LÍNGUA SOLTA

Clubes de leitura

Por: Michelle Aparecida Pereira Lopes | Categoria: Cultura | 29-02-2020 08:48 | 974
Michelle Aparecida Pereira Lopes
Michelle Aparecida Pereira Lopes Foto: Reprodução

Olá, querido leitor! No texto anterior prometi que falaríamos sobre os clubes de leitura e, como promessa (dizem) que é dívida, neste texto é sobre isso que falarei.

Se você é uma daquelas pessoas que, assim como eu, adora ler e que, depois de ler uma obra, quer sair falando dela para todo mundo, pedindo opiniões, levantando questões sobre as ações das personagens e muito mais, então, você está capacitado a criar um clube de leitura, ou mesmo participar de um. Um clube de leitura nada mais é que uma reunião organizada e mais informal para discussão de obras literárias. Ficou interessado nessa ideia? Olha só como é fácil criar um clube de leitura:

Comece definindo um perfil para o seu clube, ou seja, defina que tipo de obras serão lidas. Por exemplo, podem ser os clássicos de determinado período literário, ou de determinado autor; podem ser obras de autores contemporâneos, ou de um determinado local – só brasileiras, só inglesas, só literatura de origem africana, etc.; podem ser também obras escritas apenas por mulheres, apenas por autores jovens. Outro ponto a se considerar para a definição do perfil de um clube também pode ser o gênero, por exemplo, somente romances policiais (meus preferidos!), somente contos, somente poesias, somente ficção científica...

Definido o perfil, pense qual será o melhor lugar para que as reuniões aconteçam: num café da cidade, na casa de alguma pessoa do grupo, numa livraria, numa lanchonete... Às vezes, no final de cada reunião rola um bolinho, um café, uns salgadinhos! Comes e bebes são sempre muito bem-vindos aos encontros!

Em seguida, combine com os demais membros uma data fixa para os encontros e com qual periodicidade eles acontecerão. É sempre bom considerar que a maioria das pessoas hoje em dia tem muitas obrigações e por isso, é legal dar um prazo que possibilite que todos tenham realmente lido a obra. Definam, por exemplo, encontros nas primeiras sextas-feiras do mês. O prazo de 30 dias para alguém ler uma obra costuma ser suficiente; mais do que isso, cria um espaço muito grande entre os encontros e isso pode ser meio desmotivante.

Todo clube de leitura precisa de um mediador, que é a pessoa que vai dar início às discussões, vai colocar as questões a serem comentadas, vai levar trechos da obra anotados para ler e, assim, instigar os outros a falarem sobre a leitura que fizeram. O mediador não precisa ser necessariamente o criador do clube; uma ideia é que o mediador possa mudar a cada encontro. Desse modo, todos podem ter a chance de iniciar uma discussão, de comentar mais a fundo uma ideia que teve em algum trecho. O que ninguém pode esquecer é que no clube, todas as opiniões, sejam favoráveis ou não, devem ser consideradas e, sobretudo, respeitadas.

Com tudo isso definido, é hora de começar a divulgar o clube entre os amigos, na escola, no trabalho. Um bom caminho é fazer a divulgação nas redes sociais. Eu sugiro que o criador do clube tenha um e-mail para receber uma espécie de inscrição daqueles que não o conhecem, mas que se interessaram; isso impede que alguém novo chegue e não se sinta à vontade. Ah, também sugiro que os interessados em participar de um clube também mantenham o firme propósito de ler a obra e participar das discussões do grupo, porque não é nada legal ir ao encontro do clube de leitura para bater papo sobre outros assuntos. Quanto ao número de pessoas, o ideal é que esteja 5 e 15 membros.

Em São Sebastião do Paraíso, sei da existência do clube “Leia mulheres”, do qual conheço alguns membros, mas nunca pude participar de nenhuma discussão, até agora, não por falta de vontade, mas por conta de desencontros de datas. Sei que as discussões nesse grupo são muito enriquecedoras. Em Passos, participo do clube “Livretras”, cujo perfil é a leitura de obras literárias contemporâneas; nosso clube foi fundado por uma aluna do Curso de Letras da UEMG, que é a nossa mediadora. Nossas reuniões são mensais e sempre saio delas vislumbrando diversas outras possibilidades de leitura para a obra lida. Isso é o mais fantástico em um clube de leitura: abrir um horizonte de possibilidades ao leitor, afinal, costumamos ler algo a partir de nossas próprias concepções e, quando o mesmo é exposto por aqueles que podem ter concepções diferentes das nossas, ah!, como isso nos enriquece!

E aí? Que tal você conversar com uns amigos e fundar mais um clube de leitura em Paraíso?

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Michelle Aparecida Pereira Lopes é uma professora apaixonada pelas Letras. É doutora em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ministra as disciplinas relacionadas à Língua Portuguesa na Universidade do Estado de Minas Gerais, UEMG - Unidade Passos. Também ensina Gramática no Ensino Médio e Cursinho do Colégio Objetivo NHN, Passos.