CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Tributo ao pintor Hércules Censoni

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 12-10-2017 22:10 | 1510
Foto: Reprodução

Natural de São Carlos, Estado de São Paulo, o pintor Hércules Censoni deixou seu nome na história das artes plásticas de São Sebastião do Paraíso, no sudoeste mineiro. Filho de imigrantes italianos vindos da região Mântua, desde a primeira infância foi criado em ambiente de valorização da música, pintura e escultura. No Brasil, seus familiares ascendentes foram pioneiros na expansão do comércio e indústria da referida cidade paulista, na primeira metade do século XX. Seu pai era sócio de uma grande fábrica de implementos agrícolas, carroças, charretes, furgões de madeira e carrocerias cobertas para as primeiras ambulâncias motorizadas daquela época.
A qualidade dos produtos fabricados pelos Irmãos Censoni ganhou fama em todo o interior paulista, resultado do domínio dos antigos ofícios de ferreiro, marceneiro e carpinteiro, trazidos pelos imigrantes italianos. Esse foi o berço inicial da formação artística de Hércules Censoni. Desde a juventude tinha verdadeira paixão pelas obras de Da Vinci e Renoir, suas grandes inspirações no mundo da pintura. Além do trabalho pesado, durante o dia, na fábrica de carroças e ferragens, depois do expediente, sempre reunia os amigos e familiares para tocar violino, bem como para cultivar o hobby de confeccionar trenzinhos de ferro. Razão pela qual seu nome e de seus primos podem ser localizados em sites dos amantes do hoje chamado ferreomodelismo.
Ainda jovem, Hércules Censoni fixou residência em São Sebastião do Paraíso, quando o município começava a diversificar suas bases econômicas, com a expansão das grandes industrias curtumeiras. Casou-se com a Dona Antônia e constituiu família sem filhos. Durantes anos, trabalhou como mecânico e eletricista industrial em um dos curtumes paraisenses, empresa na qual se aposentou. Tinha uma vida bem reservada, de hábitos simples e não gostava de expor suas obras.
Como pintor cultivava o estilo hiper-realista, quando o artista tem o dom e o ideal de reproduzir a realidade, de modo que a pintura se aproxime, tanto quanto for possível, da representação fotográfica. Em entrevista publicada nos meados da década de 1980, no Jornal do Sudoeste, de Paraíso, o artista declarou ter pintado e comercializado, até aquele ano, cerca de três mil telas. No final do ano, normalmente, tinha dezenas de encomendas, pois seus quadros eram considerados também um presente inesquecível. 
Muitos paraisenses ainda guardam na memória a presença viva e poética das telas pintadas por esse mestre da pintura, que, em suas horas de folga, também gostava de ministrar aulas para jovens artistas. Mas, sempre fazia questão de dizer que não era apenas um “co-pista”, pois a criatividade era um traço sempre valorizado em suas obras. Apenas fazia uma cópia ou a reprodução de uma fotografia, caso o cliente fizesse uma encomenda com essa condição. Faleceu em 1992, com a idade de 82 anos.