UFLA PARAÍSO

Reitor da UFLA explica motivos que ainda não permitiram processo seletivo e início das aulas

Por: João Oliveira | Categoria: Educação | 15-01-2020 08:46 | 5318
Foto: Nelson de Paula Duarte/Jornal do Sudoeste

O reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), professor José Roberto Soares Scolforo, em entrevista ao Jornal do Sudoeste, falou sobre a atual situação do campus da universidade em São Sebastião de Paraíso a as razões que ainda impedem a instituição de iniciar as aulas neste primeiro semestre de 2020. A expectativa era de que ainda em 2019 pudesse haver vestibular, no entanto todos os planos da Universidade foram frustrados tendo em vista questões referentes à mudança de governo e legislação.

Conforme recorda Scolforo, no segundo semestre de 2018, quando o processo foi aprovado e os códigos de vagas para professores tinham sido acertados com o Ministério do Planejamento e o Ministério da Educação, descobriu-se que a lei de responsabilidade fiscal impedia que um governo pudesse criar despesas novas para o governo subsequente. Então, diante disto, a UFLA aguardou a troca do governo para ver como se dariam as novas tratativas já que, conforme destacou, como tudo já havia sido aprovado por governos, foram aprovações de estados, que transcendem governos e partidos políticos.

"Em 2019 realizamos diversas reuniões, mas duas foram muito importantes. A primeira realizada em março, que contou com a presença do Ministro da Economia, Paulo Guedes, do atual presidente do Sebrae, Carlos Melles, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) à época, professor Mauro Rabelo. Nesta reunião nos foi garantido que as vagas para professores seriam disponibilizadas depois da aprovação da reforma da previdência, era a condição para que o ministro Paulo Guedes nos concedesse as vagas tanto de docentes, que são 66, quanto de técnicos, que são 60, embora no plano do MEC elas seriam parceladas".

Tudo isto, conforme apontou o reitor, aconteceria após a reforma da previdência, que foi homologada no final do ano. Segundo ele, nova reunião foi realizada no final de 2019, no Ministério da Economia, onde ficou acertado que o MEC faria remanejamento de vagas e que isso se dará até abril deste ano, para que só então a UFLA possa realizar o concurso para suprir a necessidade de professores efetivo no campus da universidade em Paraíso.

"O trabalho da universidade está sendo feito de uma forma bem intensa, mas as reformas estruturais feitas no país e a legislação têm gerado atraso na questão de pessoal. Vale salientar ainda que sobre essa questão houve mudança nas regras de concurso e que o governo ainda publicará quantas vagas cada universidade vai poder ter esse ano de 2020, seja de técnicos, seja de docentes, incluindo vagas novas. No nosso caso o compromisso é que existam as vagas sim para Paraíso", afirma.

Outra mudança que aconteceu, conforme explica Scolforo, é que depois que houver essas vagas, serão abertas as inscrições e, após todo esse processo,  o concurso só poderá se realizar 120 dias após fechado as inscrições, antes acontecia o contrário: o concurso tinha que acontecer até 120 dias após publicação do edital.

"Somos muito responsáveis. Os cursos que foram planejados para o município vão acontecer, porém as datas que havíamos previsto, não aconteceram conforme o planejado já que foram estipulados conforme tratativas com o governo, mas infelizmente legislações e estratégias de reformas que foram implementadas, e que ainda outras serão imple-mentadas, fizeram com que houvesse uma mudança de cronograma por parte do governo", explica o reitor.

Scolforo ressalta que todas estas questões acabam fazendo com que a instituição não comece as aulas se não tiver sido garantido os profissionais efetivos para trabalhar no campus. "Não vamos ser irresponsáveis de começar um curso com professores adaptados, nós queremos começar os cursos com professores efetivos, que vai garantir aquilo que a Universidade Federal de Lavras preza: segurança. Transparência, honrar dos compromissos e principalmente qualidade do ensino. Por isso ainda não aconteceu nenhum processo seletivo e não acontecerá enquanto não realizarmos os concursos", ressalta.

Conforme o reitor, 2020 é um ano de muitas reformas e a instituição já recebeu documentos do MEC sobre, conforme citado por ele, de que cada universidade vai ter uma cota para contratação de docentes e de técnicos. "Isso pensando nas substituições de docentes e técnicos por aposentadoria, o que significa que não sabemos qual é o percentual: se vai ser 100% ou se vai ser um número inferior. Mas verdadeiramente existe o compromisso de que até abril receberemos os códigos de vagas do governo, conforme definido em última reunião".

Scolforo pondera que se isso se concretizar, tão logo será aberto concurso para a contratação desses docentes para que assim a UFLA possa oferecer ou um vestibular específico ou aproveitamento do Sistema de Seleção Unificado do Ministério da Educação.

OBRAS
As obras do campus da Ufla, conforme ressalta o reitor da instituição, continuam a pleno vapor e algumas estão bastante adiantadas. "São nove obras, algumas já estão ficando concluídas e outras ainda não, já que o cronograma delas é um pouco mais longo, mas o campus vai ficar integralmente pronto, inclusive os recursos da biblioteca que nós havíamos perdido porque a empresa desistiu da obra, voltou ao erário e nós conseguimos novos recursos e empenhados 100% desta obra, ou seja, todas as nove obras estão 100% empenhadas, dinheiro 100% garantido e o campus continua acontecendo com a lógica que é inerente à universidade", conta.

Segundo Scolforo, este é o indicativo mais do que claro que os cursos vão acontecer. "No entanto os compromissos do governo foram adiados e nós temos que entender isso, eu entendo isso com clareza e estou obedecendo à resolução do Conselho Universitário (CUNI), de que nós só devemos começar as atividades em São Sebastião do Paraíso quando tudo estiver concedido, ou seja, as obras (que já foram), os docentes e técnicos, que ainda não foram concedidos conforme motivos já explicados pelo reitor.

"Nós estamos trabalhando muito. As pessoas de São Sebastião do Paraíso podem ter a certeza da responsabilidade que nós temos. Nós não estamos falando de uma escolinha qualquer, estamos falando de uma das melhores universidades do Brasil, do que há de melhor neste país e não é à toa que nós somos o que há de melhor nesse país. E somos porque temos muita responsabilidade.  A expectativa era de que começasse em 2019, e por isso foi desocupado um prédio da Prefeitura, a qual tenho que elogiar por ter sido tão solícita. Ela em nenhum momento tomou uma decisão irresponsável, pelo contrário, teve uma ação de vanguarda na busca de atender aos anseios da população e os anseios da UFLA", ressaltou.

Entretanto, conforme o reitor da Ufla, houve questões legais e administrativas que impediram que as aulas pudessem começar. "É uma questão trabalhosa e nós não abrimos mão da qualidade do ensino. Este é um projeto pautado na qualidade e uma qualidade tão fantástica que verdadeiramente vai mudar a face da região de Paraíso dentro de algumas décadas. É um processo lento, gradual, consistente e firme, e que não promove mudanças dentro de um, dois ou três anos, mas décadas. Nós estamos trabalhando o tempo inteiro para que esse sonho de Paraíso e nosso seja realizado, mas dentro dos padrões de qualidade da UFLA, que são tão inerentes a nossa instituição", completa.

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