ELE por ELE

Antonio Aparecido de Paula

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 02-05-2021 07:59 | 1760
Antonio Aparecido de Paula
Antonio Aparecido de Paula Foto: Arquivo Pessoal

O paraisense Antonio Aparecido de Paula é filho do saudoso João Luzia de Paula e de Conceição Machado de Paula e, ao lado de seis irmãos, desfrutou de uma infância modesta e feliz. Desde muito cedo aprendeu o valor do trabalho, atuando em diversas empresas entre elas as Viações Nasser e São Bento e a agência local dos Correios e Telégrafos. Aos 62 anos, amante da numismática (estudo ou colecionismo de cédulas, moedas e medalhas), empreendeu exposição sobre o tema e, também como hobby, registra belas imagens da cidade, natureza e detalhes de quem sabe apreciar o belo. Com a simpatia que lhe é característica, Antonio compartilha nesta entrevista, parte de sua rica e diversa trajetória de vida.

Antonio, como foram seus primeiros anos de vida? Vê muita diferença da infância que viveu para a infância dos dias atuais?
Minha infância foi bem modesta, mas feliz e rica em atividades físicas e intelectuais. Com brincadeiras típicas daquela época, a gente corria, pulava, nadava, subia em árvores, barrancos, inventava e “fabricava” nossos próprios brinquedos, desenvolvendo nossa coordenação motora e nosso intelecto. Hoje a criança está mais “conectada” com os eletrônicos, são outros costumes, mas se bem administrados pelos pais, aliados a atividades físicas, não prejudicará seu desenvolvimento físico, intelectual e sua interação social.

Como foi seu tempo de escola? Algum professor em especial o marcou?
Foi o melhor possível! Gostava de estudar, tive ótimos professores e sempre fui um dos “primeiros da classe”. Estudei na Escola do bairro rural Pedrosos, e nas Escolas Noraldino Lima, Clóvis Salgado e Paraisense. Todos meus professores foram marcantes no meu aprendizado, mas destaco minha professora do primeiro ano do ensino fundamental, D.ª Zuleide Machado Brandão, uma profissional competente, atenciosa e muito carismática.

Você trabalhou em grandes empresas de diversos segmentos. Como foi sua trajetória profissional? Se identificou mais com algum trabalho?
Desde os oito anos trabalhei ajudando meus pais, tios, avós em serviços “de roça”. A partir dos 10 anos, trabalhei em diversas empresas de pequeno porte, como Posto do Curuta (do saudoso Sr. Orlando Furlan), Posto Guará, Padaria Félix (saudoso Sr. Nenê Félix), Copave, entre outras. Fiz de tudo um pouco, o que contribuiu muito para minha disposição para o trabalho. Em empresas maiores, trabalhei na Viação Nasser, Viação São Bento e por último, após aprovação em concurso público, ocupei o cargo de Atendente Comercial na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Praticamente toda minha vida laboral, exerci funções de atendimento ao público, me identificando muito com esta atividade, que desempenhei com prazer e empatia.

Como surgiu o interesse pela numismática? E como foi transformar este hobby em uma exposição? O público aderiu bem à proposta?
O interesse pela numismá-tica surgiu após meu interesse pelo idioma inglês. Em meados da década de 70, comecei a aprender inglês de forma autodidata. Já com bom conhecimento do idioma, vi em uma revista um anúncio, em inglês, de uma moça da Noruega procurando amigos no Brasil. E para avaliar meu aprendizado, já que a comunicação seria em inglês, resolvi escrever. Assim que recebi a resposta, vieram também postais e selos, o que despertou meu interesse, pois na época importações eram raras e muitos objetos de outros países eram difíceis de se ver por aqui. E foi neste momento que o “dinheiro entrou na história”, iniciando uma saudável troca de cédulas e moedas por correspondência, sempre no idioma inglês. Posteriormente, consegui contatos com colecionadores dos cinco continentes, recebendo, ao longo de anos, grande quantidade cédulas e moedas do mundo todo. E como todo colecionador faz, minha coleção estava acondicionada em pastas próprias e guardadas em gavetas. Tenho muitas cédulas com histórias interessantes e curiosas, além de estampas maravilhosas e, no início de 2019, achei por bem compartilhar este tesouro cultural, por meio de exposições. Para isso, precisava de uma parceria. Então preparei o material, elaborei uma proposta e procurei o Sicoob Nosso-credito, sendo bem recebido pelo Presidente, Dr. Leonardo Lima Diogo e pela Diretoria, que, tomando conhecimento do projeto, ficaram encantados e, já no final de novembro de 2019, fizemos a “1.ª Exposição Numismática – Dinheiro do Brasil e do Mundo” em nossa cidade. São cédulas de 198 países e a coleção completa do Brasil, de 1942 até o Real, nossa moeda atual. Aliás, exposição esta nunca vista antes em nossa Minas Gerais! A aceitação pelo público foi a melhor possível, todos maravilhados e dizendo nunca ter visto uma exposição nestes termos e com tanto “dinheiro bonito”.

Você tem postado belíssimas imagens de Paraíso em suas redes sociais. Como surgiu o interesse pela fotografia?
Sempre me interessei pela natureza, pela cidade e pelas pessoas a minha volta e vi na fotografia um meio de eternizar as belas imagens, os bons momentos! Comecei por volta dos 16 anos, com uma câmera Kodak Instamatic, na época do flash “Magi-cube”. Tempos de poucas fotos devido aos preços relativamente altos dos filmes fotográficos e das revelações. Com o advento da fotografia digital e das redes sociais, ficou mais fácil fotografar e divulgar os resultados deste meu prazeroso hobby.

Por falar em nossa cidade, São Sebastião do Paraíso completará em breve seu bicentenário. Você parece enxergar sempre o lado positivo de nossa terra. Acha aqui um verdadeiro Paraíso?
Tenho orgulho de ter nascido nesta terra! Amo minha cidade e a considero sim, um verdadeiro Paraíso! O crescimento das cidades traz benefícios, mas também problemas para seus moradores. Isto é típico de todas as cidades e aqui não poderia ser diferente. Mas com bom senso e positividade, vejo bem mais vantagens que desvantagens e considero Paraíso um ótimo lugar para se viver.

Você é escolhido prefeito da cidade por apenas um dia. Qual sua primeira ação?
Nunca tive e não tenho pretensão de disputar cargo eletivo, mas com esta pergunta você me “colocou” prefeito de Paraíso (risos). Minha primeira ação seria, na verdade, uma dupla ação: saúde e geração de emprego e renda. Itens primordiais para a sustentação e a dignidade do cidadão.

E sobre a família que constituiu? O que ela representa pra você?
A família, sem dúvida, é a instituição mais importante da sociedade e deve ser valorizada. Sou grato a Deus pela família que tenho. Casado há 36 anos com Marly, temos uma filha, Cíntia, Bacharel em Direito. Também agradeço a Deus por ainda ter minha mãe, que está com 92 anos, lúcida e realizando atividades manuais, como crochê e outros artesanatos.

É um homem de fé? Professa alguma religião?
Sim. A fé nos dá força para superar as dificuldades. É pela fé que, em orações e boas ações, nos aproximamos de Deus. Cresci em uma família católica, mas há poucos anos, me tornei espírita, doutrina que, baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo, nos dá consolo nas aflições, força e coragem nas provações da vida, ensina o valor e nos induz à prática do perdão, da paciência, da caridade, da solidariedade, da fraternidade, entre outras virtudes!

Se ficasse frente a frente com Deus, o que gostaria de ouvir Dele?
Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, sempre nos fala, e de forma individualizada, o que merecemos ouvir. Mas neste momento de sofrimento e dor que estamos vivendo, com certeza, não só eu, mas o que toda a humanidade gostaria de ouvir do Criador é quando esta pandemia vai acabar.

Você demonstra ser uma pessoa de bem com a vida e muito bem-humorada. Essa impressão procede?
Sim, procede. Sou muito otimista e cientificamente já foi provado que nossos pensamentos são capazes de nos induzir a atitudes tanto para o bem, quanto para o mal. Portanto, pensamentos otimistas, mesmo diante de fatos adversos, contribuem para a melhora significativa de nossa saúde emocional, física e mental. Agindo assim o bom humor é simples consequência.

Qual sua melhor qualidade e seu pior defeito?
A persistência, não desisto nunca. Já o pior defeito, ser exigente.

Antonio, você tem algum sonho que ainda pretende realizar?
Sim, a vida é uma constante e o dia que não tivermos mais sonhos a realizar, o viver perderá sentido e naturalmente, as doenças, principalmente as emocionais, virão abreviando nosso fim. Meus objetivos são modestos, possíveis de serem alcançados: realizar pequenas viagens para alguns locais turísticos no Brasil, principalmente em nossa Minas Gerais, bem como continuar as Exposições Numismáticas. Mas, lógico, somente depois desta pandemia. Mas meu sonho maior mesmo é ver, imperando em todo o mundo, o respeito, a paz, o amor, a harmonia e a solidariedade entre as pessoas. Gratidão a você, Reynaldo Formaggio, ao Nelsinho e toda equipe do Jornal do Sudoeste pela honra desta entrevista.