POLEPOSITION

Super temporada europeia

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 21-06-2020 08:08 | 1424
Temporada da F1 deve se concentrar na Europa por conta da pandemia
Temporada da F1 deve se concentrar na Europa por conta da pandemia Foto: Antonin Vincent / DPPI

O atraso para o começo do campeonato, os imensos desafios de cruzar fronteiras, as implicações logísticas e de cuidados essenciais contra o coronavírus, além do número reduzido de pessoas essenciais que viajarão para as corridas, e a (quase) necessidade de criar um calendário com pelo menos 15 corridas para que haja menos danos nos cofres da F1 e consequentemente das equipes, tende a fazer com que a categoria se concentre praticamente na Europa neste ano atípico por causa da pandemia.

Até o fechamento desta coluna a Liberty Media, dona dos direitos comerciais da Fórmula 1 havia divulgado apenas as oito primeiras etapas do campeonato que deve começar dia 5 de julho na Áustria com duas corridas em dois finais de semana seguidos, passando pela Hungria, e na sequência dois GPs em Silverstone, na Inglaterra, em outros dois finais de semana consecutivos, depois Espanha, Bélgica e fechando a primeira série em Monza, na Itália.

O lado bom de se concentrar na Europa é que poderemos ter pistas novas no calendário. Uma delas é o Circuito de Algarve, em Portimão, com conversas bastante adiantadas de Portugal poder voltar a realizar um GP depois de 23 anos. Cogitou-se inclusive a possibilidade de serem duas provas no país luso. Outra pista nova com boas chances de fazer parte do campeonato é o Circuito de Mugello que pertence a Ferrari, o que abriria a chance de acontecer logo após o GP da Itália, quando a Ferrari completará seu 1000º GP na F1.

Uma tacada interessante seria deixar a organização da corrida a cargo da própria Ferrari que disputaria a corrida histórica em sua casa. E a Itália ainda tem a chance de realizar uma terceira corrida já que há interesse também do Circuito de Ímola voltar à categoria com o GP de San Marino que fez parte do calendário da F1 até 2006.

O circuito alemão de Hockenheim, que estava fora do campeonato deste ano por questões financeiras, aguarda a confirmação dos dirigentes da Liberty Media para ser incluso na temporada, fechando assim a ‘super temporada europeia’ com 12 GPs em oito países e 10 pistas diferentes, algo inédito na F1.

De concreto até o momento é que o campeonato deve terminar em dezembro no Oriente Médio com os GPs do Bahrein e de Abu Dhabi, na talvez única e provável escapada da Europa. Está na mesa estudos para que o Bahrein também realize dois GPs, sendo um deles no anel externo do Circuito de Sakhir, e fechando a temporada em Abu Dhabi.

Somando tudo daria o total de 15 corridas, e a F1 trabalha com a expectativa de realizar entre 15 e 18 GPs para que os milionários contratos com as emissoras de TV sejam validados, sob o risco de a Liberty Media contabilizar prejuízos ainda maiores.

À medida em que algumas corridas vão sendo oficialmente canceladas - já são 7 no total e o próximo deve ser o GP do Canadá - crescem as chances de o GP do Brasil ser realizado, mas na mesma medida em as coisas forem se ajeitando na Europa, aumentam as probabilidades de a categoria sair apenas para o Oriente Médio.

Isso porque é pouco provável que o GP dos Estados Unidos aconteça, e os gastos para transportar equipamentos e pessoas essenciais para correr apenas no México e no Brasil seriam maiores que a arrecadação já que o GP do Brasil não gera receitas para a Fórmula 1 por ser ao lado de Mônaco os únicos que não pagam as altas taxas para receber a categoria: Mônaco pelo valor histórico, e o Brasil por conta de um acordo feito por Bernie Ecclestone quando ainda era o chefão da F1.

Desta forma, não é pessimismo acreditar que o Brasil deverá acabar fora do calendário deste que é o último ano do contrato atual com a F1, e há uma longa e complicada história por trás para que um novo acordo seja renovado pelos próximos anos.

Portanto, o GP do Brasil só acontece se não houver acordo com as novas pistas que entraram na lista de possíveis adesões ao complicado calendário que está sendo montado para esta temporada, e ainda faltar locais para pelo menos 15 corridas.