O ano era 1.964 época em que o poder no Brasil era tomado pelos militares. A queda do governo de João Goulart na madrugada de 31 de março e tudo que se passou nos dias e semanas seguintes tiveram amplos reflexos também em São Sebastião do Paraíso. A repressão deixou marcas em muitos paraisenses, vários deles encaminhados a reclusão na capital dos mineiros.
Detalhe daquela época é que naquele momento, uma turma de jovens atiradores cumpria a missão de exercer o Serviço Militar em Paraíso e frequentava a escola do Tiro de Guerra. A nomenclatura era TG nº 156. "Foi um período muito marcante não só para a população brasileira por tudo que era vivido, mas principalmente a nós que acompanhamos de perto muitas das situações do que ocorria aqui e no Brasil", comenta o ex-atirador Roberto Amaral.
Mesmo tendo passado 55 anos daqueles acontecimentos, a memória segue viva e ele faz questão de relembrar vários episódios, junto com os amigos da época do Tiro de Guerra. Por isso que anualmente ele promove o encontro da Turma de Atiradores de 1964. "A gente se reúne todos os anos no dia 1º de novembro para uma confraternização e relembrar histórias do que se passou", conta Roberto. Desta vez mesmo com um número reduzido de participantes -foram 16 presentes - o encontro não deixou de ser emocionante.
Naquele 1.964 Paraíso ficou marcada na parte futebolística pelo destaque de alguns atletas que deixaram a cidade e foram atuar em times grandes e profissionais. "Teve o Luiz Dutra que foi para o São Paulo, o Pelezinho que foi contratado pelo Guarani de Campinas entre outros", conta. Em relação ao TG-156 era o último ano do Sargento Guedes que marcou época em Paraíso.
Este entre tantos outros fatos fazem parte da memória viva do grupo de Ex-atiradores da turma de 1964. Neste ano estiveram presentes a contar pelo anfitrião Roberto Amaral e outros que vieram de vários locais. "Temos guerreiros da época, são 39 que já faleceram e reverenciamos suas memórias. Muitos continuam residindo aqui em Paraíso, mas temos aqueles que vêm de longe como do Rio Grande Sul, de Resende (RJ) e de Jundiaí (SP) para este encontro que acontece todos os anos", conta o organizador.
Na legenda eles estão lado a lado, revivendo e celebrando um tempo que passa, fica distante, mas que não se apaga da memória e do coração. Os 55 anos da Turma de 64 é comemorado como uma vida, marcada por muitos acontecimentos que não se resume apenas em olhar para trás e contemplar o passado.
A luz que um dia brilhou continua a iluminar os caminhos, como um farol ela indica que no momento atual a história se faz presente e que no futuro ela prevalecerá, dando continuidade a um tempo que não se acaba.