O paraisense João Roberto de Souza vive e respira arte. Filho de João Aparecido de Souza e Helena Neves Lara de Souza, é irmão de Helena Aparecida de Souza, a também cantora Heleninha. Com uma longa trajetória na música, João é dono de gosto e repertório ecléticos. Capaz de agradar todos os tipos de público, se ampara em seu talento, dedicação e dom para a comunicação. Como reconhecimento por sua carreira, iniciada ainda na infância, recebeu o título de acadêmico honorário da Academia Paraisense de Cultura. Nesta entrevista, João Roberto compartilha parte dessa caminhada, onde a arte não é opção e sim missão.
Como era o João Roberto pequeno? Sempre apreciou música?
Um menino tranquilo, muito família. Tive uma infância repleta de brincadeiras com os amigos, sempre praticando esportes. Era estudioso, com boas notas na escola, muito educado com as pessoas. Comecei a cantar aos cinco anos dentro das lojas para os vendedores da época (risos). Aos seis anos comecei a me apresentar na escola e aos oito comecei as aulas de violão. Sempre apreciando e ouvindo música, aos dez anos começa minha carreira profissional.
Onde você estudou? Algum professor em especial o marcou?
Do pré à oitava série na Escola Estadual Coronel José Cândido, do primeiro ao terceiro colegial na Escola Estadual Benedito Ferreira Calafiori. Foram vários excelentes professores. Citando uma professora que marcou, a acadêmica da APC Lucélia Ozelin de Lima Pimentel, ainda no pré-escolar. Naquela época tínhamos aulas com instrumentos musicais, além do canto, dança e teatro. Tudo isto foi fundamental para despertar o dom artístico.
Possui formação em música ou é um autodidata?
Autodidata dentro da produção musical. Já no que se refere aos estudos de música, iniciei no violão com a professora Mônica. Depois aprendi com estes mestres músicos paraisenses: Arthur Henrique Cardoso, Ércio Antônio Dias, Kinkas Souza, Guelfo Colombo Neto, Haroldo Figueiredo. Na formação de canto, o maestro Dudu Duval de Franca. Poderia citar muitos outros músicos que me ensinaram muito; postura de palco, mixagem, comunicar com o público. A todos, minha gratidão.
E como viu que a música poderia se tornar sua profissão?
Aos 10 anos, depois de participar e ganhar alguns festivais de música, surgiram os primeiros contratos remunerados. Foi quando iniciei a carreira musical profissional. Meus pais cuidavam de todos os detalhes, sempre grandes apoiadores e incentivadores. Como todo início, surgem alguns obstáculos, mas eles sempre acreditaram e ajudaram muito, não medindo esforços. Daí em diante a música se tornou minha profissão.
Além de cantar você tem uma longa trajetória como locutor em lojas. Como é este trabalho?
Este trabalho de locução em lojas surgiu através de um show que estava fazendo em uma grande rede de supermercados de Paraíso. O empresário, visionário como é, me disse: “Você falando se comunica muito bem”. Daí começou o trabalho como locutor ao vivo e em eventos. Me especializei; também sou apresentador de TV e vídeos de redes sociais, mestre de cerimônia em formaturas e eventos empresariais. Também sou celebrante social de casamento.
Quais suas maiores influências musicais?
São muitas! Vou citar alguns, como tenho repertório eclético tenho que ter referências em todos os estilos: Roberto Carlos, Roupa Nova, Guilherme Arantes, Luis Miguel, Beatles, Chitãozinho & Xororó, Chrystian & Ralf, Bruno & Marrone, Daniel, Zezé di Camargo & Luciano, Só Pra Contrariar, Sérgio Reis, Renato Teixeira, Milton Nascimento, Jota Quest, Ivete Sangalo, Fabio Jr, Djavan, entre tantos outros.
É difícil viver de arte? E é possível viver sem ela?
Viver de arte é possível desde que haja muito empenho, esforço para buscar seu espaço. São vários desafios, portanto é importante fazer parcerias, divulgar o trabalho, entender o mercado, aperfeiçoar o estilo e as ideias, se reinventar, ter muito apoio do público e as oportunidades dos contratantes. Viver sem arte nem passa pela minha cabeça. Amo a arte, este dom abençoado com que Deus me presenteou para levar alegria às pessoas.
Atravessamos uma grave e longa pandemia. Quais os desafios, enquanto artista, você enfrenta e como está sendo esta adaptação?
A pandemia. Enfim, não imaginávamos nunca que passaríamos por isto. Tem sido desafiador demais! Só restou neste período as lives como forma de fazer algo com a arte. Mesmo assim, nada se compara aos shows presenciais. Seremos os últimos a retornar às atividades. Portanto, muita oração, manter a cabeça no lugar com serenidade, saúde em primeiro lugar. Sei que a adaptação momentânea é desafiadora mas vai passar e seremos seres humanos melhores com certeza.
Além da música, quais seus principais interesses? Tem algum hobbie?
Aprecio todo tipo de arte. Gosto muito de ler, de me informar, acompanho todas as notícias do dia. Meu hobbie é praticar minha caminhada. Acho muito importante, independente do esporte, cuidar da saúde. Uma atividade física faz e muito a diferença para melhor em nossa vida. Tam-bém ter contato com a natureza, sentir a energia do universo e através desta conexão falar com Deus.
Você é muito bem casado com a Malu. Como ela lida com um marido artista?
Malu sempre me apoia muito, me ajuda com ótimas ideias! Desde quando nos conhecemos, admira demais o meu trabalho, entende minha profissão, as viagens... Ela sabe da minha dedicação em fazer um trabalho com muita qualidade, sabe que sou muito concentrado e determinado, tem conhecimento do carinho do público que me acompanha há tantos anos. A ela minha mais profunda gratidão por tanta dedicação, compreensão e amor.
Ainda jovem você já percorreu muito chão. No que essas experiências contribuíram pra você ser o que é hoje?
Me amadureceram muito em todos os sentidos. Neste ano de 2021 estou completando 29 anos de carreira. As ocasiões ensinam muito o convívio com as pessoas. Em alguns momentos você tem que saber o que fazer, qual decisão tomar, qual caminho escolher. Comecei muito jovem. Tantos anos me dão a certeza que a vida é um infinito aprendizado. Tenho muito pela frente pra aprender, mas uma coisa é verdade, “feliz aquele que tem história pra contar”.
São Sebastião do Paraíso, 200 anos. O que a cidade tem de melhor e o que, em sua opinião, pode melhorar?
Bicentenário de São Sebastião do Paraíso! Fazer parte deste momento histórico como cidadão é uma honra para mim. O que há de melhor é que a cidade é acolhedora demais. Sou filho nascido nesta terra e aqui é o Paraíso mesmo. Melhorar o apoio à Cultura de um modo geral. E a geração de empregos através do incentivo para com as nossas empresas já existentes e a vinda de novas indústrias, gerando renda para as pessoas e para o município.
Você faz planos? Quais são suas metas? Tem algum sonho a realizar?
Com certeza tenho metas e planos em minhas profissões. Isso implica buscar nossos objetivos com dedicação e determinação. Sonhos tenho vários, vou citar um: o fim da pandemia, para voltar aos palcos e eventos vendo a alegria das pessoas. Tenho certeza, vamos realizar este sonho com as bênçãos de Deus! Agradeço ao Jornal do Sudoeste e ao escritor amigo, acadêmico da APC Reynaldo Formaggio, pela oportunidade desta entrevista.