companheiros de equipe da Team RC. Depois vão faltar apenas as etapas de Goiânia e Interlagos para conhecer o campeão do 40º ano da principal categoria do automobilismo brasileiro.