Querido leitor, achou mesmo que esta coluna não apareceria mais por aqui? Eis que, após um período de férias, aqui estamos! Confesso que às vezes acho mesmo que a escrita funciona como falou Clarice Lispector, em uma de suas entrevistas – aliás, se bem me lembro, foi naquela famosa última entrevista concedida por ela, em 1977 – de vez em quando ela escrevia tanto que se sentia vazia, precisava de um tempo para se reabastecer de pensamentos e histórias para só então voltar a escrever.
Obviamente, não estou me comparando à grande Clarice, mas reconheço que para mim, a escrita também funciona assim. Como sou professora universitária, durante o ano letivo, escrevo muito. Além dos textos que circulam por aqui, há vários outros que escrevo para os compromissos acadêmicos e esses exigem leituras densas, nada que se aproxime das leituras que eu costumo chamar de “leituras de lazer”. Por isso, no fim do ano, na maioria das vezes, sinto-me exaurida! Preciso viver outras experiências e, principalmente, dar-me o prazer das minhas leituras literárias. É delas que escolhi falar hoje.
Nas últimas férias, presenteei-me com três leituras que foram bastante especiais para mim e que me atrevo a recomendar. Calma, não vou dar spoiler, afinal, minha intenção é que você leia essas obras. Ainda em dezembro, li um livro chamado O arroz de Palma, escrito por Francisco Azevedo. A narrativa conta a história de uma família de origem portuguesa por meio de um texto fluente, permeado por diálogos significativos e muitos ensinamentos; para mim, este livro ensinou a reconhecer que, por muitas vezes, “família é um prato difícil de se preparar”; ao longo da história, você vai vendo que isso faz todo o sentido, não somente naquele enredo, como também nas nossas próprias vidas.
Logo depois das festas natalinas, fui capturada pela leitura do romance Jane Eyre, de Charlotte Bronte. Tenho que lembrar que as irmãs Bronte são três – Anne, Emily e Charlotte; todas têm seus méritos dentro da literatura de língua inglesa. Eu só havia lido O morro dos ventos uivantes, escrito pela Emily, que também foi poetisa; da Charlotte, nunca tinha lido nada. Ah, que obra maravilhosa! Se você está precisando se inspirar em uma mulher capaz de lutar contra tudo e contra todos, inclusive contra seus próprios desejos para não manchar seu caráter, leia Jane Eyre! Posso contar que essa leitura foi tão arrebatadora que fez com que o João (esse mesmo que trabalha aí no Jornal do Sudoeste) e eu quase fechássemos o Café da Fonte num fim de tarde. Explico-me: como ele é que me emprestou o livro, claro que depois de eu ler, nos encontramos para discutir cada um dos detalhes da obra e isso rendeu uma longa conversa regada a café e capuccino.
Por último, mas não com menos prazer, dediquei-me ao meu gênero preferido: o romance policial. Na literatura francesa, há um autor desse gênero que vem sendo bastante reconhecido: Michel Bussi. Em 2018, li desse mesmo autor o policial chamado Ninfeias negras e me apaixonei pela forma como ele constrói o suspense na narrativa. Dessa vez, o escolhido foi O voo da libélula, uma história intrigante que envolve um acidente de avião e duas crianças, uma delas morre, a outra sobrevive. Se quiser descobrir o que isso tem de tão intrigante, leia!
Então, já que estou reabastecida por leituras deliciosas, é hora de voltar a escrever. Para o espaço desta coluna, em 2020, planejei escrever mais sobre literatura! Vou soltar a língua e falar de obras, de enredos polêmicos – então, você já deve imaginar que não tem como não falarmos de Capitu e Bentinho – e também de algo que se tornou um grande incentivador de leitura: os clubes de leitura, inclusive, esse será o tema de nosso próximo texto. Até lá e boas leituras!
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Michelle Aparecida Pereira Lopes é uma professora apaixonada pelas Letras. É doutora em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ministra as disciplinas relacionadas à Língua Portuguesa na Universidade do Estado de Minas Gerais, UEMG - Unidade Passos. Também ensina Gramática no Ensino Médio e Cursinho do Colégio Objetivo NHN, Passos.