CRÔNICA JOEL CINTRA BORGES

A rodovia de Jacuí e o meio ambiente

Por: Joel Cintra Borges | Categoria: Do leitor | 19-11-2000 14:41 | 740
Dr. Joel Cintra Borges
Dr. Joel Cintra Borges Foto: Reprodução

A primeira impressão que se tem é de assombro: cortes imensos, formando grandes cavas, e altíssimos aterros que lembram uma estrada elevada.

A idéia, evidentemente, é torná-la tão plana e reta quanto possível, dentro dos padrões modernos das auto-estradas. Entretanto, não deixa de ser chocante e causar imenso pesar o dano que está sendo causado à mãe-natureza. A estrada é um meio de transitar pela terra, de  atravessar os rios,  para se chegar a determinado lugar. Existe em função desses elementos e não o contrário. Porque é ela que é transitória, podendo ser construída agora e abandonada dentro de poucos anos. A terra e  as correntes fluviais ficam.

É inegável que a topografia da região é predominantemente montanhosa, com declives e aclives acentuados, exigindo alguns aterros e cortes, mas, tudo dentro dos limites do bom-senso e do aceitável. A rodovia deve adaptar-se o mais possível às condições do terreno,  confundindo-se com a própria paisagem, como se sempre tivesse existido. A que se destaca, que fere a vista, ainda mais em grandes extensões, é claramente desarmônica.

Há que se considerar também que a  BR-146 não passa por territórios desérticos. Pelo contrário, atravessa terras de excelente qualidade e com densidade populacional relativamente grande. Assim, o benefício que o asfalto está trazendo para os fazendeiros e sitiantes choca-se com o dano praticamente irreparável que suas propriedades estão sofrendo.

Bem compreendemos que essa nunca foi a intenção dos idealizadores dessa obra, assim fica esse modesto alerta, porque ela está no início. Há muito chão pela frente e muita agressão futura  pode ser evitada. Ainda mais levando-se em conta que a cidade de Jacuí mereceu recentemente um destaque na Organização das Nações Unidas (ONU) pelo trabalho que tem feito em defesa da ecologia.