ELE por ELE

Arthur Henrique Cardoso

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 15-05-2021 10:43 | 1416
Arthur Henrique Cardoso
Arthur Henrique Cardoso Foto: Arquivo Pessoal

“Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”. A frase, atribuída ao filósofo chinês Confúcio, cabe perfeitamente na vida escolhida por nosso entrevistado. Arthur Henrique Cardoso, 64 anos, filho dos saudosos Arthur Hermínio Cardoso e Cali Barros Cardoso, sempre teve a música como companheira. Aos onze anos já experimentava o sucesso com o conjunto “Os Sapos”, que marcou época com memoráveis apresentações por toda a região e até em algumas emissoras de TV. Participou e ainda integra diversas outras formações em bandas (ou conjuntos como eram chamados) ao longa de sua carreira que já passa de meio século. Ao lado da cantora Angela, companheira nos palcos e na vida, também trilha uma longa caminhada musical. Um dos nomes mais lembrados e queridos no meio musical, seu talento é comparável à sua humildade. Como pode ser comprovado nesta entrevista, Arthur é um artista especial e um ser humano ainda mais especial.

O Arthur menino já era musical? Como era sua casa?
Sim, já gostava de violinha, tambor, cornetinha. A casa muito musical, meus pais dançavam muito nos bailes e eu ia pequeno com eles. Adorava as orquestras!

Foi um aluno aplicado ou só pensava em música?
Um aluno mediano, sempre ligado à música. Estudei até o colegial aqui em Paraiso, inclusive fiz parte da primeira turma masculina do Colégio Paula Frassinetti. Dei continuidade aos estudos em Ouro Preto, porém dediquei-me realmente ao estudo da música com meu amigo e professor Haroldo Garcia.

“Os Sapos”, “Arthur & Angela”, “Paraíso em Seresta”, “Banda Sa-ga”... Você é um cara de equipe? Gosta de trabalhar em conjunto?
Além destas formações, tive muitas outras. Na cidade de Passos passei muitos anos em várias formações: “Marlei e Companhia”, “Frisson Banda Show”, “Volúpia” e outros. Devo muito a esta cidade. Em Belo Horizonte integrei a “Super Som C&A”, com a qual viajei por muitos lugares. Aqui em Paraiso toquei com muitos amigos, o pessoal d’Os Brasões, Guelfo, Kinkas, Ércio, também com os cantores Chicão e Antônio Pereira. Já com o Nelson Duarte e outros amigos formamos o “Grupo Xamego”, uma banda de baile que viajou por Minas e São Paulo. Depois, com Nelson, fomos para Franca tocar numa boate chamada Canecão, e posteriormente na banda Nave de Prata.  Com “Os Sapos” eu era muito criança, apenas 11 anos, e nem dava conta do sucesso que fazíamos, eu queria mesmo era brincar. Viajamos muito e nos apresentamos em TV’s. Era um grande sucesso! Junto com o Haroldo Garcia, que era um dos Sapos e meu professor, tocamos em Ribeirão Preto no Stream Palace, no Sesc, aí já adultos. Mais tarde nos juntamos ao Kinkas para formarmos um grupo de jazz e tocamos no Café Cancun por um bom tempo. Seguido a isso toquei em outros grupos aqui em Paraiso e montamos a dupla “Arthur e Angela”, com quem viajei por 92 cidades. Vez ou outra contamos com algumas participações do Dell, João Roberto e tantos outros. Sempre me relacionei bem por onde passei, fiz grandes amigos músicos que mantenho até hoje. Muitas formações, lembranças e amigos, graças a Deus!

Além de músico, você canta muitíssimo bem, mas quase não o faz. Prefere ser músico?
Já gostei muito de cantar em outras épocas. Minha contribuição como instrumentista me dá mais prazer do que cantando. Mas às vezes ainda canto.

Quais suas maiores influências na música? Se pudesse escolher um artista, de qualquer época, que show gostaria de assistir?
Minhas influências são: Beatles, Roberto Carlos, George Benson, César Camargo Mariano, Lereia, Haroldo Figueiredo (amigo e professor). São muitos artistas que eu gostaria de ver, Frank Sinatra, Tony Benetti, Tim Maia, Sérgio Mendes, etc...

Você e Angela comandam o projeto “Seres-teiros Mirins”, que já foi realizado em diversas escolas e instituições. Qual a importância desse projeto? Como é trabalhar com crianças?
É muito gratificante poder passar para as crianças tudo que aprendi, ouvir boa música, ter bom gosto musical... Também aprendo com elas, me rejuvenesço trocando boas energias, isso é o que realmente importa. Tenho muito carinho e respeito pelas crianças, algumas até já fazem sucesso no meio artístico. Temos o Seresteiros Mirins na escola Ibrantina Amaral e o coral Cantores de Cecília em São Tomás de Aquino. Trabalhamos com a terceira idade lá também. Viajamos nos apresentando em Feiras do Livro, igrejas, praças, porém neste momento não estamos saindo por conta da pandemia.  São projetos onde a música é um pano de fundo para trabalharmos valores, cidadania e autoestima.

O que a família representa pra você?
Tenho muito orgulho da minha família de origem, meus pais Arthur Hermínio Cardoso e Cali Barros Cardoso. Também tive um irmão que faleceu ainda bebê. Fui muito incentivado na música, éramos muito companheiros, os acompanhava nos bailes. Já a família que constituí é meu porto seguro, minha vida. É o que segura minhas tristezas e alegrias. Sou pai de Mariana Paschoal Cardoso e participei ativamente na educação de Paulo Henrique e Maria Paula, filhos da esposa Angela Cardoso. E ainda me veio o Kadu Valério Cardoso, um neto que é um presente e fez minha história ficar completa.

Assistindo suas apresentações, temos a sensação de que está sempre se divertindo. Afinal, é trabalho ou diversão? Saberia viver sem arte? Teria outra profissão?
Os dois, quando seu trabalho é divertido ele transmite alegria, felicidade, pois é troca de energia. Isso ao contrário torna-se cansativo, chato e o público percebe que não é verdadeiro. Não conseguiria viver sem arte (música), é o meu combustível para viver. Outra profissão, nem pensar.

O “Paraíso em Seresta” completa 10 anos de atuação, sempre com muito sucesso. Destacaria algum momento nesta caminhada? Vem novidade para comemorar a data?
Todos os momentos desses 10 anos foram maravilhosos, mas já que tem que destacar alguns, diria que as apresentações no “Minas ao Luar” e nas Feiras do Livro de algumas cidades. Estamos preparando uma grande novidade para comemorarmos os 10 anos do Paraiso em Seresta, juntamente com as comemorações dos 200 anos de Paraiso. Surpresa!

Como você enxerga o cenário cultural atual?
O cenário cultural atual no que diz respeito à música, está comprometido devido a pandemia, porém as lives deram algum espaço para apresentações musicais, umas boas, outras nem tanto. Mas a cultura de um modo geral está invisível diante desta pandemia e estamos preocupados no que isso poderá acarretar no futuro. A arte é para tornar o viver mais suportável e as pessoas estão distantes disso. Sem cinema, sem shows, sem teatro, sem circo, e aí?

Você é membro honorário da Academia Paraisense de Cultura. O que a APC representa para a cidade?
Toda cidade que preza a cultura tem uma academia. Porém Paraiso tem a APC, muito mais que uma Academia, um lugar de encontro com pessoas cultas e sensíveis que, com muita honra, orgulho em tê-las como amigas.

Você demonstra ser uma pessoa de bem com a vida e muito bem-humorada. Essa impressão procede?
Na maioria do tempo sim, sou de bem com a vida. Mas tem algumas coisas que me tiram do sério, talvez aí meu humor vai embora. Mas tudo é aprendizado.

O que daria de presente nos 200 anos de São Sebastião do Paraíso?
Para minha querida Paraiso daria cultura, saúde, diversão, emprego e dignidade. Paraíso é a cidade mais linda do mundo!

Arthur, você tem algum sonho que ainda pretende realizar?
Sem sonhar não dá pra viver, sem sonho está tudo acabado. Penso em ensinar muitas coisas para meu neto, vê-lo crescido, educado e respeitoso. Fazer muitos shows e viajar por muitos lugares.