O projeto Equoterapia, da fisioterapeuta Jerusa Colombaroli, precursora da técnica em São Sebastião do Paraíso, completou nesta semana 16 anos de atuação. A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de seus praticantes. No município, o primeiro atendimento ocorreu em 12 de novembro de 2004.
Conforme destaca Jerusa, hoje o projeto é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, mas no início da empreitada o trabalho era desenvolvido por ela e pelo equitador Maurício Xavier. “O equitador é importantíssimo dentro da equipe e dentro de um centro de equoterapia. Foi ele quem me ensinou a como realizar esse contato com cavalo, a comandá-lo. Busquei a ajuda do Maurício para que ele me capacitasse e eu pudesse fazer o curso e começar os atendimentos de equoterapia”, recorda.
O primeiro atendimento, realizado em 12 de novembro de 2004, num primeiro momento seria para uma praticante que queria muito andar a cavalo. “Eu não imaginei a proporção que iria tomar a equo-terapia. Os médicos começaram a encaminhar as pessoas e as mães começaram a procurar porque a equoterapia nessa época, no Brasil como um todo, começou a ser muito vista e muito valorizada. Cresceu muito o número de centros de equoterapia e a procura foi aumentado cada vez mais”, destaca.
Quatro anos após o início das atividades, Jerusa conta que conseguiu transforma o projeto em uma associação sem fins lucrativos, assim, então, nasceu a Associação do Centro de Reabilitação Neurológica e Equoterapia Amorequo. “Até então, durante esses quatro anos, trabalhávamos como uma empresa particular. Em 1º de outubro de 2008 fundamos o Amorequo e desde então os nossos apoios cresceram muito”.
Hoje, o projeto atende não só a São Sebastião do Paraíso, mas também crianças de São Tomás de Aquino, Fortaleza de Minas, Monte Santo e Jacuí. “Somos uma referência na região em centro de equoterapia. Nós conseguimos, no ano passado, trazer a equipe de Brasília aqui para Paraíso e oferecer o curso básico de equoterapia, que capacita os profissionais a atuarem como equoterapeutas. Foi um salto muito grande e um reconhecimento nacional que tivemos por trazer a equipe da Associação Nacional de Equoterapia”.
Conforme Jerusa, o grupo também necessita da ajuda dos pais e dos professores para o melhor desenvolvimento dos praticantes da equoterapia. “Baseado nisto, temos buscado trazer conhecimento para a cidade. Foi uma proposta muito legal que fizemos em 2018 e 2019 e vejo que engrandeceu muito a cidade como um todo”, ressalta.
O Amorequo sobrevive de doações, tanto de pessoas físicas como de pessoas jurídicas. “As crianças que estão inscritas na associação não têm custo para fazer o tratamento. Nós temos parceria com a Prefeitura e neste atual momento recebemos também um repasse do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). Somando tudo isso, é o que nos ajuda a manter hoje o atendimento a 140 praticantes de equoterapia, entre crianças, adolescentes, adultos e idosos”.
Conforme a fisioterapeuta, é um público acima de dois anos de idade com as mais diversas patologias. Por muito tempo, quando se pensava em equoterapia, Jerusa conta que se pensava em alguma criança na cadeira de roda que não conseguia andar, mas os trabalhos mostraram que não são só essas crianças são beneficiadas, mas também aquelas diagnosticadas com autismo, hiperatividade, e síndromes diversas e muitas crianças com dificuldades de aprendizagem na escola.
“É um público que tá sendo muito beneficiado com esse tratamento. A equoterapia tem sido um diferencial muito grande na vida dessas crianças. Em anos anteriores, o que não aconteceu neste ano, o complemento de renda que tínhamos eram os eventos extras que fazíamos com regularidade, entre eles a Cavalgada, bingos, os jogos especiais onde todos recebiam medalha (era um evento maravilhoso), e promovíamos ainda palestras e workshops para trazer conhecimento para cidade”, recorda.
Todavia, em decorrência da pandemia da Covid-19, neste ano o grupo não pode promover nenhum evento, cujo dinheiro arrecadado era destinado a manutenção do projeto, como compra de ração para os cavalos, exame de sangue, vacina e vermifugação dos animais. “Isso tudo é muito caro, e atualmente são 16 cavalos e todos requerem cuidados especiais e têm que estar com boa saúde e boa aparência. Não são cavalos tão jovens, são animais mais delicados, e que apesar das dificuldades estão sendo muito bem cuidado”, acrescenta a fisioterapeuta.
Atualmente, a equipe é composta por dois fisioterapeutas, um terapeuta ocupacional, duas pedagogas, dois psicólogos, uma fonoaudióloga, um equitador e um instrutor de equitação. “Essa é a nossa equipe multidisciplinar que faz os atendimentos, que acontece todas as terças e sextas no recinto da Expar. Àqueles que queiram fazer um contato e nos ajudar, fazer alguma doação, que não precisa ser em dinheiro, até mesmo um saco de ração já ajuda, pode fazer contato no (035) 99898-3975”, completa.