ESPECIAL - INTERLAGOS

Interlagos virou campo de guerra dos motores da Fórmula 1

Honda, Ferrari, Mercedes e Renault expuseram suas forças e fragilidades no treino de ontem
Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 17-11-2019 10:42 | 2381
Força do motor Honda surpreendeu com a pole position de Max Verstappen, em Interlagos
Força do motor Honda surpreendeu com a pole position de Max Verstappen, em Interlagos Foto: Rafael Catelan

 

Sergio Magalhães, de Interlagos

Mais relevante do que a pole position conquistada ontem por Max Verstappen, para o GP do Brasil que tem largada neste domingo (17) às 14h10, o segundo lugar de Sebastian Vettel e a terceira posição de Lewis Hamilton, foi a guerra de motores que se estabeleceu durante o treino de classificação, em Interlagos.

As características do traçado curto de 4.309 metros com dois trechos de aceleração plena, compreendidos na reta oposta, e também da subida da Junção até a freada do S do Senna, foi um campo de provas que serviu para expor a força e a fragilidade das quatro marcas fornecedoras de motores da Fórmula 1, Ferrari, Mercedes, Honda e Renault.

O tempo de Verstappen, 1min07s508 foi apenas 123 milésimos de segundo melhor que a marca do segundo colocado, Sebastian Vettel, e 191 milésimos superior ao tempo de Lewis Hamilton, terceiro colocado.

Na prática seria um empate técnico entre o motor Honda que empurra a Red Bull e o Ferrari e Mercedes de suas respectivas equipes. Mas por se tratar de uma pista curta, o próprio Verstappen considerou ser uma vantagem grande.

Nos últimos cinco anos a Mercedes fez a pole position em Interlagos. A eficiência de um chassi bem construído, capaz de manter o equilíbrio do carro no miolo do circuito, e a força do motor que era o mais potente da Fórmula 1 fez com que a Mercedes não encontrasse dificuldades nos treinos de classificação aqui no Brasil até o ano passado.

Mas este ano foi diferente. A Honda que foi alvo de chacota quando forneceu motores para a McLaren de 2015 até 2017, deu um enorme salto de qualidade. Quem poderia imaginar que a nova parceria com a Red Bull pudesse render resultados expressivos  como duas vitórias e duas poles num curto espaço de tempo?

Prova desta surpreendente evolução foi colocar três dos quatro carros que a Honda empurra no top 10: o pole, Verstappen, o companheiro de Red Bull, Alexander Albon em 6º (vai largar em 5º com a punição de Charles Leclerc), e a 7ª posição de Pierre Gasly, da Toro Rosso, que será 6ª por causa da perda de dez posições no grid imposta a Leclerc. Apenas o russo Daniil Kvyat não passou para o Q2 e vai largar de 16º com o outro carro da Toro Rosso.   

A Ferrari que vem sendo alvo de denúncias da Red Bull e da Mercedes de estar burlando o regulamento com possível alteração no fluxo de combustível que é 100 kg por hora permitidos, continuou sendo os carros mais rápidos de reta, o que significa que a diretiva técnica emitida a todas as equipes pela Federação Internacional de Automobilismo, tendo como pano de fundo “brecar” a suposta fraude nos motores italianos, surtiram pouco efeito.

O fato serviu até de ironia por parte de Sebastian Vettel que disse em tom de brincadeira que “perdeu a pole porque o motor da Red Bull estava irregular”.

Os motores Ferrari colocaram nada menos do que cinco carros dentre os dez primeiros do grid: Sebastian Vettel (2º), Charles Leclerc (4º, apesar da punição), Romain Grosjean (7º) com a Haas, Kimi Raikkonen (9º) com a Alfa Romeo, e Kevin Magnussen (10º) com o outro carro da Haas num grande dia para os problemáticos carros da equipe norte-americana.

A Mercedes só teve a própria equipe no top 10 com Hamilton e Bottas, já que as duas Racing Point não passaram de 15º e 17º, e as Williams não servem de referência porque não saem das últimas posições.

O chamado “modo festa” que a Mercedes usava nos treinos de classificação, uma configuração mais apimentada que proporcionava maior potência em uma volta lançada, parece não existir mais. Mesmo assim não se pode descartar Lewis Hamilton ou Valtteri Bottas de vencer em Interlagos, já que ao longo dos 305 km de corrida a Mercedes costuma ser bem mais eficiente do que tem sido em treinos de classificação.

Dois pontos merecem atenção para a corrida deste domingo: As características do Autódromo de Interlagos são bastante parecidas com as do Circuito Red Bull Ring, na Áustria, e foi lá que Verstappen  venceu a primeira de suas duas vitórias neste ano. O outro ponto é que Verstappen tem um caso mal resolvido com Interlagos no ano passado quando liderava a prova e caminhava para a vitória, mas se envolveu numa disputa desnecessária com o retardatário e desafeto, Estebam Ocon, e acabou indo parar fora da pista. Por conta disso, deve correr hoje com a faca entre os dentes.

Já a Renault teve um sábado desastroso com nenhum de seus carros passando para a última parte da classificação, o Q3. Daniel Ricciardo e Nico Hulkenberg vão largar de 11º e 13º respectivamente, enquanto Lando Norris, com a McLaren só entrou no top 10 por causa da punição de Leclerc. Carlos Sainz com a outra McLaren sequer treinou com problemas de motor.

Como se vê, a Renault não evoluiu e ainda ficou mais distante da guerra de motores.