O estudante Vinícius de Carvalho Venturini é um jovem de 17 anos dedicado aos estudos e que pretende ingressar em uma universidade em breve para estudar Ciência da Computação. Próximo a concluir o Ensino Médio, ele é mestre conselheiro no Capítulo da Ordem DeMolay em São Sebastião do Paraíso e administra seu tempo para também realizar trabalhos sociais. Filho da monitora Paula Maria de Carvalho e do agente comercial Antônio Vitor Venturini, irmão caçula do Matheus, o jovem conta um pouco da sua rotina e ressalta a importância da educação e da solidariedade para a vida dos jovens.
Jornal do Sudoeste: Co-mo foi sua infância?
V.C.V.: Foi uma infância muito tranquila, o bairro onde eu cresci era bastante calmo, passava o dia todo jogando bola na rua e brincando de pique-esconde. Foi uma infância normal. Estudei no Noraldino Lima nesta época.
Jornal do Sudoeste: Por que decidiu estudar manutenção mecânica?
V.C.V.: Eu gosto de sempre estar em contato com o conhecimento, para mim qualquer conhecimento é válido e gosto de agregar cada vez mais. Esse estudo da mecânica é muito importante, porque você aprende a trabalhar com quase tudo no que diz respeito à indústria. Não pretendo trabalhar com a parte de indústria, mas caso um dia venha trabalhar, eu já tenho esse conhecimento.
Jornal do Sudoeste: Como é sua rotina?
V.C.V.: Eu estudo em tempo integral. Durante a manhã faço o Ensino Médio no Ditão e a tarde estudo no Senai e a noite ajudo na Ordem DeMolay.
Jornal do Sudoeste: Você prestou o ENEM. Como estão as expectativas?
V.C.V.: Eu pretendo estudar Ciências da Computação, na Unicamp, em Campinas, ou na UfusCar, em São Carlos. São as minhas opções, mas se não der, estudarei por mais um ano e tentarei na próxima. Sempre fui apaixonado por tecnologia, e apesar de nunca ter havido ninguém da minha família que se interessasse por essa área, eu fui aprendendo sobre e vi que era algo que eu realmente gostava, fazias algumas programações, e pensei que seria algo que eu conseguiria seguir. É uma área que só tende a crescer, e é bem disputada.
Jornal do Sudoeste: Como você começou na Ordem DeMolay?
V.C.V.: Tenho um tio que é maçom. Meu irmão já havia sido indicado antes de mim, mas ele não entrou; nesta mesma época, quando ele foi indicado, eu pesquisei bastante sobre o assunto e vi que era algo muito interessante, que buscava fazer jovens melhores. Procurei meu tio e conversei com ele, para ver se ele não me indicaria. Ele chegou a questionar se eu tinha um interesse genuíno, e como eu tinha, ele fez a indicação. Estou na Ordem já há um ano e seis meses. Em julho eu assumi como mestre conselheiro, e estou agora, tentando liderar o capítulo de Paraíso.
Jornal do Sudoeste: Como funciona essa indicação?
V.C.V.: Os próprios DeMolays fazem a indicação de quem eles acham que tem o perfil e também os maçons, já que nossa ordem é paramaçônica. Como na ordem ninguém tem mais poder que ninguém, todas as decisões passam por uma assembleia, e se a maioria votar a favor daquele membro para ele entrar, a pessoa entra. O mesmo aconteceu com o meu cargo, que também foi decidido em assembleia. Com o cargo de mestre conselheiro, agora tenho um pouco mais de responsabilidade para poder cuidar de algumas coisas. Nós somos uma irmandade, e todas as decisões têm que passar por todos.
Jornal do Sudoeste: O que faz o mestre conselheiro?
V.C.V.: Todo mês buscamos fazer uma filantropia e temos que fazer a gestão dentro da ordem, eu defino alguns cargos para que os rapazes possam me ajudar nesta gestão e a realizar ao menos uma ação filantrópica por mês e, também, ajudar a segurar a renda do nosso capítulo. Como somos uma ordem que busca ajudar ao próximo, então nós acabamos tirando dinheiro do próprio bolso para isso, e precisamos ter um caixa para conseguir fazer nossas ações, senão fica impossível realizar o que a gente precisa.
Jornal do Sudoeste: Você é muito jovem. Para 17 anos não é muita responsabilidade?
V.C.V.: São muitas responsabilidades, mas depois que entrei para a Ordem acredito que amadureci bastante, então é uma responsabilidade grande que tento levar da melhor forma possível, dividindo bem o meu tempo para não deixar nada para trás e ficar focado apenas em uma coisa.
Jornal do Sudoeste: Como você consegue manter esse equilíbrio entre família, amigos, a Ordem e vida social?
V.C.V.: Durante a semana eu sou muito focado nos estudos, mas nos fins de semana é um momento que eu tiro para mim. Geralmente no fim de semana saio com alguns amigos, passo um tempo com a família e também resolvo algumas coisas da Ordem na parte da tarde. Porém, grande parte das coisas eu já faço durante a semana e são ações que até mesmo quem está na Ordem não vê, que é realmente a gestão. É no fim de semana que também resolvemos algumas coisas, fazemos nossas ações filantrópicas.
Jornal do Sudoeste: Qual a importância da Ordem na vida de um jovem?
V.C.V.: Na Ordem nós trabalhamos sob sete virtudes: o amor filial, reverência pelas coisas sagradas, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo. Para alguém entrar na Ordem, ela precisa ter pelo menos uma dessas virtudes, quando ela chega à Ordem, nós “lapidamos” essas virtudes. A fase inicial é a fase filosófica, para que esse jovem possa aprender sobre a nossa filosofia e possa sair fazendo o bem para a sociedade e ser visto com bons olhos pelos homens de bem. Tentamos deixar a pessoa mais responsável, para que ela possa ter um bom relacionamento com os pais, amigos e familiares, e que também viva de maneira honesta.
Jornal do Sudoeste: Vocês desenvolvem algum projeto?
V.C.V.: Sim. O maior projeto que temos, e que já vem durando há uns seis meses, é o programa que temos na rádio Apar FM, que é uma rádio comunitária. Nesse espaço falamos um pouco sobre diversos assuntos, independente de qual seja; em um programa mais recente falamos sobre o Enem. Nosso programa é todo sábado. Além desse projeto, buscamos fazer direto jantares beneficentes ou outras ações para arrecadas dinheiro que é destinado à alguma entidade. A APAR FM é sintonizada em 105,7 mhz.
Jornal do Sudoeste: Qual momento marcante você destaca dentro da Ordem?
V.C.V.: Eu diria que novembro de 2018. Dentro da Ordem nós temos dois graus, o grau iniciático e o grau DeMolay. No iniciático é onde você aprende sobre a Ordem DeMolay; o grau DeMolay você é realmente um DeMolay e está passando a sociedade o que isso significa. Em novembro foi quando eu peguei o grau DeMolay, foi muito marcante. Coincidiu com uma fase não muito boa da Ordem, que estava com baixa frequência de membros, e então conseguimos reerguer o capítulo que segue assim até hoje. Foi um período que definitivamente para mim foi muito marcante.
Jornal do Sudoeste: A Ordem completou 100 anos e o Capítulo em Paraíso 20. Qual a importância?
V.C.V.: É muito importante para mostrar como nós somos unidos, independente do tempo. Já se passaram 100 anos desde que a Ordem surgiu, isso lá nos Estados Unidos. Então, ao longo desses 100 anos a Ordem só cresceu e foi agregando mais membros e transformando esses membros em pessoas melhores para a sociedade. Com isso, você percebe que independente do tempo, das dificuldades, a nossa ligação é muito forte e nosso companheirismo é muito grande. E 20 anos do Capítulo em Paraíso, foram anos maravilhosos, com época mais difíceis, porém conseguimos nos manter firmes e prosseguir. Ver um trabalho desse, tão bonito, crescer e resistir ao tempo, é muito emocionante porque você também faz parte daquela história.
Jornal do Sudoeste: Parece que existe a intenção de unificar os Supremos Conselhos da Ordem DeMolay, qual a importância disso?
V.C.V.: Sim. No Brasil, são dois Supremos Conselhos: o Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil e Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil. Isso aconteceu porque a Ordem, que surgiu nos EUA, foi trazido para o Brasil por um maçom em 1980 que espalhou a Ordem pelo país, mas ficou como único “presidente” do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil. Achando essa centralização injusta, foi trazido para cá um novo Supremo Conselho, o Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil. A Ordem é a mesma, não muda nada, apenas que está gerindo lá em cima. Porém, a Ordem percebeu que isso não faz mais sentido. Essa unificação mostra muito mais a nossa união, que não somos separatistas e mesmo que tenha havido desencontros no passado, nós somos todos irmãos.
Jornal do Sudoeste: Você acredita que a Ordem também pode ser um instrumento para guiar o jovem a bons caminhos?
V.C.V.: Eu acredito que poderíamos chamar mais pessoas para conhecer a nossa filosofia, e não “pregar a força”. É um caminho do bem a se seguir. O jovem não precisa ceder a esses maus caminhos para estar inserido na sociedade, você pode ser uma pessoa de bem.
Jornal do Sudoeste: Quais os desafios de ser um jovem de 17 anos?
V.C.V.: Paraíso é uma cidade um pouco limitada para aquele jovem que quer evoluir profissionalmente, e nesse aspecto é muito difícil e você precisa estudar fora. Eu vejo que Paraíso não é uma cidade para quem é jovem, não há nada que atende a esse público. Nós saímos na sexta a noite, e não tem nada para se fazer. É um déficit que há para o público jovem.
Jornal do Sudoeste: Que mensagem você deixa para esses jovens?
V.C.V.: Que apesar desses problemas, que não desistam de Paraíso. A cidade é muito boa, não tenho o que reclamar, embora a falta de entretenimento desanime às vezes. Mas se você quiser buscar evolução profissional, não se limite ao seu lugar, vá atrás dos seus sonhos, qualquer pessoa consegue ingressar em uma universidade pública. Às vezes, esse jovem quer ter uma evolução profissional, mas nada impede que ele faça e volte para morar aqui. E tente conhecer um pouco mais da filosofia da Ordem DeMolay, nem precisa ser DeMolay, mas se você seguir nossa filosofia já estará fazendo um grande bem para sociedade. E se esse jovem tiver realmente vontade de se tornar membro, pode procurar qualquer um da ordem, que tentaremos trazer essa pessoa para dentro da Ordem.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz até aqui?
V.C.V.: Acredito que tenha sido uma trajetória de curiosidade, sempre fui muito curioso sobre o mundo, e sempre quis entender como as coisas funcionavam e o porquê. Sempre estou atrás de explicações de como as coisas acontecem, e é por isso que o estudo é algo realmente muito importante na minha vida, estou sempre buscando informações sobre os aspectos político do Brasil e do mundo, sobre novas descobertas científicas. Sempre busco estar a par de tudo isso. A educação é a base de tudo.