A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e as medidas de distanciamento social, que incluem a suspensão de diversas atividades econômicas, afetaram diretamente o mercado de trabalho em todo o Brasil e em Minas Gerais. Em São Sebastião do Paraíso a situação não é diferente e a cidade é a que mais perdeu postos de trabalho formal entre 10 cidades da região pesquisada. O levantamento foi feito através dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. Somente no mês de abril em Paraíso houve saldo negativo de 411 vagas, sendo que no ano há o acúmulo de 2.131 desligamentos registrados.
Os dados do Caged foram divulgados na quarta-feira,27 de abril. Os números revelam que em Minas Gerais foram extintas 88.298 vagas de empregos formais. No Estado foram registradas no mês passado 60.915 contratações e ocorreram 149.213 demissões no período. A pesquisa revela ainda que em março quando começaram a ser sentidos os efeitos da pandemia do Corona-vírus, Minas teve o fechamento de 18.984 vagas formais. Janeiro e fevereiro tinham apresentado dados positivos, sendo respectivamente, 26.394 e 3.931 vagas.
No fim de março, o Ministério da Economia havia suspendido a divulgação do Caged por falta de informações enviadas pelas empresas, principalmente referentes às demissões de trabalhadores formais, o que, conforme a Pasta, na época, poderia comprometer a qualidade dos dados. E pediu que as empresas retificassem e reenviassem as informações.
Agora com a retomada da divulgação dos números das admissões e desligamentos o cadastro aponta que o Brasil fechou 860.503 vagas de emprego formal em abril. O número revela que este é o pior resultado para todos os meses da série desde que foi iniciado o levantamento feito pelo Caged desde 1992, quando que reflete o agravamento da crise do Covid-19 no primeiro mês cheio, com as medidas de distanciamento social implantada para tentar conter o avanço da doença na sociedade.
Em março, quando começaram as iniciativas de isolamento no País, houve perda de 240.702 vagas com carteira assinada, divulgou o Ministério da Economia. Em janeiro e fevereiro, houve abertura líquida de 113.155 e 224.818 postos, respectivamente. Com isso, o País fechou os primeiros quatro meses do ano com encerramento de 763.232 vagas formais de trabalho, pior desempenho histórico para o período. A performance no quadrimestre fez com que o estoque de empregos formais no País caísse a 38,046 milhões de postos, patamar mais baixo desde 2011 (36,824 milhões).
Paraíso têm mais desempregados na região
Um levantamento realizado pelo Jornal do Sudoeste junto aos números divulgados pelo Caged nesta semana, revela que São Sebastião do Paraíso foi o que teve o maior índice de desempregados entre 10 municípios da região. A pesquisa conseguiu apurar que no início deste ano havia um número de trabalhadores formais de 16.086 empregados. Em janeiro o cadastro não aponta o saldo e nem a variação entre admitidos e desligados.
Já em fevereiro o balanço foi positivo com saldo de 58 vagas surgidas e variação positiva de 0,36% entre os cadastrados. Em março com as primeiras medidas de restrição contra a epidemia os números começaram a apresentar resultados contrários com -16 vagas de saldo e variação de -0,10%.
De acordo com o levantamento em abril o saldo negativo foi 411 vagas e variação relativa de -2,56%. No período foram 195 admissões e 606 desligamentos registrados na cidade.
A pesquisa no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados feita em relação ao município paraisense aponta ainda que no acumulado do ano ocorreram 1.762 admissões. Já em relação aos desligamentos a quantidade é de 2.131, com saldo de -369 e variação relativa de -2,29%. Paraíso tem neste quesito o segundo melhor resultado em admissão e fica atrás apenas de Passos que tem 2.587, enquanto que Guaxupé fica em terceiro lugar com 1.658 vagas geradas desde o início do ano.
Se a questão é o desligamento, no acumulado as posições entre estas cidades não se invertem. Passos tem o maior número 2.835 (-1,06%) de variação. Paraíso ocupa a segunda colocação com a perda de 2.131 postos de trabalho formais (-2,29%) e Guaxupé fica em terceiro com 1.658 (-1,52%). Entre as cidades menores São Tomás de Aquino teve melhor desempenho tendo gerado 81 vagas, perdido 86, com saldo de -5 e variação relativa de -0,46%. Confira na tabela em anexo os resultados dos outros municípios na tabela em anexo.
Programas reduzem impactos mais graves
Em nota, o Ministério da Economia indicou que o resultado teria sido ainda mais grave sem o programa do Governo Federal de pagamento de benefícios para os trabalhadores que têm jornada reduzida ou contrato de trabalho suspenso. A estimativa é que foram preservados 8,1 milhões de empregos por meio da iniciativa. "Número de desemprego hoje é fruto fundamentalmente da queda das contratações decorrentes da pandemia porque os empregos estão sendo preservados", afirmou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.
Ele afirmou durante entrevista coletiva virtual de imprensa que, sem o programa do governo, o País poderia ter chegado a mais de 10 milhões de vagas formais perdidas em meio à crise. O programa permite redução de salário e jornada por um período de três meses, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos trabalhadores, ou a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias.
Em contrapartida, o governo compensa o trabalhador com o pagamento de um benefício, batizado de BEM, que corresponde a uma parte do seguro-desemprego a que ele teria direito em caso de demissão. Hoje, o seguro-desemprego varia de um salário mínimo (R$ 1.045) a R$ 1.813,03.
Na análise setorial, o setor mais atingido pela derrocada da economia foi o comércio, com fechamento líquido de 342.748 postos de janeiro a abril. Aparecem em seguida o setor de serviços (-280.716), indústria (-127.886) e construção civil (-21.837). A agricultura, por outro lado, viu abertura de 10.032 postos no acumulado do ano.
O secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo, avaliou que o programa do governo de financiamento à folha de pagamento, o chamado Pese, deverá ser buscado pelas empresas passado o período em que lançaram mão do BEM. Ele argumentou que, até pela forte retração na demanda, muitos empregadores optaram agora pela redução na jornada ou suspensão do contrato de trabalho. Enquanto o BEM tem orçamento de R$ 51,6 bilhões e pagou R$ 5,9 bilhões até agora, o Pese financiou R$ 1,8 bilhão do seu orçamento total de R$ 40 bilhões, dos quais R$ 34 bilhões do Tesouro.
Dalcolmo também afirmou que o governo não espera um surto no desemprego após o fim das medidas. Passada a fase aguda do surto de coronavírus, a equipe econômica também irá anunciar uma política de estímulos para contratação, afirmou Bianco. Questionado sobre a desoneração da folha de pagamento das empresas, ele disse que essa é uma investida que historicamente gera emprego e frisou que, por ora, está tudo sob estudo no âmbito de medidas para a retomada econômica.