O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), com versão digital prevista para 11 e 18 de outubro e impresso para 1º e 8 de novembro, ainda tem situação imprevisível dada a pandemia provocada pelo Covid 19. O Senado aprovou nesta semana projeto de lei, por 75 votos contra um, que adia as datas programadas para as provas, em contrapartida, o Ministério da Educação já havia informado mais cedo que no final de junho fará consulta aos participantes para melhor definir uma data.
Após aprovação da lei, o Inep, responsável pela realização da prova, emitiu nota confirmando o adiamento da prova por um período de 30 a 60 dias. De acordo com Instituto, “atento às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação dos exames nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais”.
Contudo, o Inep informou ainda que promoverá uma enquete direcionada aos inscritos do Enem 2020, a ser realizada em junho, por meio da Página do Participante. As inscrições para o exame se encerram sexta-feira (22/5). Em Minas, o governador Romeu Zema também defendeu o adiamento das datas e acredita que é o melhor a se fazer para evitar aglomerações, que podem agravar a situação da contaminação pelo coronavírus. Ele não prevê o retorno das aulas no Estado e chegou a falar em suspensão pelo resto do ano, com retorno para 2021. Dada a situação, diversas frentes vinham lutando para que a prova fosse adiada para que houvesse justiça social, dada as diferenças de condições entre os alunos da rede particular e da rede estadual.
Para a professora universitária Michelle Aparecida Lopes, era o melhor a se fazer, tendo em vista a gravidade da situação. Ela destaca que as razões são várias, e envolvem questões relacionadas a diversos setores, dentre os quais a saúde e, mais diretamente, a educação. “No que tange à saúde, o adiamento da data prorroga grandes aglomerações, pois sabemos que nos dois finais de semana em que o Exame é aplicado, há grande concentração de pessoas nos locais de prova. Quanto mais tempo pudermos postergar essas aglomerações, melhor”, avalia.
De acordo com a professora, quando pensamos nas questões relacionadas à educação, o adiamento torna-se ainda mais pertinente e necessário, visto que a situação de pandemia promoveu mudanças nos calendários letivos e nas atividades presenciais, tanto nas escolas do setor público quanto nas do setor particular.
“Considerando-se essas mudanças, precisamos perceber como os setores mencionados anteriormente passaram a agir a partir da interrupção das aulas presenciais: enquanto as escolas particulares conseguiram se organizar para continuar oferecendo conteúdo por meio de aulas on-line, as escolas da rede estadual – esfera responsável por garantir à população o Ensino Médio - demoraram um tempo maior para criarem alternativas que pudessem suprir as aulas presenciais. Isso comprometeu o ensino durante esses primeiros meses fazendo com que vários estudantes ficassem sem aulas. Para os alunos do último ano do Ensino Médio, justamente aqueles que prestam o ENEM, isso é bastante prejudicial”, destaca.
Michelle pondera ainda as diferenças existentes entre ensino público e particular como, por exemplo, a carga horária semanal, disciplinas ofertadas, dentre outras questões. “A não oferta de conteúdo aos alunos da rede pública, ainda que por períodos curtos de tempo, torna-se ainda mais prejudicial, especialmente para os candidatos do ENEM. Além disso, ainda que a rede pública crie alternativas para ofertar e ministrar o conteúdo aos alunos essas alternativas não atingirão a totalidade dos alunos dessa rede; isso porque sempre haverá uma parcela, mesmo que pequena, que não disporá dos meios necessários para acessar o conteúdo, seja porque não possui o equipamento necessário, ou não tem acesso à inter-net, ou mesmo por não poder se deslocar para buscar as atividades impressas na escola. Todas essas questões são justificativas bastante significativas e suficientes para embasar o adiamento do ENEM”, completa.