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Donovan Navarro: Um empresário decidido a levar para os lares a paixão das receitas familiares

“Ninguém consegue conquistar grandes coisas sozinho”
Por: João Oliveira | Categoria: Entretenimento | 13-02-2020 10:29 | 1804
Donovan Navarro, idealizador do Siri na Roça
Donovan Navarro, idealizador do Siri na Roça Foto: J. Gustavo

O empresário e músico Donovan Eduardo Navar-ro, mudou-se para Paraíso há pouco mais de dois anos. Aqui, em uma conversar informal, resolveu comercializar frutos do mar e, o que se tornou a princípio uma tenda na Feira do Cristo Rei, hoje é uma indústria do ramo alimentício que vem crescendo e ganhando destaque: o Siri na Roça. Filho do músico e compositor Osmar Navarro (já falecido) e de Maxilene dos Santos Graça Ribeiro, mais conhecida como Leinha, Donovan é casado com a Stephanie e pai da pequena Pietra. Hoje, ao lado dos sócios Aline Figueiredo e Emerson Maia, decidiu fincar as raízes em Paraíso e levar para os lares o sabor daquilo que começou como uma simples ideia e que vem ganhando o gosto do público.

Jornal do Sudoeste: Você é de Santos, como surgiu Paraíso na sua vida?
D.E.N.: Meu padrasto, o cardiologista Adelmarcio Marinzeck, é daqui de Paraíso. Tanto ele quando minha mãe, sempre ficaram entre Paraíso e Santos e, entre essas idas e vindas, em dado momento da vida, resolvi mudar de vida, ter uma vida mais tranquila e pacata e resolvi me mudar para Paraíso. Aqui, já moravam meu padrasto e minha mãe, então havia esse suporte emocional. Viemos, eu minha esposa, a Stephanie, e criamos o “Siri na Roça”.

Jornal do Sudoeste: Então você decidiu empreender em um novo negócio, como foi esse processo?
D.E.N.: Nós estávamos na Feira do Campão, onde junto com minha mãe e meu padrasto tomávamos um chopp. Em dado momento, minha mãe perguntou como seria se tivesse uma tendinha comercializando casquinhas de siri, ao lado da tendinha do chopp, seria algo muito bacana. Fiquei pensando naquilo e, então, decidi procurar o Márcio, que é presidente das Feiras, e o chefe do departamento da Agricultura da Sedeagro, o Marco Aurélio, e expus as ideias de comercializar na feira casquinha de siri, bolinho de bacalhau e camarão, tendo em vista que sou de Santos. A ideia era trazer essas iguarias, pensando que não é o habitual do mineiro. Era um novo desafio.

Jornal do Sudoeste: E como surgiu a ideia do nome?
D.E.N.: Já vislumbrando um cenário futuro, onde transformaria em um produto, pensei que teria de ser algo bacana e que tivesse tudo a ver com a região. Durante essa minha convivência aqui, percebi que todo mundo fala muito em “roça”, parecia-me um nome muito bom e, como a ideia do produto era a casquinha de siri veio o “Siri na Roça”. A princípio, transformamos isto em uma tenda, graças ao Márcio, que nos abriu as portas e ao Marco Aurélio, acreditou no projeto e nos cedeu um espaço dentro da associação dos feirantes, colocando a tenda do Siri na Roça na Feira do Cristo Rei, que acontece todas as sextas-feiras. Para nossa surpresa, houve muito interesse. O mineiro também come frutos do mar, talvez seja difícil o acesso e passamos a viabilizar o acesso a isto.

Jornal do Sudoeste: Você sempre foi empreendedor assim?
D.E.N.: Sim, sempre. Eu trabalhei praticamente a minha vida inteira com música. Meu pai, Osmar Navarro, foi músico e compositor, autor de inúmeras composições, dentre elas “A namorada que sonhei” e “Quem é”, esta última tema na novela Estúpido Cupido de 1976, ano que nasci, e posteriormente regravada pela Hebe Camargo, outra musica de muito sucesso tbm , ¨A mais bonita das noites ¨gravada por Chitaozinho e Xororó em 1987. Osmar Navarro (meu Pai) foi diretor artístico por 35 anos da RCA, então através dele a minha vida sempre foi entorno da música. Com pouca idade, aos 9 anos, eu apresentava um programa infantil de um personagem que eu criei chamado Palhaço Karamello, e posteriormente iniciei no ramo musical e comecei a cantar, fiz muitos bares, festas, casamentos, uma infinidade de trabalhos dentro da música.

Jornal do Sudoeste: Como foi essa infância, tendo por perto essa figura de um pai famoso?
D.E.N.: Foi uma infância muito bacana, e tive o privilégio de conhecer grandes nomes da nossa música, entre eles o Agnaldo Rayol, Agnaldo Timóteo, Sérgio Reis, Jair Rodrigues, Altemar Dutra, Vanusa, Antônio Marcos, Wilson Simonal, enfim, eram pessoas que frequentavam minha casa por conta da atividade do meu pai. Foi uma infância bem tranquila e normal, apesar de muitos compromissos na parte artística. Foi uma infância feliz, porém diferente das crianças com as quais eu me relacionava, que só iam para a escola, faziam a lição de casa e depois ia para o Karatê, ou Judô, ou Balé. Meus finais de semana era trabalhando.

Jornal do Sudoeste: Sua relação com a música sempre foi inata ou você chegou a estudar música também?
D.E.N.: Não fiz nenhuma formação acadêmica, a música sempre foi muito intuitiva para mim. Logicamente, com o fato do meu pai ser da área acabei frequentando o meio, acho que sou, o que se pode dizer, um produto do meio. As coisas foram acontecendo de forma bem natural.

Jornal do Sudoeste: Como foi sua chegada a Paraíso?
D.E.N.: Foi muito bom, eu já frequentava Paraíso, principalmente nos carnavais, quando eu vinha para a casa do meu padrasto e da minha mãe. É uma cidade muito acolhedora e já tenho grandes amizades que vêm de anos, apesar de eu estar aqui há dois anos e meio, sempre frequentei o município e consegui constituir algumas amizades importantes. O povo paraisense é acolhedor, hospitaleiro e foi a cidade que escolhi, inclusive, para ter minha filha. Paraíso caiu como uma luva, tanto para empreendermos nessa indústria que se tornou o Siri na Roça, quanto para criar os filhos. Esse modo de vida mais pacato, foi o que me trouxe à Paraíso.

Jornal do Sudoeste: Foi muito difícil deixar a música e tentar esses novos caminhos?
D.E.N.: Não, porque a música não me deixa. Inclusive estive recentemente em Cássia dos Coqueiros, onde cantei no aniversário da dona Paraisina, que é paraisense e foi comemorar o aniversário naquela cidade. Hoje, eu não busco mais nada dentro da música, mas a música me busca. E, eventualmente, faço algumas apresentações com muito amor e como se fosse a primeira vez.

Jornal do Sudoeste: Como você sentiu o cenário artístico nesses dois anos?
D.E.N.: Paraíso tem pessoas incríveis, principalmente na parte musical cito os amigos Santana e Vianna, por exemplo. Já frequentei alguns barzinhos aqui e noto que há pessoas muito talentosas. Logicamente que aqui está muito ao sertanejo, diferente de onde eu venho, onde é tudo mais globalizado e há um espaço muito grande para o Forró, Samba, Sertanejo e MPB, é mais pulverizado. Aqui já acho mais bairrista no sentido de predominar o sertanejo.

Jornal do Sudoeste: Você encontrou alguma dificuldade em empreender aqui em Paraíso?
D.E.N.: Empreender de modo geral, seja ele qual for, é muito difícil no Brasil, e um desafio sem dúvida nenhuma. É uma tarefa árdua, porém temos como missão fazer bem-feito. Nossos produtos são feitos para o meu consumo e da minha família, e é isso que queremos levar para as pessoas. Hoje, nosso produto passa pelo processo industrial, mas com o conceito artesanal. A nossa receita continua sendo aquela que a minha vó e que minha mãe fazia. Um dos nossos produtos, que é a casquinha de siri, é uma receita da minha mãe fazia em datas comemorativas. Esse conceito de receita familiar, é algo que decidimos trazer para a empresa.

Jornal do Sudoeste: Você sempre cozinhou?
D.E.N.: Sempre. Eu fui morar sozinho quando ainda era muito jovem, tinha 18 anos, e quando você mora sozinho, você tem que saber se virar. Logicamente, sempre observei minha mãe, que é uma cozinheira de mão cheia. E claro que, observando e tendo esse contato, você aprende a fazer quando é preciso. Há também o fato de você ter certa noção do que está fazendo, porque eu mesmo não tenho nenhum curso de gastronomia, foram receitas que fomos desenvolvendo observando nosso paladar. É claro que hoje temos uma nutricionista, porque mesmo sendo um produto com esse toque artesanal, é um produto de prateleira e temos essa preocupação. Também temos os certificados da Vigilância Sanitária, então tudo mudou.

Jornal do Sudoeste: Vocês pretendem ampliar os negócios?
D.E.N.: A expansão já é um processo, tanto que tenho parceiros representando o produto fora da cidade, em Alpinópolis, Campinas, Poços de Caldas, em Santos, então nossa cabeça já está voltada para pulverizar no Brasil inteiro, por que não? É um produto muito bom, modéstia parte. É um produto que nós cuidamos. É uma empresa administrada pela família, que foi idealizada por mim e minha esposa, depois teve a colaboração da minha sócia, comadre e madrinha da minha filha, a Aline Figueiredo e seu marido o Emerson Maia. É uma empresa que, daqui a 50 anos, nossos filhos irão continuar tocando o barco. Então, nosso objetivo, é que as pessoas vejam que este é um produto fruto de muito amor, que nós consumimos em nossos lares e queremos levar para as outras pessoas.

Jornal do Sudoeste: Qual é balanço que você faz dessa caminhada toda?
D.E.N.: A minha vida, posso dizer que é mágica. Momentos de dificuldade, todo ser humano passa e comigo não foi diferente. Não venho de berço de ouro, apesar de ter tido um pai com grande expressão artística e até bem resolvido financeiramente. Não vivi no luxo e nada disso, muito pelo contrário, tudo foi conquistado a base de muito trabalho. A minha vida foi envolvida, primeiramente com Deus me iluminando e mostrando caminhos; e estar rodeado de pessoas do bem. Ter pessoas boas ao seu lado, fatalmente você vai se tornar uma pessoa boa e vai obter êxito. Ninguém consegue conquistar grandes coisas sozinho.  A ajuda mútua é importante e ter alguém que acredita em seus sonhos é muito importante. Sempre tive aqueles que me ajudaram, e atualmente não é diferente. O projeto Siri na Roça foi idealizado por nós, e hoje é divido com a Aline e o Emerson, que nos estenderam a mão no sentido de acreditar no projeto. Estamos trabalhando, conquistando clientes que acabam se fidelizando e se tornando nossos amigos, e assim tudo vai fluindo. Estamos muito confiantes. Já deu certo e agora é trabalhar, tornar a marca conhecida e fazer com que as pessoas passem a consumir como nós consumimos em nossa casa: com qualidade e carinho, que é nossa missão.