AMAZÔNIA

Biomédico paraisense atua na Região Amazônica, junto a comunidades indígenas

Por: Nelson Duarte | Categoria: Brasil | 15-05-2021 10:43 | 3545
Paraisense Diones Antonio Borges
Paraisense Diones Antonio Borges Foto: Reprodução

O paraisense Diones Antonio Borges, 37 anos, graduou-se em Biomedicina em 2010, época em que participou do Projeto Rondon, uma equipe conjunta da Unifran (Universidade de Franca) e UMS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Ao final de 2017 concluiu o doutorado e sua tese foi agraciada como a melhor do programa de pós-graduação e concorreu a tese do ano de 2017. Diones permanece na região amazônica como pesquisador. E os resultados apresentados em sua tese geraram uma ação de diagnóstico de saúde pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) na região de fronteira, Brasil e Peru em 2018.

Diones Borges estudou em escolas públicas, e sua formação acadêmica, conforme enfatiza, foi custeada por bolsas de estudo. Uma atuação voltada no campo da saúde ambiental, que compartilha com nossos leitores.

Durante sua graduação (2010) em Biomedicina ele teve a oportunidade de compor a equipe conjunta da Universidade de Franca (UNI FRAN) e Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) que participaram do Projeto Rondon. As atividades foram desenvolvidas para a promoção de saúde em comunidades rurais e ribeirinhas no município de Itapuã do Oeste, em Rondônia.

A vivência das experiências e as problemáticas de saúde pública no período em Rondônia, conforme salienta, lhe motivaram a atuação no campo das doenças tropicais negligenciadas e com isto Diones ingressou no Mestrado em Promoção de Saúde (UNIFRAN) para estudos voltados a populações vulneráveis.

Durante o trabalho de campo do projeto de pesquisa em 2013, foi contemplado com bolsa de estudos da Swiss Network for International Studies (SUIÇA) num projeto conjunto Brasil, Peru e Suiça para estudos na região de transição da Amazônia e Cordilheira dos Andes.

“Com isto passei a viver diretamente na região amazônica de forma residente e intermitente, e com isto, passei a desfrutar de mais experiências em localidades remotas e com populações tradicionais. Em 2013 fui morar em Assis Brasil no Acre na fronteira trinacional Brasil, Peru e Bolívia para o desenvolvimento do projeto de pesquisa sobre a hiperendemia de leishmaniose tegumentar que assola a região. Sendo a região com maior incidência da referida doença no planeta”, conta.

Durante as atividades de campo do projeto de pesquisa ele teve a oportunidade de aproximar-se de parceiros institucionais, tais como Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Nacional do Índio (FU NAI). “Com isto, passei a participar de equipes conjuntas que atuam no atendimento a populações de regiões remotas. Atuei junto a etnia Manchineri durante o período de estada na região”, explica.

Diones disse que a referida região apresenta a peculiaridade de contar com grupos de índios isolados que ainda vivem em seu território de modo tradicional e sem contato com a nossa sociedade. E após um episódio de uma breve aparição de um destes grupos em uma aldeia de outra etnia que já mantém contato como nossa sociedade. “E devido o desenrolar deste episódio, tive a oportunidade de conhecer o renomado sertanista José Carlos Meirelles que atuava já há décadas com a política de proteção destes grupos de índios isolados. Com isto, fui convidado a compor a equipe que realizou as atividades de campo para os procedimentos de verificação e levantamento de dados para a atualização do registro do referido grupo”.

Após o retorno do trabalho de campo em 2014, Diones foi aprovado para o doutorado direto no Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada pela Universidade de São Paulo (USP) no campus da tradicional Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) em Piracicaba/SP.

Seus estudos continuaram voltados às questões junto às comunidades tradicionais em regiões remotas e com foco na medicina tropical. Durante este período foi membro do Laboratório de Ecologia Evolutiva Humana e continuou contribuindo com ações de campo junto a FUNAI no estado do Acre. Com as principais ações voltadas a estudos de saúde ambiental no território onde estava sendo habitado pelo grupo de índios do Xinane, de recente contato,  ocorrido em meados de 2014.

“Ao final de 2017 concluí o doutorado e a tese foi agraciada como a melhor do programa de pós-graduação e concorreu a tese do ano de 2017 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)”, salienta.

A partir de 2018,  Diones passou a atuar conjuntamente na Universidade Estadual de Minas Gerais no campus de Passos. A atuação foi voltada principalmente na disciplina de saúde ambiental, tendo permanecido no quadro docente da universidade até o final de 2019.

“Com o desenrolar do quadro que foi se desenhando no ano de 2020 com as questões da pandemia, recebi a solicitação da FUNAI para ajuda emergencial junto a território de índios isolados e de recente contato da etnia Awa na Amazônia Oriental. Os trabalhos foram desenvolvidos em ações de criação de um cordão sanitário para a proteção destes grupos e com a proteção de populações no entorno das terras indígenas que estes grupos habitam”. 

Após os trabalhos desenvolvidos em 2020 e com objetivo de garantir o desenvolvimento das atividades e ações de campo, o parai-sense Diones Antonio Borges foi convidado a assumir a chefia da Coordenação Técnica Local Awa II em Imperatriz/MA pela Frente de Proteção Etnoambiental Awa.