2019 foi a temporada mais longa da história da Fórmula 1 com 21 corridas. Então o melhor a se fazer é dividir a retrospectiva em três partes. Nos dois próximos sábados trarei as outras duas partes.
Depois de uma pré-temporada animadora em que a Ferrari passou a ser vista como a equipe a ser batida - ela mesma previa ser 0s5 mais veloz que a Mercedes, logo na abertura do campeonato, na Austrália, ficou provado que o tiro havia saído pela culatra. Lewis Hamilton fez a pole com Valtteri Bottas largando da primeira fila, confirmando o domínio da Mercedes nos treinos de sexta-feira, e já de cara jogando um balde de água fria nas expectativas de um campeonato diferente.
Foi uma corrida monótona que teve a vitória de Bottas com Hamilton em 2º, e para piorar, a última vaga do pódio ficou com Max Verstappen, da Red Bull, à frente dos dois ferraristas, Sebastian Vettel e Charles Leclerc.
Mas na segunda prova do ano, no Bahrein, veio a reação da Ferrari que fez bom uso dos pneus no calor do deserto de Sakhir. Dobradinha dos carros vermelhos no grid com Leclerc anotando a primeira pole da carreira. E o monegasco teve a corrida sob controle até a volta 46 quando relatou pelo rádio algum problema estranho no motor. Não era só estranho. Era grave, o motor não recuperava energia, e duas voltas depois Hamilton assumiu a ponta e venceu, com Bottas em 2º, em mais uma dobradinha da Mercedes. Restou a Leclerc o consolo do 3º lugar, seu primeiro pódio na F1, já que Vettel fez lambança, rodou sozinho e só terminou em 5º.
Na China e Fórmula 1 atingiu a marca de 1.000 Grandes Prêmios, desde 1950. Mas não foi uma corrida à altura do significado do número redondo. Foi monótono, e ainda que não bastasse, a terceira dobradinha da Mercedes com Hamilton e Bottas fazendo 1-2, e Vettel desta vez em 3º.
Pra não perder a conta, no Azerbaijão outra dobradinha dos carros prateados, agora com Bottas fechando à frente de Hamilton numa corrida em que a Ferrari se perdeu na estratégia. Na metade da prova, uma cena de pastelão protagonizada por Daniel Ricciardo (Renault) que se enroscou com Daniil Kvyat (Toro Rosso), deu ré e acertou o russo(!).
E só dava Mercedes para desespero de quem apostava num campeonato equilibrado. A sorte era que Bottas não estava deixando Hamilton escapar na classificação, já que na Espanha foi outra dobradinha da dupla, com Hamilton em primeiro.
Meio às corridas tediosas, o GP de Mônaco foi bastante movimentado, com Hamilton sofrendo como condenado com os pneus e na última volta escapando ileso de uma disputa roda a roda com Verstappen, em que chegaram a se tocar. O inglês venceu, mas desta vez a Mercedes não fez dobradinha por um erro da própria equipe que parou os dois pilotos na mesma volta para troca de pneus logo no início, e fez com que o finlandês perdesse terreno, terminando apenas em 3º, ajudado pela punição de Verstappen (2º) no toque com Hamilton. Vettel herdou o 2º lugar e coube ao holandês a 4ª posição.
E na última prova da primeira parte da nossa retrospectiva, Vettel venceu, mas não levou, e ainda rendeu uma das cenas mais pitorescas do ano. O alemão falava ao rádio com o engenheiro quando escapou da pista na volta 48, retornou ao traçado defendendo a posição, mas os comissários entenderam que Vettel fechou Hamilton e lhe e aplicaram 5s de punição, caindo para 2º. A caminho do pódio, Vettel ironizou ao trocar as placas de número 1 colocada à frente da Mercedes pela número 2. Hilário!
Hamilton liderava o campeonato com 162 pontos, seguido de Bottas (133), Vettel (100), Verstappen (88), Leclerc (72).