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Qualquer coisa

Por: Fernando de Miranda Jorge | Categoria: Cultura | 22-02-2020 09:44 | 2230
Fernando de Miranda Jorge
Fernando de Miranda Jorge Foto: Reprodução

Não gosto deste termo "qualquer coisa". Não afirma nada, não é incisivo em nenhuma escolha. Falta poder de afirmação. E isto é péssimo, principalmente em gente indecisa.

Às vezes aceita uma condição que não a satisfaz. Veja só, o cantor e compositor baiano Caetano Veloso, como arranha tudo: qualquer coisa, esse papo seu, já tá qualquer coisa, mexe qualquer coisa dentro, doida, já qualquer coisa dentro mexe, deixe de manha, meça tamanha! Esse papo seu já tá de manhã! Quero que você ganhe. 

Acabou sem terminar. Perceberam? Doido demais. Qualquer coisa mais. Alguma coisa indeterminada. Alguma coisa: algo, certa coisa, um tanto, um quê, alguma quantidade, o que quer que seja: seja o que for tudo aquilo que, tudo quanto. Cante qualquer coisa, fale qualquer coisa, escreva qualquer coisa, dance qualquer coisa, compre qualquer coisa, tanto faz. Qualquer coisa que sonhara, pode dar ou não dar certo.

Mas que coisa! Ainda bem que existem outras coisas: saudade, por exemplo, não é uma coisa qualquer: saudade de um amigo, saudade de um salgado, daquele doce, não é qualquer coisa. Uma linda história de amor não é uma coisa qualquer. Enfim, qualquer coisa tem que ser outra coisa qualquer.

Fernando de Miranda Jorge - Acadêmico Correspondente da APC / Jacuí/MG