A primeira impressão que se tem é de assombro: cortes imensos, formando grandes cavas, e altíssimos aterros que lembram uma estrada elevada.
A idéia, evidentemente, é torná-la tão plana e reta quanto possível, dentro dos padrões modernos das auto-estradas. Entretanto, não deixa de ser chocante e causar imenso pesar o dano que está sendo causado à mãe-natureza. A estrada é um meio de transitar pela terra, de atravessar os rios, para se chegar a determinado lugar. Existe em função desses elementos e não o contrário. Porque é ela que é transitória, podendo ser construída agora e abandonada dentro de poucos anos. A terra e as correntes fluviais ficam.
É inegável que a topografia da região é predominantemente montanhosa, com declives e aclives acentuados, exigindo alguns aterros e cortes, mas, tudo dentro dos limites do bom-senso e do aceitável. A rodovia deve adaptar-se o mais possível às condições do terreno, confundindo-se com a própria paisagem, como se sempre tivesse existido. A que se destaca, que fere a vista, ainda mais em grandes extensões, é claramente desarmônica.
Há que se considerar também que a BR-146 não passa por territórios desérticos. Pelo contrário, atravessa terras de excelente qualidade e com densidade populacional relativamente grande. Assim, o benefício que o asfalto está trazendo para os fazendeiros e sitiantes choca-se com o dano praticamente irreparável que suas propriedades estão sofrendo.
Bem compreendemos que essa nunca foi a intenção dos idealizadores dessa obra, assim fica esse modesto alerta, porque ela está no início. Há muito chão pela frente e muita agressão futura pode ser evitada. Ainda mais levando-se em conta que a cidade de Jacuí mereceu recentemente um destaque na Organização das Nações Unidas (ONU) pelo trabalho que tem feito em defesa da ecologia.