ELA por ELA

JUCÉLIA UZAI

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 23-05-2021 18:37 | 1212
Jucélia Luzia Silva Uzai
Jucélia Luzia Silva Uzai Foto: Arquivo Pessoal

A paraisense Jucélia Luzia Silva Uzai, 45 anos, já enfrentou muitos desafios em sua trajetória. Viveu a experiência de ser acolhida por uma família, começou a trabalhar ainda muito jovem, constituiu sua própria família e vive em constante evolução espiritual. Dona de uma bela voz, desde jovem aprecia a boa música e sempre que se apresenta, emociona quem a ouve. Com bom humor e simpatia, Jucélia compartilha nesta entrevista um pouco de suas vivências e impressões sobre a vida.

Jucélia, quais são suas primeiras memórias?
Algumas mais antigas, como a infância simples, mas feliz e o tempo em que morei na zona rural (20 anos).

Que sentimento você nutre pela família de origem e pela família que a acolheu?
A família de origem tenho um contato esporádico com meu pai biológico. Já a família que me acolheu, o sentimento de gratidão é muito pouco para definir, pois ali aprendi valores reais de FAMÍLIA.

Quando começou a trabalhar e que atividades desempenhou até chegar ao ramo imobiliário?
Com a idade de 12 anos trabalhei como cuidadora de criança. Aos 17 anos fui morar em Franca-SP e trabalhei em uma farmácia e em um laboratório fotográfico. Continuando no trabalho, meu irmão Adriano abriu a imobiliária Edna Imóveis e fui ajudá-los como secretária. Fiquei nessa função por quase cinco anos...foi uma experiência incrível, diferente de tudo que conhecia. Hoje sou do lar.

O que representa a família que constituiu? Você é mais mãe ou amiga dos seus filhos?
A família que constituí é o reflexo da forma que fui criada, eles são meu porto seguro. Meu marido Luiz Uzai, meus filhos Aline Uzai e André Uzai. Procuro ser, o mais possível, amiga e mãe dos meus filhos.

Você também é excelente cantora. Como a música entrou na sua vida?
Desde sempre a música faz parte da minha vida (risos). Aos nove anos meu irmão Adriano, que também é músico, me ensinou noções básicas sobre violão. Daí em diante me interessei e segui aprendendo sozinha, tocando violão de frente ao espelho com cadernos de cifras e letras das músicas dos mais variados gêneros. Sou extremamente eclética (risos).

Em uma de suas apresentações você cantou um fado e emocionou a pla-teia presente ao Teatro Acissp (na programação de inauguração do teatro em 2018, Jucélia se apresentou junto à Academia Paraisense de Cultura no espetáculo “Cultura e Tradição) Como surgiu o interesse por este estilo musical?
Uma explicação exata eu não teria, é algo muito além de mim a emoção, a identificação e o sentimento que me causa ao ouvir o fado. Aliás quem pode me garantir que já não vivi em terras portuguesas, não é mesmo?

Quem acompanha suas redes sociais percebe que você é muito bem-humorada e espirituosa. Você sempre foi assim ou foi desenvolvendo essas características para encarar a vida de forma mais leve?
Sempre fui assim! Em reuniões de família sempre fiz questão de alegrar de alguma forma os que estavam perto de mim e nas redes sociais, se alguém visualizar alguma postagem e der um sorriso, já vale a pena! Os dias atuais estão pesados e um pouco de descontração é sempre bom!

Analise os trechos de cada uma dessas músicas: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida...” – Samba da Benção (Vinícius de Moraes)
Sempre acreditei que na vida não existe desencontros, prefiro acreditar em reencontros, tudo no seu tempo e na sua hora.

“O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida” – Encontros e Despedidas (Milton Nascimento)
O trem nada mais é que a própria vida com alguns embarques, outros desembarques. O que temos que fazer é aproveitar da melhor forma a viagem...

“Ó gente da minha terra, agora é que eu percebi, esta tristeza que trago, foi de vós que a recebi”. – Ó gente da minha terra (Amália Rodrigues)
Esse trecho cantado por Amália traduz bem a tristeza de quem fica com a dor de quem partiu, e a esperança do retorno.

Percebe-se que você é bastante espiritualizada. É uma mulher de fé? Professa alguma religião?
A fé para mim é a base de tudo. Sou umbandista e candomblecista, me encontrei nas religiões de matriz africana. Fui acolhida pelo babalorixá Geraldo Radaelli e pela iyalorixá Rosa Radaelli, a quem dedico minha eterna gratidão pelos ensinamentos.

O mundo atravessa um momento de grandes desafios. Como enxerga esta pandemia que enfrentamos?
Enxergo que nem tudo é de todo mal. Às vezes é preciso algo desta proporção para nos fazer enxergar o valor de coisas que até então passavam despercebidas, por exemplo o valor de um abraço. Que todos nós possamos aprender e sair melhor de tudo isso.

São Sebastião do Paraíso 200 anos. O que nossa cidade tem de melhor e o que deveria melhorar?
O que nossa cidade tem de melhor é a hospitalidade mineira e o foco em se manter as tradições. Acredito que deva melhorar no que diz respeito à valorização do jovem, com ensino de qualidade e disponibilidade de emprego.

Tem algum hobby?
Sim, ouvir os mais variados estilos musicais junto à família.

Você é avisada que só tem mais um dia de vida. O que faria?
Reuniria toda a minha família e alguns amigos para um grande almoço para conversarmos, relembrarmos e cantarmos bastante...(risos)

Jucélia, qual balanço faz da sua trajetória até aqui? Tem algum sonho que pretende realizar?
O balanço que posso fazer é positivo pois em tudo que me propus fazer, dei o melhor de mim. O sonho que tenho é conhecer o Oriente e a Europa, mais precisamente Portugal.