A segunda parte da retrospectiva começa com um sinal de alerta para a F1 no sonolento GP da França. É possível afirmar com segurança que foi um dos piores GPs de todos os tempos. O campeonato vinha apresentando corridas monótonas, mas na França levantou dúvidas em torno do futuro da categoria. Só para registro, foi a 6ª dobradinha da Mercedes, com Hamilton em primeiro.
Mas por ironia, ou por conta de “pistas de verdade”, a partir dali engrenou-se uma sequência de corridas boas, algumas memoráveis, até o final do campeonato. A começar pelo GP da Áustria, excelente prova que marcou a primeira vitória dos motores Honda em seu retorno à F1, com Max Verstappen, da Red Bull. A prova foi marcada por várias disputas e a mais acirrada entre o próprio Verstappen e Charles Leclerc, roda a roda, na penúltima volta, em que Verstappen acabou jogando o adversário para fora da pista. Leclerc ficou em 2º, com Bottas em 3º, seguidos por Vettel e Hamilton que precisou trocar a asa dianteira.
Na sequência, o GP da Inglaterra, foi memorável, e com nova disputa roda a roda entre Verstappen e Leclerc pela 3ª posição, até que o safety car entrou na pista e na relargada os dois continuaram ‘trocando tintas’, mas desta vez foi Leclerc quem colocou o holandês para fora da pista. Mais tarde, em disputa acirrada com Vettel, o alemão da Ferrari errou e encheu a traseira da Red Bull de Verstappen. Hamilton venceu mais uma vez, com Bottas em 2º, mas nem de longe lembrou o marasmo de provas anteriores.
Memorável também foi o GP da Alemanha, um dos melhores do ano, que teve de tudo um pouco. Começou com chuva, a pista melhorou, voltou a chover e desta vez a Mercedes fez lambança. Hamilton rodou, perdeu a asa dianteira, atravessou a pista ignorando regras de segurança para entrar nos boxes e os pneus não estavam prontos(!) para a troca. Na mesma curva, Leclerc já havia batido antes, e Bottas iria bater mais tarde. Foi tão caótico que até Lance Stroll chegou a liderar algumas voltas, mas foi Max Verstappen quem venceu a prova que rendeu o único ponto da Williams no campeonato graças a desclassificação dos dois carros da Alfa Romeo por irregularidades na embreagem, promovendo Robert Kubica à 10ª posição.
Antes da pausa para as férias de agosto, o GP da Hungria também entrou para o rol das boas provas do ano, e numa pista que não é lá essas coisas. A essa altura a Ferrari perdia forças para a Red Bull. Verstappen fez a pole, mas enfrentava falta de aderência com os pneus: “Eu vou falar pela última vez: estou perdendo aderência”, gritou com o engenheiro pelo rádio. Do outro lado, Hamilton falava para o engenheiro: “meus pneus estão muito bons”. Foi a tônica da prova num asfalto que comia os pneus. Na volta 66 Verstappen bradou novamente pelo rádio: “meus pneus acabaram”, e Hamilton nem teve trabalho para assumir a ponta e vencer pela oitava vez no ano.
No retorno das férias, um terrível acidente que resultou na morte de Anthoine Hubert na corrida de F2, chocou a F1 na Bélgica. Na largada, Verstappen bateu, mas o que chamava atenção era a velocidade da Ferrari. Leclerc e Vettel largaram da primeira fila e dominaram o GP até a volta 32 quando os pneus de Vettel acabaram e Hamilton assumiu a 2ª posição. Leclerc venceu, com Hamilton em 2º e Bottas em 3º. Vettel terminou em 4º.
Na casa da Ferrari, em Monza, pista mais rápida do calendário, o anticlímax marcou a parte final do treino de classificação quando ninguém quis abrir volta rápida para não dar o vácuo para o adversário. Leclerc fez a pole e venceu a corrida. Vettel que fez lambança no começo da prova ao rodar sozinho e acertar Lance Stroll, acusou o companheiro de equipe ao não abrir volta rápida no treino para não retribuir com o vácuo. Estava declarada a guerra entre os pilotos da Ferrari que mais adiante chegaria ao extremo, em Interlagos.
Hamilton seguia firme na liderança com 284 pontos, contra 221 de Bottas e 185 de Verstappen.
A coluna POLE POSITION deseja Feliz Ano Novo a todos os leitores do JS