POLEPOSITION

Que corrida foi aquela?

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 24-11-2019 08:18 | 1601
Largada do GP do Brasil, prova que  precisa ser estudada, segundo Ross Brawn
Largada do GP do Brasil, prova que precisa ser estudada, segundo Ross Brawn Foto: Vincent Antonin / FIA

Para se ter ideia do que foi o GP do Brasil no último domingo (17/11), Ross Brawn, hoje diretor da área técnica da Fórmula 1, disse que "a corrida precisa ser estudada"!

Ideias podem nascer e serem incorporadas ao regulamento dos próximos anos com os ensinamentos de Interlagos. Uma delas poderia ser o uso do safety car com mais frequência. Porque embora a prova de Interlagos estivesse interessante com vários pilotos em estratégias diferentes de pneus, foi as duas intervenções do carro de segurança para a retirada da Mercedes de Valtteri Botttas que parou com o motor quebrado, e na sequência após a batida entre as duas Ferrari, que fizeram a corrida pegar fogo de vez.

É comum o safety car entrar na pista sempre que algo coloque em risco a segurança, só nesta temporada foram 16 vezes em 8 corridas, mas em Interlagos foi uma conjunção de fatores que contribuiu para a grande corrida, mais uma que ficará por muito tempo na memória de quem foi ao GP do Brasil, ou assistiu pela TV.

Em primeiro lugar as características da pista paulistana que permite ultrapassagens em vários pontos do traçado de 4.309 metros. Em segundo, a chuva que caiu na sexta-feira e a temperatura baixa nos treinos em que as equipes fazem simulação de corrida, trabalhando mais o acerto do carro para o domingo, foi totalmente oposto ao clima do dia da corrida que teve sol e 48ºC de temperatura no asfalto, contra apenas 24ºC da sexta-feira. E em terceiro porque a própria instabilidade da sexta-feira acabou dando um nó na cabeça dos engenheiros já na pista os pilotos não puderam compreender bem o comportamento dos pneus macios, médios e duros.

Some-se a isso o fato de a Pirelli ter disponibilizado os três compostos mais duros de sua gama de pneus para o asfalto abrasivo de Interlagos, o resultado foi uma corrida movimentada que em determinado momento havia pilotos com pneus macios, outros com médios e outros com duros. Não é comum isso acontecer na Fórmula 1.

Vale lembrar que os pilotos são obrigados a usar dois dos três tipos de pneus em cada corrida. E pode surgir daí ideias para melhorar o nível das corridas. Seria interessante que todos os pilotos tivessem a liberdade de usar o tipo de pneu que melhor encaixe no seu carro, sem a obrigatoriedade de usar dois dos três compostos; ou então que fossem obrigados a usar os três durante as corridas. Outra ideia que poderia ser bem-vinda seria a intervenção do safety car mais vezes durante as corridas, como acontece com a bandeira amarela na F-Indy.

A Fórmula 1 evita ao máximo quebrar o ritmo de corrida, e o carro de segurança é bem menos solicitado do que na categoria norte-americana em que por menor que seja o ocorrido, a bandeira amarela é acionada. Não por acaso as corridas lá são sempre imprevisíveis.

É até estranho pensar nisso somente agora, mas não deixa de ser uma ideia, afinal, tudo que possa ser agregado para melhorar o espetáculo é sempre bem-vindo.

E o saldo do frenético GP do Brasil foi que pela primeira vez desde a introdução da Era híbrida, em 2014, nenhum piloto de Mercedes e Ferrari subiram ao pódio. Lewis Hamilton recebeu a bandeirada em 3º, mas foi punido por ter tirado Alexander Albon da corrida, e caiu para 7º. O terceiro lugar foi herdado por Carlos Sainz Jr que largou da última posição. Max Verstappen (vencedor), Pierre Gasly (2º) e Sainz formaram o pódio com a menor média de idade da história da F1 com 23 anos, 8 meses e 13 dias.

Etapa Tuka Rocha
A Stock Car batizou a rodada dupla deste final de semana, em Goiânia, de "Etapa Tuka Rocha", em homenagem ao ex-piloto da categoria, morto no último domingo em decorrência de um acidente aéreo no interior da Bahia. Tuka, 36 anos, que saiu dos destroços do avião em chamas e voltou para salvar a vida de uma criança, sofreu sérias queimaduras em 80% do corpo e inalou muita fumaça, não resistindo à tragédia.