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Presidente Joias, há mais de quarenta anos uma referência regional

Por: Nelson Duarte | Categoria: Entretenimento | 01-02-2021 16:45 | 2391
Francisco Pannaci entre os colaboradores
Francisco Pannaci entre os colaboradores Foto: Nelson Duarte

Há mais de quatro décadas a Presidente Joias iniciou suas atividades em São Sebastião do Paraíso. Para ser mais preciso, no dia 2 de maio completará quarenta e quatro anos. Uma história de trabalho e visão empreendedora iniciada por seu precursor, Antonio Paulo Pannaci e que teve sequência em seus filhos.

O fundador da Presidente Joias foi meu saudoso pai, Antonio Paulo Pannaci que foi nosso exemplo, conta Francisco Marques Pannaci  que ainda bem jovem no início da década de 1980 se integrou à empresa, e há alguns anos é seu diretor.

Paulo Pannaci, de fato, é uma referência na história de São Sebastião do Paraíso quando se fala em disposição para o trabalho, superação, resiliência. Desde criança ajudou seu pai, o imigrante italiano Antonio Pannaci, em sua sapataria. Exerceu várias profissões. Foi alfaiate, e deixou a profissão após perder um braço em acidente. Teve bar em Paraíso, depois na Estância Água Fortaleza (atualmente Água Azul), de onde também trazia água mineral em garrafões para ser entregue. Foi fabricante  de toldos.

Uma empresa de São José do Rio Preto que vendia anéis de formatura sabendo do carisma de Paulo Pannaci lhe propôs, e ele aceitou, o desafio de ser representante de vendas. Começou vendendo na região de Alfenas, Campo Belo, Campos Gerais, Machado, Poços de Caldas, várias cidades do Sul de Minas, e se saiu muito bem.

“Como este ramo é de muita oscilação, as empresas sempre estavam corrigindo tabelas,  e numa dessas alterações  foi algo meio absurdo, e meu pai ficou chateado e questionou o gerente da empresa.  Que, daquela forma, ele iria trabalhar por conta própria, porque baseando nos lucros que a empresa estava auferindo, ficava impraticável, e ao mesmo tempo, ele poderia trabalhar sozinho”.

Na viagem de volta de São José do Rio Preto, depois de ter acertado o fim de seu contrato com a empresa, a caminho de Paraíso ele já pensou, Presidente Joias. E justificava que “Presidente” é quem comanda. Criou, registrou a empresa, iniciando as atividades no dia 2 de maio de 1977.

Começou como escritório na Galeria Central (Praça Comendador José Honório), e Paulo fazia vendas externas na mesma região onde vendeu anteriormente anéis de formatura. Na sequência incorporou algumas peças de ouro, prata e relógios. “Depois de uns dois anos colocamos pequenas vitrines no escritório, e nelas, alguns produtos mais em conta, mais simples. Foi o começo de tudo”, conta Francisco Pannaci.

A Presidente Joias permaneceu por uns quatro anos na Galeria Central.  Posteriormente se instalou em duas salas que foram adquiridas, no Edifício Ouro Verde. “Depois de uns seis anos houve a oportunidade de transferir a loja para a rua Coronel Francisco Adolfo por ser ponto comercial melhor, onde anteriormente funcionou a Caixa Econômica Federal.  Ficamos por uns quinze anos, quando com mais três sócios adquirimos a sala que era do Banco do Estado de Minas Gerais – Bemge, que era ao lado, nossas atuais instalações”, explica.

“Foi Deus quem colocou em nossas mãos, porque até as instalações que já existiam  se vestiram como uma luva onde estamos hoje, que é propriedade da empresa.  Estamos em sala própria, ampla, que nos abrigou e deu condições de atender cada vez melhor nosso público”, ressalta.

Nesses mais de quarenta anos de existência a Presidente Joias, a exemplo de outras empresas experimentou mudanças na economia e sucessivos planos econômicos. “Enfrentamos altos e baixos, passamos por crises principalmente em 1987, quando a inflação no país chegava à marca absurda de 87% ao mês. Tínhamos tabelas periódicas, todos os dias fazíamos correção de preços por um fator pré-determinado. O ouro é um ativo financeiro, uma moeda mundial, e oscilou mais ainda”.

“Vivemos nos adequando, moldando, absorvendo as mudanças e isso nos deu a oportunidade de estar aqui até hoje, procurando da melhor forma possível, honrar e cumprir compromissos, conforme ensinamentos de meu pai e minha mãe. Tivemos momentos difíceis, momentos agradáveis de crescimento”, pontua Francisco Pannaci.

A Presidente Joias foi crescendo e chegou onde está. “Meu pai ficou na administração por alguns anos e nos passou todo o carisma com que tratava clientes, aquele amor à profissão, ao trabalho, respeito e carinho ao tratar o consumidor, o cliente amigo. Depois ficamos eu e meu irmão mais velho, Paulo Sérgio Pannaci que foi registrado como funcionário em 1982, e eu, um ou dois anos depois.  Numa determinada época foi dividido e acabei ficando com uma parte maior na sociedade. Meus irmãos até então não participavam somente eu e Paulo Sérgio. Depois de algum tempo fizemos um acordo, ele decidiu sair da sociedade, retornando após falecimento de meu pai, quando da partilha. O novo quadro societário passou a ter a participação do Paulo Sérgio, minha irmã Fabíola, do irmão caçula Saulo e minha mãe Vera Marques Pannaci.

A Presidente comercializa e dá assistência em joias, semi-joias e relógios. “Numa época meu pai ficou sabendo que o ourives e joalheiro João Candi-ani,  muito conceituado, de uma capacidade ímpar de trabalho nessa área, morava em Campinas e retornou para Paraíso. Meu pai o convidou e ele aceitou vir trabalhar conosco numa oficina de reparos, consertos e confecção de peças específicas. Trabalhamos juntos por uns oito a dez anos. Eram joias sob encomendas, não para vitrine . Resolvemos nos separar. Continuamos dando esta assistência, inclusive terceirizando”, lembra Francisco Pannaci.

Também na prestação de serviços, conforme explica, há mais ou menos trinta anos, seu cunhado, Celso Henrique Barbosa demonstrou a capacidade de aprender a profissão de relojoeiro. “Ele fez curso de consertos em São Paulo se especializando na área de relógios digitais e eletrônicos e veio trabalhar conosco, e permanece até hoje”.

Acompanhando tendência mercadológica, Francisco disse ter entrado na área do e commerce, ou seja, loja virtual com vendas feitas de forma eletrônica . “Trabalhamos por três ou quatro anos, mas é muito concorrida, com muitos problemas. Comecei do zero, valeu a experiência, participei de workshops tivemos todas a informações necessárias, e hoje conheço bem essa área que exige muito investimento, e às vezes o resultado não é o que se espera. Decidi focar aqui”, enfatiza.

Valendo-se de ferramentas existentes, a Presidente Joias utiliza-se de mídias sociais. “Tenho minha filha Aline que trabalha comigo, em casa mesmo, em home office. Ela faz postagens no Instagram, Facebook e surte efeito muito positivo. Aline se forma em Farmácia, cola grau neste ano, e tem o dom para o marke-ting”.

Francisco explica ter cogitado montar uma filial em Paraíso e mais recentemente em Passos, mas decidiu manter e investir, dar toda sua atenção para  “cuidar desta galinha de ovos de ouro”, que cuida de muitas famílias, referindo-se à tradicional loja. “Temos doze colaboradores, além dos membros de nossa família, então é uma empresa que vem crescendo ao longo do tempo, se consolidando com os pés firmes no chão”.

Sobre o momento atual, ele diz “acompanhar notícias isentas de partidarismo e ideologias, procura filtrar e pelo que vê, esse período de pandemia vai se arrastar ainda por algum tempo.  Mesmo com a vacina estando aí, as coisas mudaram, e não voltarão a ser o que era em muitos aspectos. Comercialmente não acredito, porque passamos  por esta crise iniciada no ano passado,  e devido às adequações que fizemos no acompanhamento de tudo, e o tratamento com muito respeito em relação a isso com nossos clientes, mantivemos  equilíbrio nos nossos negócios. Não tenho receio, medo do que possa vir acontecer” pondera Francisco Pannaci.

“Confesso que a princípio fiquei apreensivo, não sabia no que poderia resultar, mas com o tempo passando, nos inteirando do assunto, fiquei muito tranquilo.  Hoje trabalhamos normalmente respeitando todos os protocolos.  Isso dá maior segurança”, complementa.

O positivo é que superamos crises e aprendi uma coisa muito importante e tento passar isso. Já tive problemas, hoje não os tenho mais. Não quer dizer que eu não tenha algo a resolver, talvez continue da mesma forma, mas considero como desafios a serem superados. Problemas crescem e se tornam quase insuperáveis, dependendo da consciência e capacidade de cada um.  Graças a Deus, profissionalmente e pessoalmente cresci muito, passando por todas as dificuldades que passamos, ressalta.

Meu pai veio de família simples, meus avós eram italianos, exilados de guerra, vieram depois da Segunda Guerra Mundial.  Meu avô Antônio Pannaci era sapateiro e meu pai o ajudava. Não os conheci, mas recebi muita coisa boa de meus pais, de meus avós,  principalmente maternos, afirma Francisco.

A Presidente Joias, conforme diz, tem compromisso social com São Sebastião do Paraíso. “Estamos aqui de passagem. Deus colocou a empresa em nossas mãos  para que a administrássemos da melhor forma possível, e fazemos com que prospere.  Ela nos proporciona renda, para nossa família e a de colaboradores , e eu os tenho como filhos, irmãos. Procuro ser líder, não um chefe. É uma equipe fantástica, formada ao longo dos anos e correspondem às expectativas da empresa”.

O diretor da Presidente Joias afirma que a Associação Comercial sempre foi parceira, e a acompanha, desde quando seu pai participou da administração, da diretoria, em alguns períodos.  “Participei, também do Conselho de Administração e vejo o trabalho realizado desde os primórdios da ACISSP, muita dedicação e carinho. Principalmente depois que Dr. Ailton Sillos assumiu a vimos duplicar, quadruplicar, um crescimento estrondoso.  Gera muitos benefícios. Sua nova sede, um teatro maravilhoso,  Dr. Ailton sempre muito capaz, dinâmico. Eu o admiro. Trabalhando com ele pude constatar isso nas reuniões. A ACISSP é um esteio, uma sustentação para o comércio, pena que muitas empresas não deem o valor que ela merece. Estamos muito bem representados pela entidade que é a Associação Comercial”, conclui.