O servidor público da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso desde 1993, Abdu Ferreira, é um profissional dedicado e pai zeloso, apaixonado pela esposa, a professora Juliana Rodrigues Campos Ferreira, e pelo filho, Gustavo Magno. Desde muito pequeno, Abdu foi educado para valorizar o trabalho e, principalmente, o respeito ao próximo. Filho de Darci Ferreira (em memória) e Filadélfia Inácia Silva, irmão da enfermeira padrão Maria Leonor Ferreira, ele cresceu em Paraíso onde aprontou bastante. Aos 39 anos, Abdu revisita seu passado e compartilha com a gente um pouco da sua trajetória.
Jornal do Sudoeste: Antes de tudo: Abdu. Qual a história deste nome?
A.F.: Meu bisavô veio do Líbano, e deu o nome do meu avô (pai do meu pai) de Abdon Ferreira. Quando eu nasci, meu pai queria homenagear meu avô, já falecido, e me deu seu nome, o Abdu, porém quando meu avô foi ser registrado, como meu bisavô era libanês e a pronúncia do português era diferente, no cartório registraram Abdon, mas ele contava que era Abdu e que meu bisavô falava que estava errado, por isso no meu nome meu pai já fez o certo, como meu bisavô falava.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua infância? Foi criado em Paraíso desde sempre?
A.F.: Nasci em 28 de abril de 1981, a princípio minha família morava na Vila Mariana, onde na época existia a linha de trem da FEPASA, morávamos próximo a esta linha, brinquei muito nela e tenho boas lembranças. Depois nos mudamos para o Conjunto Habitacional Monsenhor Mancini, casa onde minha mãe e minha irmã moram ainda, e lá passei boa parte da minha vida. Tive uma infância tranquila, brincávamos na rua, jogávamos bete, bola, esconde-esconde, Graças a Deus uma infância muito boa. Nasci e fui criado em Paraíso, cidade que amo muito.
Jornal do Sudoeste: Qual a lembrança mais marcante você tem desta época?
A.F.: Lembranças são muitas, mas me lembro que por sermos crianças bem ativas (bagunceiras) uma vez viramos notícia no Jornal por ficarmos caçando morcegos e atormentando os moradores do bairro. Éramos felizes, brincávamos na rua até a mãe ter que buscar tarde da noite.
Jornal do Sudoeste: Você tem uma história antiga com o Jornal do Sudoeste, conte-nos um pouco dela...
A.F.: Quando tinha oito para nove anos meu pai já trabalhava com a Guarda Mirim, e o então prefeito da época, o saudoso Waldir Marcolini, adquiria muitos exemplares do Jornal do Sudoeste para serem distribuídos em Paraíso, e eu fazia a entrega no bairros próximos a casa de meus pais junto com outros Guarda Mirins. O senhor Nelson, diretor do Jornal, era amigo pessoal do meu pai, da onde também vem minha admiração por ele e pelo Jornal do Sudoeste, onde considero de coração que foi meu primeiro emprego indireto, mas que fazia com muito orgulho.
Jornal do Sudoeste: Como era sua relação com seus pais e o que esse convívio representou para a sua vida e para quem você é hoje?
A.F.: Meus pais para mim são meus exemplos de vida, se sou o que sou hoje é graças à educação que me deram. Da infância até minha adolescência não era uma pessoa quietinha, minha mãe precisou me dar vários corretivos, mas agradeço a cada um deles, pois isso formou meu caráter e quem sou hoje; meu pai me ensinou desde de cedo que precisamos trabalhar e ter respeito pelas pessoas. Sigo os ensinamentos de meus pais para que hoje possa educar meu filho para ele ser uma pessoa melhor que eu sou. Graças a Deus tenho meus pais como um exemplo de tudo de bom para minha vida.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua fase de escola (Ensino fundamental e Médio)? O que mais gostava de estudar e quais recordações você tem deste período?
A.F.: Não posso falar que era um excelente aluno, tenho muitas recordações, todas elas ótimas de meus professores, estudei em várias escolas de nossa cidade. Antigamente o ensino era mais pesado e não existia o que tem hoje, se você ia mal era reprovado, as disciplinas eram mais sérias, nós tínhamos respeito pelos professores. Gostava muito da área de exatas, matemática, física, etc... Mas lembro-me bem de minhas professoras de Português, pois tinha dificuldade nessa matéria, as Professoras Bernadete, Maria Olinda, também aprendi a ser organizado com uma professora de Geografia, professora Maura, entre tantas outras professoras e professores que tenho amizade até hoje. Fui muito arteiro, mas sempre respeitei meus professores com muito carinho.
Jornal do Sudoeste: Existe uma história envolvendo a Guarda Mirim em Paraíso. Conte-nos um pouco sobre isso...
A.F.: Meu pai foi coordenador da Guarda Mirim e quando atingi a idade para trabalhar ele me colocou lá, não porque era meu pai, mas o senhor Darci Ferreira tratava todos os meninos com muita rigidez e respeito para que nós nos tornássemos homens corretos e que fossemos bem sucedidos em nossas vidas. Meu pai era o paizão de todos Guarda Mirins, e tenho amigos que foram guarda mirins comigo que tenho como irmãos de coração.
Jornal do Sudoeste: Você sempre trabalhou desde novo? Você sente que isto de alguma forma não fez você perder a infância?
A.F.: Graças a Deus meu pai me ensinou desde novo que, temos que trabalhar para sermos pessoas melhores, isso não atrapalhou minha infância, até acho que ajudou a construir a pessoa que sou hoje. Acredito que se conseguíssemos colocar os adolescentes de hoje para trabalharem mais cedo, conseguiríamos formar pessoas melhores para o futuro.
Jornal do Sudoeste: Como foi juventude? O que mais gostava de fazer para se divertir?
A.F.: Tive uma juventude tranquila, gostava de sair, mas não era baladeiro. Gostava de mexer no meu carro, curti e curto músicas antigas, me lembro da época de EXPAR, ficávamos na Praça da Fonte Luminosa, Lagoinha, era muito bom.
Jornal do Sudoeste: Você é concursado da Câmara Municipal. Como foi esse início?
A.F.: Tudo deu início quando a Câmara Municipal necessitava de office boy para fazer os serviços de rua e não tinha em seu quadro funcional quem fizesse esse serviço. Foi quando o presidente da Câmara Municipal, o saudoso Antonino Amorim, recrutou da Guarda Mirim dois meninos. Na época, a Prefeitura, empresas e o comércio local também realizavam esse recrutamento, pois sabiam da disciplina em nós aplicada, já éramos treinados para trabalhar. Logo passado um tempo, a Câmara Municipal abriu concurso e eu passei em terceiro lugar, mas o segundo colocado não assumiu aí eu entrei, e graças a Deus estou até hoje.
Jornal do Sudoeste: O que mais lhe marcou no seu trabalho ao longo desses anos?
A.F.: Várias coisas me marcaram na Câmara Municipal, mas uma conquista do Poder Legislativo, a sua sede é o que me deixa mais feliz, e eu ter feito parte dessa conquista, nós servidores que somos mais antigos de Casa sempre sonhamos em um dia a Câmara Municipal ter seu próprio lugar e isso foi realizado em 2016. Considero meus amigos de serviço como uma família.
Jornal do Sudoeste: Paraíso cresceu e mudou muito. O que ainda precisa melhorar, em sua opinião?
A.F.: No atual momento que vivemos com essa pandemia, acredito que nós, paraisenses, teremos que nos unir para que nossa cidade se recupere disso que está acontecendo. Paraíso é uma cidade maravilhosa, boa demais para viver, mas teremos que nos esforçar para que ela volte a crescer e que nossos administradores consigam após essa pandemia trazer mais empresas para gerar emprego e renda para nossa cidade. É muito triste o que está acontecendo no mundo, mas temos que ter fé e trabalharmos para que nossa Paraíso volte ao normal o quanto antes.
Jornal do Sudoeste: Você também é fã de carros antigos. Conte-nos um pouco desta história?
A.F.: Sou apaixonado em carros e motos, principalmente em carros antigos. Aos 15 anos tive meu primeiro carro, um Fusca, que meu pai me ajudou a comprar na época, sempre gostei desse mundo dos carros. Eu e outros amigos realizamos vários encontros de veículos antigos e especiais em nossa cidade. Temos um Grupo de amigos, o Ferrugem Não é Crime, que se reúne esporadicamente para bater papo e falar um pouco das suas “Ferrugens”. Hoje tenho um VW Brasilia 1978, luxo meu e do meu menino que também desde pequeno ama carros e motos.
Jornal do Sudoeste: O que sua família representa para você?
A.F.: A família na vida de um homem é tudo, tenho uma esposa linda e maravilhosa, mãe dedicada e zelosa. Um filho maravilhoso, um presente de Deus, falo para as pessoas se você quer saber o que é o amor tenha um filho. Simplesmente minha família é minha vida.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz dessa trajetória?
A.F.: Acredito que nada na vida é por acaso. E que tudo tem um propósito de Deus para nós, minha trajetória até hoje graças a Deus só tenho que agradecer, sou uma pessoa feliz, tenho uma família maravilhosa, tive um pai que me ensinou muito, tenho uma mãe que me ensina até hoje, uma irmã que é puro coração, uma esposa que amo de paixão e que estamos juntos há mais de 20 anos e que se Deus quiser quero estar com ela até que a morte nos separe; tenho um filho que pra mim é tudo, que amo de paixão. Sou um homem muito feliz.