A psicóloga Camila Oliveira Cruz acredita no poder da escrita e no bem que ela pode fazer para o nosso desenvolvimento pessoal e, também, como ferramenta de vazão dos nossos sentimentos. Formada em Psicologia com abordagem psicanalítica, bacharel em Comunicação Social e especialista em docência no Ensino Superior, ela é uma profissional que se dedica muito a sua carreira e ainda encontra tempo para compor seus textos. Em Paraíso, é coordenadora técnica e psicóloga organizacional no Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira e também atende em consultório particular. Filha do chefe de transporte (DER), José Enes de Oliveira e Maria José Martins de Oliveira, Camila leciona na Faculdade Calafiori e também se dedica à produção de textos intimistas que publica no seu perfil “Não te contei, mas escrevi”, no Instagram. Por meio deste trabalho, busca tocar as pessoas, inclusive, já foi reconhecida por um deles, tendo vencido o concurso “Amores Acústicos”, do Boticário.
Jornal do Sudoeste: Sempre morou em Paraíso? Como foi sua infância?
O. C.: Eu nasci em Passos, e me mudei para poder estudar, morei em Franca, em Alfenas, na Inglaterra. Na infância com pai intelectual, tive a sorte grande de não me apegar a TV, então tive experiências muito importantes para o meu crescimento e desenvolvimento da criatividade. Todo fim de semana ia para fazenda e brincava ao ar livre, com balanço na árvore, animais, passeios a cavalo... gostava bastante de brincar sozinha com meus amigos imaginários.
Jornal do Sudoeste: Quais lembranças marcantes você tem dessa primeira fase de sua vida?
O. C.: Quando aos sete anos disse que não queria mais comer carne, foi um evento! Um choque para minha família e para a escola, mas no final deu tudo certo, sou vegetariana até hoje. Lembro-me também que íamos muito ao teatro e, desde pequena, fiz ballet e amava também as apresentações.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua formação escolar? Tem alguma lembrança especial dessa época?
O. C.: Eu tenho lembrança do meu primeiro material escolar (riso) até memória olfativa... da dedicação do meu pai sempre muito envolvido.
Jornal do Sudoeste: como foi sua criação e que importância teve sua família nesse processo?
O. C.: Tive uma criação tradicional, numa cidade do interior. A família é a base, eu sempre fui acompanhada e isso faz total diferença. Quando a família se importa, mas não superprotege, proporciona uma autonomia sem insegurança. Isso refletiu na idade adulta, viajei sozinha para vários lugares e fui capaz de tomar decisões sem sofrimento.
Jornal do Sudoeste: Por que decidiu estudar Psicologia?
O. C.: A espiritualidade é algo muito presente na minha vida, acredito que somos direcionados a nossa missão quando estamos em sintonia. Mas é claro que a facilidade para escutar e aconselhar as amigas na adolescência mostrou esse caminho. Sou fascinada pelo comportamento humano.
Jornal do Sudoeste: conte-nos um pouco de sua atuação profissional...
O. C.: Atualmente estou como coordenadora técnica e psicóloga organizacional no Hospital Gedor Silveira, concilio com o consultório particular e as aulas no curso de psicologia na Faculdade Calafiori. São três frentes que eu desenvolvo com muita paixão.
Jornal do Sudoeste: Você também gosta de escrever. Como surgiu essa paixão?
O. C.: Gosto muito de escrever. Desde muito cedo escrevo, mas era sem qualquer expectativa. Perdi muita coisa que escrevi na adolescência, até que me interessei por blogs, depois criei uma página no Instagram onde os guardo.
Jornal do Sudoeste: Você venceu concurso por conta de seus textos. Como foi ser reconhecida por isto?
O. C.: Sim, participei de um concurso, o Amores Acústicos, do Boticário. Um amigo, Matheus Almeida enviou o link e decidi participar. Foram 25 mil concorrentes... E um susto quando recebi a notícia de que havia sido escolhida. É gratificante pelo fato de saber que algo que escrevi tocou alguém e emocionou. Mesmo no Instagram quando pessoas marcam outras, quando enviam para outras ou respostam, é sempre uma motivação para continuar
Jornal do Sudoeste: Você tem um perfil onde publica sempre. De onde vêm suas inspirações. Tem algum escritor que goste?
O. C.: Sim, Criei em 2016 o “@naotefaleimasescre vi”. Sempre me perguntam de onde vem a inspiração e até hoje não consigo dar uma resposta fiel. Escrevo sobre pessoas, relacionamentos, comportamento. Meu inconsciente deve armazenar informações e expressa-las por meio da escrita. Nesse segmento leio bem pouco, porque a leitura científica me toma muito tempo. Mas li recentemente um livro chamado “Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente”, e gostei muito!
Jornal do Sudoeste: Psicóloga e escritora. São áreas muito afins?
O. C.: Do ponto de vista científico principalmente, algumas abordagens utilizam a escrita e desenhos como recurso projetivo. Observar o comportamento e me conectar com as emoções das pessoas me possibilita escrever e ao mesmo tempo levar algo com que se identifiquem.
Jornal do Sudoeste: Você acredita que a escrita também é um processo terapêutico? Como pode nos ajudar neste período de quarentena?
O. C.: Claro! A escrita é uma linguagem não verbal, propicia além da expressão de sentimentos e ideias, olhar de fora e dessa forma ressignificar-se. Quando escrevemos esgotamos angústia, damos viés pela criação a sofrimentos, alegrias...
Jornal do Sudoeste: Você tem alguma outra paixão?
O. C.: Cavalos! É meu animal preferido e, inclusive, um significante que traz um sentimento de segurança, poder e liberdade. Fiz por um tempo hipismo, um curso de equoterapia e gosto muito de ir a jogos de polo!
Jornal do Sudoeste: Balanço. Qual o balanço que você faz da sua trajetória até aqui?
O. C.: Superação, evolução espiritual, crescimento como ser humano... Eu sou uma pessoa idealista, então tento sempre imprimir no mundo o meu olhar, que é de paz, de calma, de compaixão. Acredito que tudo possa ser resolvido sem agressão, sem ofensa... que a caridade ainda é o recurso mais sábio para acessarmos nossa essência. Viver no mundo de hoje não é fácil, mas com o coração positivo podemos viver mais e melhor. Ainda tenho um caminho a seguir e quero continuar assim, com o apoio da família, na convivência com os amigos queridos, buscando ser uma profissional dedicada.