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Quando os sonhos não morrem

Por: Redação | Categoria: Cultura | 13-05-2020 14:30 | 711
Foto: Reprodução

Nada existe de saudosismo em sentir falta de um passado demolido. Acontece que o futuro costuma nascer da reelaboração do passado. Quando não se tem passado fica impossível relembrar as coisas que preencherão o futuro. Se você não souber de onde veio, não saberá para onde vai.

O passado é importante para não cometermos futuros erros. Realmente o passado ficou para trás, o futuro é incerto, o que existe é o presente. Mas sejamos francos, quem não tem saudade da infância, de suas horas vadias sem relógio, pés descalços, sem conhecer as verdadeiras maldades do mundo?

Atribui-se a Machado de Assis o pensamento: “Coloque uma laje sobre o passado e uma placa com os dizeres. Descanse em paz”.

Ledo engano. Mas o próprio Machado de Assis saía de seu bairro Livramento, no Rio de Janeiro, pegava um tiburí, com flores colhidas no campo e as levava para sua amada que repousava na necrópole. Lá recordava o poema que dedicou a sua esposa Carolina:  “Querida, ao pé do leito derradeiro, em que descansas dessa longa vida, aqui venho e virei, pobre querida, trazer-te o coração do companheiro”.  “Trago-te flores – restos arrancados da terra que nos viu passar unidos e ora mortos nos deixa e separados”.

Ou como pontuou Camões: “Roga a Deus, que teus anos encurtou, que cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo de meus olhos te levou”. Também Drummond de Andrade tem um pensamento que diz: “O melhor remédio para esquecer o passado, é a demência”. Diria remédio amargo, não?

Sejamos como a poetisa Eliana Mumic, no final de seu poema “A Vida”: “A nossa existência é um sonho, um sonho breve e dourado: vive teu sonho e não deixe que acabe SM ser sonhado”.

Ou como a música de Lamartine Babo: “Eu sonhe que estavas tão linda, numa festa de raro esplendor”, ou ainda, como outra irmã de alma, Dalila Cruvinel no seu poema “Reminiscências” : Sonhar – buscar na ante sala da consciência aquela gotinha de orvalho que um dia brincou nas pétalas da rosa vermelha”

Caro amigo, quando sentires a falta de tranquilidade que abala o nosso espírito, por “isto” que está acontecendo em todo o mundo, sorri com fé e otimismo, ante o desconhecido, por certo é a ventura que passa ao teu lado e quer deter-se junto ao teu coração.

Até breve.

Sebastião Pimenta Filho – membro da APC.