A influenciadora digital, Rosangela Carvalho Marcondes é uma mulher inquieta que fez das redes sociais o seu maior aliado na divulgação de beleza e inspiração para as pessoas. Começou com seu blog Domingo Açucarado, angariou milhares se seguidores e se tornou muito conhecida por seu trabalho de valorização à pessoa idosa. O que começou como um hobby, tornou-se um trabalho importante e que tem conquistado dia a dia um espaço importante, e mostrado que a pessoa na terceira idade não deixou de ser produtiva e que precisa ser vista, valorizada. Filha de Expedito de Carvalho e Maria Tereza de Carvalho, casada com Hoton Marcondes, mãe da Pollyana e Fernanda, e avó do Lucas, Catarina e Júlia, hoje, aos 64 anos, Rosangela compartilha um pouco da sua trajetória com o Jornal do Sudoeste.
Jornal do Sudoeste: Quais são suas memórias mais preciosas da infância?
Cresci numa fazenda cercada de avós e tios amorosos que me ensinaram o valor do respeito, do tempo, da colaboração e do amor incondicional pelos pais e mais velhos.
Jornal do Sudoeste: Da época da escola, o que mais lhe marcou?
R.C.M.: Estudei no Colégio Paula Frassinetti e na Escola Comercial São Sebastião, onde entendi o valor do conhecimento, das amizades, o respeito pelos mestres que nos transformavam em cidadãs e cidadãos íntegros, responsáveis e bem preparados para o mundo.
Jornal do Sudoeste: Você apresentou um programa na saudosa Rádio Difusora. Como foi isso?
R.C.M.: O Monsenhor Mancini me creditou três horas de programa diário e eu na minha inocência e desejo de corresponder à sua expectativa encarei a missão com muita disciplina e paixão pelos meus programas que contavam histórias da zona rural, comunicava nascimentos e falecimentos, e ainda tinha uma curadoria de músicas lindas preparadas pelo Miguel Rezende.
Jornal do Sudoeste: Por que quis deixar Paraíso e como foi se “desgarrar” da sua terra natal?
R.C.M.: Sempre fui curiosa, exploradora, e queria conhecer o mundo. São Paulo me colocava mais perto dos meus sonhos.
Jornal do Sudoeste: Na vida, certa vez você comentou, fez de tudo um pouco. Como foi essa trajetória profissional?
R.C.M.: Deixei a Caixa Econômica Estadual onde entrei por concurso público. Eu queria ser empresária, sou uma alma inquieta, amo desafios. Me realizei como profissional em diferentes segmentos e me orgulho desta trajetória de sucesso.
Jornal do Sudoeste: A internet, hoje, faz parte da sua vida. Conte-nos um pouco sobre isso...
R.C.M.: Em 2013 criei o www.domingoacucarado.com.br, e em 2015 voltei a estudar, fui pra USP; em 2018 criei o integram@itavo e em 2019 comecei a convidar mulheres para tomar cafés comigo, incansável, a internet me leva para lugares inimagináveis.
Jornal do Sudoeste: O que simboliza esses sete anos do Domingo Açucarado...?
R.C.M.: Muita disciplina, paixão pelo que acredito, cuidado e compromisso com meus seguidores e passaporte para grandes projetos de longevidade.
Jornal do Sudoeste: Você ganhou notoriedade das mídias pelo seu trabalho de valorização a pessoa “velha”. Como você encara tudo isto?
R.C.M.: Estudei e me apaixonei pelo universo dos idosos, divulgo e frequento todos os movimentos de longevidade, hoje sou considerada uma influenciadora digital; por conta disso sou convidada para vários projetos, TVs e jornais importantes. Somos os novos velhos dos novos tempos. Temos muito a contribuir e estamos felizes com esta visibilidade.
Jornal do Sudoeste: Um dos seus objetivos é levar beleza à vida das pessoas. Isso tem lhe feito feliz também?
R.C.M.: Completamente feliz, criei um projeto “Olhares sobre o universo dos Avós” para o Instagram do It Avo e as crianças nos deixaram infinitamente surpresos com tantos ensinamentos, percepções. No Domingo Açucarado tenho recebido vídeos sobre o que andam fazendo nossos amigos nesta quarentena, tudo isto para contar que a pandemia nos permite computar resultados muito positivos, uns inspirando os outros, explorando nossos potenciais esquecidos e contribuindo para um novo mundo muito mais bonito, colaborativo, sustentável.
Jornal do Sudoeste: Você acredita que ainda haja preconceito contra pessoas idosas, já passou por isso?
R.C.M.: Não passei por isto nesta quarentena porque também não coloquei a minha vida e dos que amo em perigo, as provocações que vi não dei ênfase porque sempre quis espalhar coisas positivas. Prefiro divulgar as coisas boas que também acontecem todos os dias.
Jornal do Sudoeste: Como a sociedade pode valorizar mais os seus velhos, tendo em vista, principalmente, toda a vida de dedicação que eles tiveram por esse país?
R.C.M.: Respeitando seus direitos, espaços, suas vontades e desejos porque contribuíram, construíram muito com a nossa sociedade, e ainda podem continuar neste processo de crescimento, orientação para os mais jovens.
Jornal do Sudoeste: Você é mãe, esposa e avó. O que é ser essa mulher para você?
R.C.M.: Sou plena nas minhas funções e para cada momento estou presente, escuto, dialogo, negocio, peço desculpas, deixo recados, silencio e aguardo.
Jornal do Sudoeste: Tempos de pandemia, conte-nos como tem sido para você encarar tudo isso...
R.C.M.: Pausa mais do que necessária, o planeta ficou bravo, colocou todo mundo no banquinho do pensamento, calou um pouco todo ruído, realçou nossos olhos para que pudéssemos olhar mais, contemplar mais, perceber que somos um todo, se um fica doente todos ficam doentes de corpo e da alma. Parei, pensei, reli vários livros, fiz uma lista de tudo que me impactava, e depois comecei a produzir muito. Estudo duas vezes por semana, aprendi muito de tecnologia, fiz campanhas, muitas lives, dei muitas entrevistas. Fiz café virtual e muitos amigos.
Jornal do Sudoeste: Qual a mensagem que você deixa para nossos leitores?
R.C.M.: Escute com carinho, olhe nos olhos, elogie sempre, peça desculpas, ame seus idosos, e lembre-se somos uma grande TEIA, quando um fio parte, todos perdem...
Jornal do Sudoeste: Balanço. O que você tem a dizer sobre essa jornada?
R.C.M.: Muito aprendizado, novos olhares, gratidão pela vida, pelas pessoas que nos cercam e confiança no novo mundo que teremos.