No próximo dia 15, segunda-feira, comemora-se o "Dia Mundial da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa", data que foi instituída em 2006 pela Organização das Nações Unidas e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência a Pessoa Idosa. O principal intuito é mostrar que casos de violência, seja ela física ou psicológica, ainda são frequentes e é preciso que seja combatido com seriedade, por meios da conscientização e, também, ações pelo poder público.
Conforme destaca o presidente do Conselho Municipal dos Direito dos Idosos (CMDI, Waldemar Galvão, envelhecer com dignidade é um direito de todo ser humano, mas os desafios são muitos e vão além das limitações físicas de mobilidade, de autonomia e de saúde dos idosos, que acabam se tornando invisíveis na sociedade e passam a sofrer vários tipos de violência que provocam sofrimento, desesperança, depressão e medo.
São diversas as violências enfrentadas pelos idosos, entre elas a violência física, a psicológica, a financeira, abandono e negligência. Conforme alerta Waldemar, a violência contra idoso é crime e as penas podem variar de dois meses a 30 anos de reclusão e multa. Ele alerta para que as pessoas não fiquem em silêncio diante de tais situações e que se a pessoa idosa estiver passando por isso, é preciso procurar a Delegacia ou ligar no disque 100 para realizar a denúncia anonimamente.
PANDEMIA E OS IDOSOS
O presidente do CMDI aproveita também para chamar a atenção da importância da população em se mobilizar em prol dos asilos. Segundo Waldemar Galvão, nesse distanciamento social que vivemos não tem sido fácil, principalmente, para a pessoa idosa. Ele destaca diversas mudanças que aconteceram frente à pandemia da Covid-19 e que causaram impactos nas casas de acolhimento das pessoas idosas.
"Não sair de casa, não receber a visita de familiares e amigos, além de higienizar tudo a toda hora e usar máscara, tudo isso é uma mudança e tendemos a ter dificuldades em mudar, resistimos. Mas você já pensou na rotina de um idoso em uma casa de acolhimento de idosos? Nestes ambientes, a mudança é mais difícil do que para nós", aponta.
Conforme o presidente do CMDI, em uma instituição de longa permanência, que chega a ter mais de 50 idosos, ele destaca a dificuldade que é para se manter as medidas de segurança, entre elas uso de máscara, distanciamento e higienização das mãos, e quão difícil é para esses idosos lidar com a falta do contato humano e do carinho ao qual estavam acostumados dos visitantes e dos próprios funcionários da instituição.
"A Instituição tem que administrar muito bem para que o idoso não fique deprimido, não desenvolva uma depressão. A instituição acolhedora tem que treinar os enfermeiros, os médicos, os acompanhantes para que os residentes não venham contaminar-se entre si. É muito difícil de manter o idoso de modo que não haja a contaminação e, também para que ele não enfrente uma depressão pela falta do contato. É preciso manter esse idoso ocupado com alguns tipos de diversões, tomar sol, tirá-lo da cadeira ou da cama. E não é fácil para uma instituição fazer isto com 50, 100 ou 200 internos, que tem limitações para se locomover", destaca.
Segundo Waldemar, por tudo isto, e com as mudanças ocasionadas pela pandemia, as casas de acolhimentos de idosos também sofreram impacto financeiro. Ele destaca que a pandemia e as recomendações para restringir aglomerações impossibilitaram as instituições de promoverem campanhas para angariar recursos financeiros, ficando assim sem a seus almoços beneficentes, jantares, chás, o bingo entre outras ações que permitiam arrecadar dinheiro para manter os trabalhos das instituições.
"Tendo aumento com as despesas, entre elas material de limpeza, máscara, e EPIs que são usados e trocados frequentemente (e que não era um despesa recorrente), despesa com remédios que não se fazia usar para melhorar mais a imunidade dos internos, além de criar ambientes para isolamento de pessoas com sintomas suspeitos da Covid-19, além de ter muitas despesas extras afastando alguns funcionários e cuidadores, trabalhando em regime de revezamento, e também ter que contratar mais enfermeiros, e que são profissionais caros", acrescenta.
Waldemar destaca que se está difícil para nós, que estamos em nossos lares acompanhados da família, além de ter o apoio de alguém para fazer suas compras, para as instituições de longa permanência está muito mais complicados. "Oremos por eles, e façamos também alguma coisa, não só oração, vamos pensar, agir e ajudar essas entidades", completa.