Educação, cultura, viagens e muita fé. Maria Terezinha Neto sabe usufruir o que a vida tem de melhor. Filha dos saudosos José de Pádua Neto e Maria Soares de Pádua, nasceu na pequena Itauçu, em Goiás. Ao lado dos cinco irmãos, cresceu em São Sebastião do Paraíso, onde estão suas raízes familiares. Mãe de Hamilton Neto Funchal e Raphael Neto Funchal, avó da pequena Beatriz, Terezinha compartilha nesta entrevista parte de sua vivência e visão de mundo.
Terezinha, quais são suas primeiras memórias?
Minhas primeiras memórias conduzem-me aos primeiros anos do ensino fundamental, cursados no então Grupo Escolar Estadual Interventor Noraldino Lima, hoje Escola Municipal Noraldino Lima.
Que lembranças traz do tempo de escola? Algum professor em especial a marcou?
Tempos áureos foram vividos... Escola maravilhosa, com professoras vocacionadas ao “ensinar com sabedoria, competência e muito amor”. Ainda presentes na memória, no coração e nas minhas orações: Dona Nilce Godinho, Dona Sebastiana Dramis, Dona Nazaré e Dona Maria José Pimenta.
Como escolheu se tornar professora? E como foi sua trajetória na Educação?
Minha sábia mãe influenciou-me na escolha do curso Normal, do Colégio Paula Frassinetti, onde comecei a conhecer e a degustar os sabores da Educação. Antes mesmo de concluir o curso de Letras, pela Faculdade de Guaxupé, iniciei minha carreira, lecionando nas escolas rurais, pela Prefeitura de São Sebastião do Paraíso; e algum tempo depois nas escolas onde eu havia estudado: Noraldino Lima, Clóvis Salgado e Paula Frassinetti. Lecionei também na Escola Técnica de Comércio, de onde tenho boas lembranças da administração Monsenhor Mancini e dos queridos alunos, muitos dos quais encontro atuando no comércio de nossa cidade. Após a conclusão do curso de Letras mudei-me para Campinas, onde vivi durante 20 anos. Lá prestei dois concursos na rede municipal de educação, efetivando-me como professora e pedagoga.
O que representa a família que constituiu? E como está sendo a experiência de ser vovó?
Constituir uma família para mim foi um bem maior, pois dela eu fui presenteada com meus filhos Hamilton e Raphael. Recentemente chegou a Beatriz, minha netinha, para nos encantar... Ser avó significa renovação mental, emocional e espiritual... gratificante!
Como foi retornar a Paraíso após tantos anos longe. Sentiu muita diferença entre a cidade que deixou e a que encontrou em seu regresso?
Ao me aposentar, em Campinas, chegou a hora de regressar à nossa cidade, pois eu havia me divorciado e meus filhos estavam na pré-adolescência. Confesso o estranhamento inicial, que me fazia visitar, bi-mestralmente, as amigas lá deixadas e curtir programações culturais da cidade.
Você é grande apreciadora da arte e inclusive tem um filho músico. A arte ajuda a sobreviver, Terezinha?
A arte é um fragmento divino colocado à nossa disposição... quem faz adesão a ela, mesmo que despojado de talento, deixa-se transcender pela apreciação do belo, na essência de sua alma, tornando-se um ser humano de melhor evolução.
É uma mulher de fé?
Nossa existência é movida pela fé! Pelo caminho da fé chegamos ao princípio maior: o divino e o humano de Deus. E nos reconhecemos aprendizes fortalecidos. Assim eu me sinto, mulher de fé.
Analise os trechos de cada uma dessas obras:
Grande mestre nos ensinando a sabedoria do respeito mútuo, alavancado pelo bem comum. O meu egocentrismo não deve sobrepor-se ao diferente, pois a soma e união das diversidades de pensamentos podem construir um mundo mais feliz. O diálogo deve estar presente em todas as situações de nossas vidas, para que haja uma mediação significativa do saber, valorizando o conhecimento prévio de ambas as partes.
Esse belo clássico da literatura nos conta uma história de amor envolvente, forte e significativa. Um amor verdadeiro, que esteve presente e mesmo na sua prévia impossibilidade não pode ser negado, sobrevivendo a trágicas consequências. Muitas vezes pagamos um alto preço pela autenticidade dos nossos sentimentos, quando queremos ser coerentes.
Para analisar esse pensamento de Cora Coralina tomo a liberdade de fazer uso de um poema da própria autora, com o qual me identifico: “O tempo muito me ensinou: me ensinou a amar a vida, não desistir de lutar, renascer na derrota, renunciar às palavras e pensamentos negativos, acreditar nos valores humanos e a ser otimista. Aprendi que mais vale tentar que recuar”.
O mundo atravessa um momento de grandes desafios. Como enxerga esta pandemia que enfrentamos?
Essa pandemia veio nos mostrar o quanto temos que aprender: vivermos com o essencial e sermos mais solidários, em todos os aspectos; conviver em harmonia com o nosso planeta; valorizar a vida em detrimento do lucro.
São Sebastião do Paraíso 200 anos. O que nossa cidade tem de melhor e o que deveria melhorar?
A amizade e a solidariedade são presentes em nossa cidade... porém, falta uma faculdade pública, um pólo comercial para geração de empregos e um pouco mais de investimento na área cultural. Há também lindos pontos turísticos, ainda não explorados devidamente.
Tem algum hobby?
Tenho algumas preferências: leitura, viagens, ouvir música, assistir filmes, peças de teatro e atividade física.
Apaixonada por viagens, que lugar indicaria para alguém que gostaria de conhecer um lugar especial?
Estou planejando, ao final da pandemia, conhecer as Serras do Caraça e da Piedade, com seus belíssimos e históricos santuários.
Terezinha, qual balanço faz da sua trajetória até aqui? Tem algum sonho que pretende realizar?
Sou muito grata a Deus pela minha vida até aqui... e em forma de pequena retribuição ao muito recebido, ofereço um pouco do meu tempo e experiência, sendo catequista há 21 anos, na Paróquia São Sebastião. O voluntariado sempre me atraiu, por isso atuo em algumas instituições locais, com alegria e reconhecimento. Por fim, antes de encerrar nossa entrevista, agradeço a você, amigo Reynaldo, pelo honroso convite, dessa carinhosa conversa em que contei um pouquinho sobre minha história, minhas aspirações e quem eu sou.