OBRAS UFLA

Reitor da Ufla volta a esclarecer situação envolvendo obras do campus Paraíso

Por: João Oliveira | Categoria: Educação | 04-04-2020 11:02 | 2674
Foto: Arquivo JS

O reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA),  professor José Roberto Soares Scolforo, à reportagem do Jornal do Sudoeste voltou a prestar alguns esclarecimentos em relação a uma empresa de Manaus, contratada por meio de processo licitatório que, segundo denúncias, não estaria realizando pagamentos a fornecedores do município. A reportagem já havia feito matéria anteriormente sobre mesmo problema apresentado pela empreiteira, mas sobre atraso de pagamentos de funcionários. Quem levantou a questão foi o presidente da Câmara Municipal, Lisandro José Monteiro, que disse ter sido procurado por três empresários reclamando que estariam sem receber após realizar fornecimentos a referida empresa.

O reitor lamentou a Universidade ser questionada quanto a isso, e ressaltou que existe todo um processo envolvendo a máquina pública. Disse que todos os recursos foram conquistados para a construção do campus em São Sebastião do Paraíso, graças aos esforços, tanto da Ufla, quando do deputado federal à época, Carlos Melles. Ele destacou que todas as obras foram licitadas e que os recursos, empenhados.

"Infelizmente, essa empresa mencionada, é uma empresa que tem obras em outras universidade, já pesquisamos sobre ela e descobrimos. Ela está tendo problemas porque, acredito eu, deixaram de receber de alguém. A Ufla tem alguns procedimentos a se seguir segundo as leis que regem o processo de licitação. Há um plano de trabalho, etapas, e cada etapa, ao ser concluída, a empresa apresenta o que foi feito e conferimos se tudo está de acordo com o que constou no edital de licitação e fazemos o pagamento", explica.

O reitor volta a reafirmar que não há como dizer que a Universidade não tem cumprido com os seus compromissos, porque, segundo ele, basta acessar o Portal da Transparência. "Se estamos com todo o recurso empenhado, por que não iríamos realizar os pagamentos? O procedimento é este que mencionei. Agora, quando a empresa começa a ter problemas ao longo da obra, acontece este tipo de situação mencionado pelo presidente da Câmara. Nós temos que buscar solução, então, dada a situação do coronavírus, estamos nos reunindo por teleconferência com a empresa para entender o porquê de não se está sendo pago fornecedores e prestadores de serviço", conta.

Conforme Scolforo, o problema é que, depois que a Ufla passa os recursos, o dinheiro passa a ser da empresa, que o administra da forma que achar melhor. "Isso não é algo que perdura indevidamente, nós também agimos. Fazemos chamadas de atenção à empresa, abrimos processo para punição, dando direito ao contraditório, trabalhamos também aplicando multas e chega o momento em que também rompemos unilateralmente o contrato, mas evitamos este último recurso", aponta.

O reitor explica que a Universidade evita romper o contrato, uma vez que o Tribunal de Contas da União, desde agosto do ano passado, determinou que se houver rompimento de contrato unilateralmente, o recurso volta ao erário. "Em um momento como este que estamos enfrentando, recuperar este recurso é um trabalho de quem sabe fazer milagres. Infelizmente, nós só sabemos trabalhar muito e vamos buscando cobrar fortemente da empresa que ela honre seus contratos. Trabalhamos para isso", afirma.

Scolforo esclarece ainda que, quanto a empresa não cumprir com seus compromissos, a Universidade não pode ser responsabilizada, uma vez que seu compromisso com a empresa está sendo cumprido devidamente, entretanto, ele ressalta que a Ufla não está sendo omissa quando ao assunto e que a empresa está sendo cobrada.

"Foi feita a mim, em reunião com representante da empresa, que me garantiram que os pagamentos seriam feitos na terça-feira, mas não pagaram. Teremos uma nova reunião, e o tom certamente não será amistoso. É lógico que nos preocupamos com as pessoas que venderam e não receberam, apesar de não ser uma falha da Ufla", destaca.

O reitor é enfático ao dizer que o trabalho da Universidade é muito sério e que a Universidade está trabalhando muito para possibilitar que São Sebastião do Paraíso tenha um campus da Ufla. "Uma das universidades mais qualificadas do país. Infelizmente, tivemos problemas com a empresa, uma vez que era para construção estar de vento em popa, mas agora estamos ponderando e buscando alternativas para ver como vamos solucionar esse problema. Mas tão logo o campus começa a funcionar, Paraíso verá o que são os reflexos de um campus de uma universidade federal, embora a mim assuste que o representante do Legislativo não veja desta forma", lamenta.

O professor Scolforo conta que tem sido bastante procurado a fim de buscar solução para esse problema, num outro tom e em outras formas de falar, porque elas entendem o que é a Administração Pública, inclusive não somente do Executivo Municipal como também da própria Câmara. "Estamos trabalhando duramente para sanar esse tipo de problema, que não fazia parte da agenda de ninguém. O mais difícil para nós foram os trâmites para conseguir a área, que teve todo um trabalho da prefeitura, depois garantir os recursos, fazer as licitações, não esperávamos ter problemas com algumas empresa ao longo da construção das obras do campus".

Segundo o reitor, esta não é a primeira experiência negativa que a Universidade enfrenta e irão resolver a questão. "Tivemos outras experiências assim aqui em Lavras, e conseguimos equacionar mesmo em momentos muito difíceis. Esse momento é especialmente difícil porque tolhe a nossa mobilidade, então não conseguimos trabalhar presencialmente, mesmo que haja a teleconferên-cia não é a mesma coisa", aponta.

Entretanto, o reitor enfatiza as qualidades do município e destaca que a Ufla ao fazer a opção de vir para o município de São Sebastião do Paraíso, entendeu que a região merece uma universidade de qualidade que será um agente de transformação ao longo do tempo.

"Percalços vão ocorrer, infelizmente, mas nós estamos trabalhando duro, e vou pegar firme para que a empresa que está dando problema honre os compromissos. Mas que fique claro que depois que a gente paga, o recurso é da empresa e ela o administra da maneira que achar melhor. Temos um contrato a ser cumprido, e se isso não acontece é obvio que nós vamos rompê-lo. Mas os fornecedores podem ter a certeza que na hora do acerto final, caso seja necessário, a gente busca segurar aqui em Lavras, aquilo que a empresa deve a terceiros, para que estes não tenham prejuízo. Em algum momento, mais cedo ou mais tarde, e espero que muitíssimo cedo, essas pessoas vão ter, na minha opção, equacionados os seus problemas", completa.