Algumas pessoas têm um carisma único e uma energia capaz de nos acolher e nos fazer se sentir bem. É o caso da professora Cláudia Maria Pimenta de Pádua Araújo, que desde muito cedo, sempre buscou cultivar boas energias e compartilhá-las com o próximo. Cláudia é filha de Iracema Cândida Pimenta e João Pimenta de Pádua (em memória), casada com Ricardo Araújo, e mãe do jovem escritor Ricardinho Pimenta, que também foi entrevistado nesta Coluna em junho de 2019. É acolhedora que ela recebe a reportagem do Jornal do Sudoeste e compartilha um pouco da sua história.
Jornal do Sudoeste: Conte-nos um pouco das suas memórias da infância...
C.M.P.P.A.: Parte da minha infância passei na roça, onde morávamos. Meu pai faleceu quando eu tinha um ano, e era a minha mãe quem tomava conta de tudo. Era uma festa para gente ficar na roça, no meio do povo, dos cafezais. Morávamos nos Pimentas, até que em uma determinada época ocorreu uma geada muito forte e queimou toda a lavoura. Diante disto, minha mãe precisou vender a propriedade para pagar os credores. Foi neste momento que nos mudamos para Paraíso. Eu era muito jovem na época. Minha mãe nos criou sozinha, e os irmãos mais velhos (eu sou a caçula de seis irmãos) também trabalhavam para ajudar nas despesas menores. Nesta época, eu comecei a ajudar a minha mãe a vender quitandas que ela fazia. Acho que daí nasceu essa minha habilidade para o comércio. Para a minha mãe, acredito que foi uma vida mais sofrida, mas para a gente que era criança, tudo era festa. E eu sempre vi beleza em tudo, e para mim tudo estava sempre ótimo.
Jornal do Sudoeste: Onde você estudou e por que decidiu fazer Biologia?
C.M.P.P.A.: Estudei no Coronel José Cândido, depois no Paraisense e conclui o Ensino Médio no Ditão. O Ensino Superior fiz em Passos, onde estudei Biologia, é daí que vem esse meu lado das plantas (risos). Costumo dizer que carrego um pouquinho de cada coisa, a parte de Bióloga, professora de meditação, a terapia com o Reiki, Massoterapia. Desde criança, gostava de brincar com plantas, tive esse contato com a natureza e quis seguir por esse caminho. Trabalhei muitos anos na Superintendência de Ensino, onde fiquei por 10 anos, mas não era concursada. Quando foi realizado concurso, coincidiu com o nascimento do meu filho, o Ricardinho. Diante das situações todas daquela época, eu optei por abandonar o trabalho na Superintendência e como confio muito em Deus, pensei “tudo vai ser providenciado por outros meios”.
Jornal do Sudoeste: E o que você decidiu fazer?
C.M.P.P.A.: Fiquei cuidando do meu filho por dois anos, mas chegou o momento em que decidi arrumar um trabalho para conciliar com a minha vida, e como tinha feito Biologia, decidi começar a dar aulas. Trabalhei na Rede Estadual e, logo depois, me chamaram para trabalhar no Colégio Crescer, onde atuei por mais 10 anos. No Estado conheci muita gente e em todas as escolas por onde passei, fiz grande amizades. Eu passo pouco tempo num local e parece que esse pouco tempo serve a um propósito: quando trabalhei no Clóvis, meu filho que iria prestar o Enem, acabou realizando a prova lá. Digo que é providência de Deus. Por onde passo, sei que é por um propósito.
Jornal do Sudoeste: Como foi a partir daí?
C.M.P.P.A.: Eu continuei dando aulas, e comecei a fazer massoterapia e, ao mesmo tempo, a manter a loja. Tudo levou para um caminho em que eu precisava tomar uma nova decisão. Então decidi ficar somente com a loja e o espaço de meditação, reiki, massoterapia e yoga. Parei com as aulas por enquanto, até tentei pegar aulas este ano, mas então veio a pandemia.
Jornal do Sudoeste: Não tem sido muito fácil...
C.M.P.P.A.: Percebi que aumentou muito o número de pessoas com o emocional abalado, muita gente precisando de ajuda... É uma fase de autoconhecimento. Acredito que seja uma fase que tenha surgido para as pessoas terem mais contato com a família, voltar para si próprios, enxergar os seus limites e confiar em Deus.
Jornal do Sudoeste: Como surgiu a Massoterapia em sua vida?
C.M.P.P.A.: Já faz muito tempo que trabalho com o Reiki e essa parte das energias com as mãos. Sobre a Massoterapia, eu ganhei uma massagem de presente e percebi o benefício que isso oferecia para as pessoas. Foi quando resolvi que se surgisse um curso, eu iria fazer. Na semana seguinte apareceu a oportunidade, em Ribeirão Preto, e fui. Fiquei por lá durante uma semana e, depois de concluído, comecei a colocar em prática e ver os benefícios que causava nas pessoas: sentimentos, relaxamento, melhora das dores. E continuei com esse trabalho.
Jornal do Sudoeste: Qual a importância de se encontrar esse bem-estar por meio da meditação e como esta pode ajudar as pessoas diante desta fase que vivenciamos?
C.M.P.P.A.: A meditação em si busca fazer com que o indivíduo se encontre, mas o mais importante é fazer com que a pessoa passe a observar mais as situações e não agir por impulso, através de técnicas de respiração. Além de silenciar a sua mente para essa busca do eu-interior e saber que a felicidade está dentro de cada um de nós, de ver a beleza em tudo o que olhamos, as noções de valores que estão tão perdidos por aí... A técnica que eu proponho e que amo é para ajudar a diminuir a ansiedade, a insônia e a ajudar as pessoas a lidar com seus problemas.
Jornal do Sudoeste: Qual o significado da família para você?
C.M.P.P.A.: Família é uma escola, onde você está para evoluir e aprender com essas pessoas. Família é nossa primeira escola e que nos ensina muito. A minha família em si, os meus irmãos, somos muito unidos e, apesar de não nos encontramos sempre, se dissermos que precisamos de algo vem todo mundo, claro que cada um tem sua crença, e nós respeitamos a crença de cada um... é o amor. A família que eu formei, meu marido, meu filho, é a minha paixão e, também, aprendizado: todos dias aprendo um pouco.
Jornal do Sudoeste: E como é ser mãe de um escritor talentoso como o Ricardinho?
C.M.P.P.A.: É uma responsabilidade muito grande porque ele tem todos os dons possíveis e eu sou mais tímida, não gosto de divulgar nada, então deixo essa parte para meu filho. Ricardinho é um presente de Deus, de muitas vidas.
Jornal do Sudoeste: Como tem sido para você encarar essa pandemia?
C.M.P.P.A.: De modo geral, tem sido tranquilo. Claro que estamos tomando todos os cuidados. O triste é que temos notado muita gente adoecer, não de coronavírus, mas da alma. Eu sempre busco enxergar o benefício de tudo o que está acontecendo e por quê foi necessária essa pandemia. Precisamos analisar e aprender, nada é por acaso.
Jornal do Sudoeste: Qual a mensagem que você deixa para os nossos leitores?
C.M.P.P.A.: O que sempre digo para as pessoas é: respire, tenha amor ao próximo, mas esse amor tem limite porque há àqueles que não querem ajuda, e às vezes é necessária a queda, a queda faz parte do crescimento. Sempre digo para as pessoas confiarem em Deus, fazer o seu melhor, ter a consciência de que você é humano e que também erra. Devemos seguir sempre em frente, e deixar o passado no passado. Precisamos sempre acreditar, jogar para o universo que ele devolve. Se você tem pensamentos bons, você recebe tudo de volta. Faça sempre o bem, seja feliz do seu jeito.
Jornal do Sudoeste: Qual é o balanço que você faz dessa jornada até aqui?
C.M.P.P.A.: É de uma vida muito boa, apesar dos desafios. Eu sou muito feliz. Trabalho com o que gosto, ajudo àqueles que precisam, tenho o meu filho Ricardinho. Não tenho nada do que reclamar.