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Márcio da Academia: A vereança como papel transformador na vida dos cidadãos

“Temos a oportunidade de fazer um trabalho histórico, será 200 anos de São Sebastião do Paraíso. É o começo de um novo século: de oportunidade, de prosperidade”
Por: João Oliveira | Categoria: Entretenimento | 23-11-2020 09:47 | 1442
Márcio é educador físico e proprietário da Academia Energy
Márcio é educador físico e proprietário da Academia Energy Foto: Arquivo Pessoal

O empresário e educador físico Márcio Aurélio de Carvalho, o Márcio da Academia, desde muito cedo enfrentou grandes dificuldades na vida, mas nunca desistiu dos sonhos e nem de lutar pelo o que acredita: fazer a diferença e oportunizar condições mínimas de vida para aqueles que conhece e que cruzam o seu caminho, assim como fizeram com ele. Espiritualizado, acredita na fé e no poder da família para o bem-estar do próximo. leito vereador, destaca que esta é a oportunidade de poder retribuir tudo aquilo que a comunidade fez por ele. Primogênito da costureira Odete Rosa de Carvalho e Valter de Carvalho (em memória), irmão da Lilian, Rose e Flávia, aos 49 anos, casado com Suelen Aparecida Martins de Carvalho, pai da Bianca, de 12 anos, e Antonella, de três anos, Márcio tem grande expectativa para o futuro e espera que o início do novo século para Paraíso seja o início de grandes transformações.

Jornal do Sudoeste: como foi os primeiros anos da sua vida?
M.A.C.: Eu nasci em Santa Rita de Cássia, mas vim ainda muito jovem para Paraíso e por questões de oportunidades também moramos em Três Pontas. Mas aqui, em Paraíso, foi onde me constitui, conheci minha esposa (em um grupo de jovens). Meu berço é católico, mas sempre respeitei e pude ter outras experiências religiosas, com a religião Evangélica, com o Espiritismo. Hoje, costumo dizer que minha vida é dividida em duas partes: por meio da Igreja  me tornei a pessoa que sou (o caráter, de ser mais humano), e o Tiro de Guerra, que me fez ser o homem (ser responsável, compromissado com tudo o que faço). São fases distintas. Minha infância foi muito bonita, cheguei a estudar em escola rural quando moramos em Três Pontas, aqui estudei nas escolas Chapeuzinho Vermelho, Noraldino Lima, Campos do Amaral, Paraisense, Ditão, e na Escola Técnica de Comércio. E sempre trabalhei. Com sete anos vendia pastel na porta da Caixa, verdura na casa dos vizinhos, e quando fui para Três Pontas vendia mexerica em campo de futebol. Minha infância foi muito bacana, mas desde cedo sempre busquei ganhar meu próprio dinheiro. Tinha um pai que possuía problemas com o alcoolismo, que mexeu muito com a minha família e nos fez passar por grandes transformações.

Jornal do Sudoeste: Você passou por problemas complicados de saúde ainda muito jovem...
M.A.C.: Sim. Eu nasci com um problema no coração, operei quanto tinha 22 anos. Quase todos da família tiveram problemas assim, tanto que perdi meu pai, tios, avós, todos enfartados. Passei por uma cirurgia, e acabei me tornando um educador físico. Participava de campeonatos de aeróbica, montamos campeonatos de mountain bike. Costumo dizer que, neste período que enfrentei esses problemas de saúde, isto nunca me afligiu em nada, tanto que servi ao Tiro de Guerra, mesmo não podendo, mas eu quis! Era apaixonado por Educação Física, e tenho como referência o professor José Heriberto Coelho (Bigode).

Jornal do Sudoeste: A religião e o serviço militar tiveram papéis importantes na sua vida...
M.A.C.: Sim, é o que digo: a Igreja me fez que eu sou como pessoa e o Serviço Militar, o homem. Costumo dizer que quem tem envolvimento religioso, independentemente da religião, são pessoas mais humanizadas, vê o outro não pela aparência, mas pelo o que ela é. É o que me motiva a entrar para a política, levar essa humanização para esse âmbito. Sofro muito com isso, por ter passado muita dificuldade, e não ter sido pior se não fosse a minha mãe e também, quero deixar esse nome registrado, o senhor Marcílio Colombarolli, que era espírita e influenciou muito os trabalhos sociais que viemos a fazer depois. Recordo-me quando ele chegava lá na minha casa, de bicicleta, levando uma cesta-básica. É uma pessoa que tenho uma admiração extrema, por tudo o que ele fez pela minha família.

Jornal do Sudoeste: E por que quis se tornar educador físico?
M.A.C.: Sempre gostei muito de esporte, e fui o garoto de rua que praticava todas aquelas brincadeiras folclóricas e que até hoje eu ensino nas minhas turmas de Educação Física. Tive uma infância muito rica e quem me levou para a Educação Física foi o mesmo amigo que me levou para a Igreja, o Agnaldo Luiz da Silva (Djai), que faleceu no mesmo ano que meu pai. Ele foi um irmão de sangue que eu não tive. Incialmente, fui para a área das Ciências Contábeis porque não tinha recurso para encarar o curso de Educação Física. Depois fui para essa área, porque já trabalhava em academia de ginástica e precisava aprimorar meus conhecimentos para trabalhar. Quando fui para a EF, trabalhava em uma eletrônica, que fui desvinculando devagar. A primeira experiência foi dando aula em Academia, participava de campeonatos de aeróbica, e fomos campeões (eu, o Djai e Giovana da Academia Impacto). Nas escolas, comecei a dar aula no Colégio Paula Frassinetti, das Irmãs, dava aula para crianças de 4 a 6 anos; nesse meio tempo trabalhei na Escola Estadual Paula Franssinetti, no São Judas; trabalhei na APAE; e também no Colégio Objetivo, onde dou aula até hoje. Trabalhando sempre com crianças, porque tive uma infância rica. Gosto de trabalhar com os idosos também, com pessoas que têm algum problema de saúde, porque passei por isso.

Jornal do Sudoeste: Você também é pioneiro em alguns eventos...
M.A.C.: Criamos o primeiro campeonato de Mountain Bike, em 1992. Depois promovemos a primeira gincana do Objetivo (o triatlo); muitos eventos na Praça. E hoje, temos a Corrida da Energy, que criamos em homenagem ao Dia do Professor de Educação Física, que acontece em setembro, este ano não promovemos devido a Pandemia. É uma corrida que já se tornou tradição. Inclusive, o Daniel Naves é quem nos ajuda a organizar todos os anos.

Jornal do Sudoeste: Como começa sua relação com a Academia?
M.A.C.: Eu comecei como aluno em uma academia, a Físico e Forma, e depois me tornei professor. Lembro-me que o Djai me chamou para fazer aulas, e depois comecei a dar aula, nesse meio tempo comecei a fazer o curso e me formei em Educação Física. Ao longo desse período comecei a construir esse nome: “Márcio da Academia”. Fui crescendo, e construindo essa reputação na área da Educação Física. Sempre fui comprometido com a Educação, com os valores que recebi (Deus e a Família). Quando saí da academia onde trabalhava, e nessa época também saíram o Djai e a Giovana, fundamos a Energy, na época Total Fitness, lá pelos idos de 1994. Depois ficamos somente eu e a Giovana, mas depois um outro sócio comprou a parte da Giovana, que por sua vez abriu a Impacto, e aí nasceu a Energy. Depois, tive outros dois sócios, o Agnaldo (o Tiguina), que ficamos juntos 23 anos, e um outro, que não deu muito certo. Hoje estou sozinho. Veio essa pandemia, e estamos nos reerguendo.

Jornal do Sudoeste: Muito difícil ser empresário?
M.A.C.: Sim. Primeiro temos que pensar nas contas, depois nas famílias dos colaboradores, e o empresário é o último. Este ano enfrentamos a pandemia, ficamos mais de 37 dias parados, e tive um prejuízo muito grande. Chorava quase todos os dias. Esta foi uma das razões que me fez tentar novamente a vereança, porque durante esse período, ia quase todos os dias à Câmara para tentar resolver a situação dos educadores físicos, foi o que motivou a tentar o cargo com mais força, para representar esses profissionais. Eu não quero passar por essa situação da pandemia novamente, e nem quero que meus colegas passem. Hoje, estamos nos recuperando, recuperamos 60% do movimento, mas o estrago foi feito.

Jornal do Sudoeste: Você foi eleito vereador pelo PL. Como tem encarado a situação?
M.A.C.: Esta é a segunda vez que tento, mas neste ano vim muito mais motivado em função de tudo que nós, profissionais da Educação Física, vivenciamos: a pandemia e ter sido proibido de trabalhar. O resultado para mim, foi uma surpresa, eu já tinha desistido no momento em que estava acompanhando a apuração porque meu partido não tinha atingido o mínimo de votos para eleger um candidato. Estou muito feliz em poder representar todos que votaram em mim, os profissionais da Educação, e mesmo aqueles que não votaram. Temos a oportunidade de fazer um trabalho histórico, será 200 anos de São Sebastião do Paraíso. É o começo de um novo século: de oportunidade, de prosperidade, temos que oportunizar a educação, a qualificação profissional, principalmente àqueles que são arrimo de família. Outra preocupação é a população idosa, a criação de centros de convívio social, que chamo de “Acolhida”. Há a questão da falta de empregos, de crianças que poderiam estar em casa, mas estão na creche ocupando vaga daquelas que o pai não pode ficar com ela. Enfim, há muita coisa a ser pensada e tenho muitos projetos para ser pensado.

Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz dessa trajetória?
M.A.C.: Eu nasci em Cássia, vim para Paraíso quando ainda tinha dois anos e toda a minha vida está aqui. Tudo de mais importante que me aconteceu está aqui, em São Sebastião do Paraíso: a primeira escola que estudei, o primeiro emprego, a empresa, as oportunidades, a minha transformação de vida por meio do Encontro de Jovens, por meio do Tiro de Guerra (90/2), aqui conheci minha esposa, a Suelen, com quem tive minhas filhas, a Bianca e Antonella. O meu amigo Djai, que já não está entre nós, que me trouxe para o meio da Educação Física; as escola onde trabalhei como o Colégio das Irmãs, o Objetivo, a APAE, que me trouxe ensinamentos profundos, a Escola Paula Frassinetti no João Judas, que me permitiu saber sobre o impacto da escola pública na vida dos jovens; a Energy, que é um sonho e me mostrou que podemos ajudar a colaborar na saúde e qualidade de vidas das pessoas, influenciar comportamentos; os amigos que me acolheram nos momentos difíceis, as oportunidade que Paraíso me trouxe; o senhor Marcílio que me mostrou que podemos ajudar aos outros com o mínimo e influenciou a encabeçar um projeto que jamais será usado como campanha política, que é a arrecadação de alimentos a serem doados para famílias que precisam, porque eu sei como é difícil pedir essa ajuda e como também é humilhante. Tenho uma gratidão muito grande por todos que me influenciam e me ajudaram em todos os sentidos: profissionalmente, com questões de necessidades básicas, politicamente e que abraçaram a minha causa, como a Dona Leila, por quem tenho um carinho muito grande, as empresas. Fechando o balanço, é um futuro de expectativas, um futuro onde eu possa fazer a diferença, sem deixar jamais os nossos princípios: Deus, família, dignidade, honestidade, transparência e vontade de servir a comunidade que sempre nos ajudou e esta é a hora de retribuir.