Valéria Regina Salvador, natural da cidade paulista de Sorocaba, há quase 20 anos reside em São Sebastião do Paraíso, cidade que considera "o melhor dos mundos". Advogada especialista em Direitos de Família e Sucessões, também é mediadora de conflitos e voluntária do AJUDA MULHER, associação que oferece orientação jurídica e psicológica às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Casada, mãe de dois filhos, Valéria é uma mulher empoderada que acredita e luta por um mundo com mais oportunidades e justiça social.
Valéria, qual a memória mais marcante que tem da sua infância?
Nasci em Sorocaba-SP, filha de Geraldo Salvador e Alayde Valentim Salvador, tenho uma irmã que é enfermeira. Eu e meu pai íamos ao campo de futebol e eu via aquela imensidão verde, o gramado, pois meu pai era jogador de futebol profissional. Esta é uma memória marcante com certeza.
Qual sua formação e como decidiu seguir no Direito?
Sou formada em Educação Física e acabei cursando Ciências ao mesmo tempo. O Direito surgiu na minha vida por acaso, mas vi a grandeza em poder contribuir para que a justiça fosse feita e que a cidadã e o cidadão pudessem ter seus direitos garantidos. Direitos estes previstos na Constituição.
Qual sua principal área de atuação?
Sou especialista em Direito de Família e Sucessões. Atuo também no Direito do Consumidor e sou mediadora de conflitos.
Como você vê a implantação da Lei Maria da Penha e de outras leis que garantem os direitos de minorias e grupos discriminados? Em sua opinião, houve avanço nesse sentido?
A lei Maria da Penha foi um marco e deu visibilidade e nome às violências que sempre ocorreram dentro do lar e eram normalizadas na sociedade. Isso ocorre porque vivemos em uma sociedade machista, sexista e misógina. A lei deixou claro que o Estado tem a obrigação de garantir a segurança das mulheres. Propiciou que as mulheres passassem a ter voz e mostrou para toda a sociedade o que acontecia e acontece dentro de muitos lares. Já fiz várias palestras sobre a Lei Maria da Penha onde a abordagem é através de reflexões a respeito da lei e a respeito de como a vítima se vê dentro deste contexto. As demais leis também cobram do Estado, foi um avanço para as minorias, mas ainda temos um longo e tortuoso caminho a percorrer.
Há quanto tempo reside em São Sebastião do Paraíso e como ocorreu essa mudança?
Sou filha de São Sebastião do Paraíso desde 2002, então faz 19 anos que me mudei para cá. Meu marido é auditor fiscal e entre as cidades em que poderia exercer sua função estava Paraiso. Na verdade eu queria mesmo era morar em Minas Gerais, por toda a história que envolve esta terra, pelos ares, pelas paisagens bucólicas. Quando conheci Paraíso me apaixonei pelos cheiros que exalavam das casas com suas comidas tradicionais, pela Praça da Matriz, pela Lagoinha, pelo sotaque e acabei escolhendo criar raízes por aqui (risos).
Como uma pessoa que escolheu São Sebastião do Paraíso para viver como enxerga nossa cidade? O que temos de melhor e em que deveríamos melhorar?
Paraíso é o melhor dos mundos! Aqui meus filhos cresceram e puderam ter contato com a natureza, tiveram vivências agregadoras, puderam brincar na rua, sentar na pracinha para comer pipoca, atravessar a rua e ir almoçar na casa da vizinha. Em tenra idade foram acalentados na escola, tiveram uma infância feliz, coisas que em uma cidade grande dificilmente teriam. Por outro lado, a cidade está inserida no contexto nacional e junto a isso apresenta também mazelas sociais que afetam o país como um todo, havendo a necessidade de políticas públicas de enfrentamento para que não ocorra o agravamento destas pautas.
Você faz parte do grupo “Mulheres do Brasil”, comandado pela empresária Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza). Como surgiu e quais os principais objetivos do grupo?
Somos um grupo feminista, defendemos a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, mas o protagonismo é feminino. O grupo é suprapartidário, com aproximadamente 97 núcleos no Brasil e no mundo. Somos mulheres que se uniram para tornar o Brasil mais justo e igualitário. Tratamos de pautas que impactam toda a sociedade, influenciando na esfera política do nosso país. Também sou advogada voluntária do AJUDA MULHER que é uma associação que oferece orientação jurídica e psicológica às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.
Conte-nos sobre a família que constituiu.
Uma família pequena composta por marido e dois filhos. João Rupp de Paiva, o mais velho, mora nos Estados Unidos faz quatro anos, foi estudar e conclui o curso este ano. O outro filho, André Rupp de Paiva, está cursando o 1º ano de Cinema na Federal da Bahia, participante ativo do curso de iniciação científica na universidade. São cheios de sonhos como todos os jovens.
O que gosta de fazer nas horas vagas?
Atividade física me inspira! Adoro dançar, escrever, ler, viajar, estar com as amigas e amigos, tenho muitos interesses.
O que te move? Qual o sentido da vida?
A justiça social é o que me move. Engajar e empoderar mulheres para que conheçam seus direitos também é uma pauta muito presente na minha vida.
Valéria, se você soubesse que tem apenas uma semana de vida, o que faria?
Certamente daria a volta ao mundo se tivesse mais tempo, conheceria países e culturas diferentes! Mas como seria apenas uma semana, o que aliás é muito pouco (risos), faria uma imersão em tudo o que vivi, em tudo o que realizei. Reuniria os amigos mais próximos que me acompanharam na caminhada, iria rir muito de tudo e agradecer cada momento vivido ao lado dos meus bens mais preciosos.
Para finalizar, o que diria para um jovem que deseja seguir no Direito?
Que a tarefa da advogada, da juíza, do promotor de justiça, do defensor público, é uma tarefa árdua quando o que se propõe é a justiça. Fazer justiça nem sempre é fácil e nem sempre se concretiza. Mas é gratificante quando se consegue!