O biomédico e acupunturista Marcos Antonio Cau Junior é um profissional que acredita na cura do doente em todas as suas esferas (corpo mente e alma) e não apenas da doença. Formado em biomedicina, foi após o primeiro contato com a acupuntura no 1º Simpósio de Medicina Alternativa da USP, em Ribeirão Preto, que se encantou com a filosofia de pensamento da Medicina Oriental e, a partir de então, resolveu fazer disto sua especialização em Acupuntura, com a qual ele trabalha em Paraíso há pouco mais de 17 anos, além do trabalho de yogoterapia. Casado com Fernanda Pádua Souza Cau e pai dos pequenos Nuno Gabriel e Luana Souza. Marcos é filho de Marcos Antonio Cau e Irene Amélia Silva Cau, irmão da Jaqueline e Helena. Aos 40 anos, ele conta um pouco da sua trajetória e formação à reportagem do Jornal do Sudoeste.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua infância?
M.A.C.J.: Sou natural de São Sebastião do Paraíso, e acredito que tive o privilégio de vivenciar uma infância de muita liberdade, onde ainda existia a oportunidade de se brincar na rua, com menos televisão e muito contato com vizinhos, primos e amigos do que na atualidade. Como nunca gostei muito de jogos eletrônicos e videoga-mes, brincadeiras ao ar livre foram sempre as que mais me agradavam e me faziam feliz quando criança.
Jornal do Sudoeste: Qual lembrança mais marcante você tem dessa época?
M.A.C.J.: As lembranças da infância são inúmeras, principalmente o jogar futebol, andar de carrinho de rolimã, jogar os campeonatos de futebol de botão. Agora, o que movimentava toda a rua eram as quadrilhas, fechávamos a rua e a festa era para toda a família.
Jornal do Sudoeste: Como foi seu convívio familiar e o que seus pais significam para você?
M.A.C.J.: Acredito que todo alicerce que tenho como Ser Humano vem dos meus pais, as condutas morais que me transmitiram me fazem ter uma imensa gratidão por todos os ensinamentos que me passaram. Ter respeito pelas pessoas, honestidade acima de tudo e não se entregar as festividades mundanas de forma desregrada é alguns dos inúmeros aprendizados adquiridos com meus pais. Não por acaso, formaram uma linda família de três filhos que conseguiram sucesso em suas vidas pessoais e profissionais. O que falar mais deles? Amor Incondicional! Hoje tenho a minha família e agradeço a minha esposa Fernanda e aos meus filhos pelo apoio, carinho e respeito na construção do nosso lar.
Jornal do Sudoeste: Como foi a fase de escola em Paraíso?
M.A.C.J.: Foi maravilhosa, pois durante a vida escolar fiz muitas amizades que cultivo até hoje, alguns amigos se foram e deixaram suas marcas na minha trajetória, tenho professores que se tornaram amigos. Vejo que cada pessoa com que estudei foi importante na construção da minha identidade, as afinidades, as aversões, as dificuldades e as descobertas que acontecem na adolescência me fazem ter boas lembranças dessa época.
Jornal do Sudoeste: Na sua juventude, você era um adolescente mais tranquilo ou se rebelou nessa fase?
M.A.C.J.: Essa pergunta tem que ser feita para os meus pais, concorda? Brincadeira, será que é possível não se rebelar em algum momento da juventude? A resposta eu não sei, mas a convicção que sempre tive e sempre falei para os meus pais é que todas as atitudes corretas e erradas que tive foram feitas exclusivamente por mim, sendo assim, não existe vitimismo, nunca culpei nada e ninguém pelos meus tropeços, essa é uma força que me move.
Jornal do Sudoeste: O que mais te marcou nessa fase?
M.A.C.J.: Com certeza começar a trabalhar na Caixa Econômica Federal com 14 anos foi um divisor de águas na minha vida. Entrar em contato com um universo tão diferente da realidade que vivia até aquele momento foi mágico, ali também fiz inúmeros amigos, tive apoio, cresci como Ser Humano e pude começar a construir uma base para meu desenvolvimento intelectual.
Jornal do Sudoeste: Sua formação é como biomédico. Por que optou por este curso?
M.A.C.J.: Sempre acreditei que poderia trabalhar em algo que pudesse ajudar na qualidade de vida das pessoas, ficava fascinado em pensar que é possível identificar o que um paciente apresentava diante dos seus sintomas e assim ajudar na sua cura. Assim surgiu a Biomedicina, com especialidade em Análises Clínicas que me permitiu trabalhar em laboratórios na nossa cidade e em alguns hospitais em Campinas e abriu as portas para o início da minha vida profissional.
Jornal do Sudoeste: Você trabalha com acupuntura e, também, com Yogaterapia. Como isso surgiu na sua vida?
M.A.C.J.: A Acupuntura surgiu em minha vida quando fui participar do 1º Simpósio de Medicina Alternativa da USP, em Ribeirão Preto. Fiquei encantando com toda a filosofia de pensamento da Medicina Oriental e então resolvi fazer minha especialização em Acupuntura. Com toda certeza a partir desse momento encontrei a minha vocação. Descobri que existia uma medicina que vinha ao encontro com minhas convicções, com o que acredito na vida, que é entender o Ser Humano como um todo, que não existe ninguém igual e ninguém, sendo assim, não existe receita para tratar as pessoas, deve-se tratar o doente e não a doença. E lá se vão 17 anos dedicados a Acupuntura a nível de consultório em nossa cidade e ministrando aulas na pós-graduação em Acupuntura no Instituto Brasileiro de Acupuntura de Ribeirão Preto – SP. Já a Yogaterapia surgiu como um aprofundamento dentro das práticas respiratórias que já realizo há nove anos como aluno de yoga e em 2015 resolvi fazer minha formação em yoga/yogaterapia para poder levar esse conhecimento aos meus alunos de yoga e os pacientes da yogaterapia.
Jornal do Sudoeste: Qual o poder da Medicina Holística na vida de um cidadão e como ela pode nos ajudar frente ao que vivemos atualmente com o cononavírus?
M.A.C.J.: Tanto a Acupuntura, que é uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa, como o Yoga, que é uma técnica da Medicina Ayurvédica (medicina indiana), têm o objetivo de levar as pessoas ao equilíbrio entre mente e corpo. Diante disso, são ferramentas importantes para usarmos na prevenção de desequilíbrios físicos e emocionais e na manutenção da qualidade de vida, sendo técnicas que podem ajudar na melhora e expansão da consciência, tão importantes para esse momento da aflição e angústias que estamos vivenciando. Além disso, essas duas técnicas podem nos levar a possibilidade de começar a praticar a meditação, que acredito ser o único caminho para alcançar a paz interior.
Jornal do Sudoeste: Você chegou a viajar para realizar cursos. Como foi essa experiência?
M.A.C.J.: Durante todos esses anos trabalhando com a Acupuntura consegui realizar muitos cursos dentro do nosso país, com grandes mestres que enriqueceram o estudo dessa milenar técnica que me mostra que a cada dia precisamos aperfeiçoar e lapidar o conhecimento. O ponto marcante desses cursos com certeza foi a oportunidade de estar na China em 2004 para fazer um aperfeiçoamento na Universidade de Xiamen – China. Poder vivenciar a Acupuntura no berço de seu surgimento foi uma experiência indescritível e gratificante.
Jornal do Sudoeste: O que você pode dizer sobre a tríade mente/corpo/alma?
M.A.C.J.: Mente, corpo e alma estão interligados, conectados, e necessitam um do outro para expandir em experiência e sabedoria. Através do corpo, a alma pode manifestar-se, com mente e emoções; pode interagir com o mundo e com outras mentes em expansão, todas em conjunto por um único objetivo, crescer no amor e conviver em harmonia, ajudando uns aos outros a viverem e lembrarem de quem realmente são: seres divinos, capazes de criar uma realidade de luz e paz para si mesmos e para o mundo inteiro.
Jornal do Sudoeste: Durante sua trajetória, qual o foi o momento mais difícil que você já enfrentou?
M.A.C.J.: Ser um profissional autônomo é um desafio a cada dia, nos faz viver na insegurança do desconhecido e na incerteza que vai do perene ao transitório para a nossa psique. Porém, desde o momento que decidi fazer da Acupuntura e da Yoga as ferramentas de trabalho na cura dos meus pacientes, me coloco como instrumento desse processo e tenho o prazer e a felicidade de trabalhar com o que eu gosto e acredito e assim não existem momentos difíceis, existem apenas oscilações que podem ser superadas com empenho e dedicação.
Jornal do Sudoeste: E qual o foi o momento de maior felicidade?
M.A.C.J.: A maior felicidade é poder ver as pessoas expandindo suas consciências através do trabalho realizado em consultório, é saber que estou realizando meu trabalho com amor e sendo o mais verdadeiro possível. Não tenho a ideia pretensiosa de agradar a todas as pessoas que buscam pelo meu trabalho, o que tenho é a plena consciência que busco fazer o melhor para cada pessoa que confia sua saúde em minhas mãos.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz dessa trajetória até agora?
M.A.C.J.: Sou extremamente feliz pela oportunidade de trabalhar com a Acupuntura e o Yoga. Quando observo a trajetória que me trouxe a esse momento, agradeço pela decisão que tomei quando decidi abrir mão de um trabalho que tinha segurança e estabilidade, mas não a felicidade e fui me aventurar em um universo apaixonante de autoconhecimento e descobertas. Com certeza se pudesse voltar no tempo, repetiria tudo novamente.