CAFÉ

Emater estima que geadas atingiram cerca de 25% dos cafezais de Paraíso

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Agricultura | 04-08-2021 13:59 | 1462
Foto: Reprodução

Uma força-tarefa foi criada pela Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais), empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em apoio à busca de soluções para as perdas ocasionadas pelas geadas que vêm atingindo Minas Gerais. Em São Sebastião do Paraíso o levantamento segue sendo realizado com visitas nas lavouras com estimativa de 25% da área plantada do município tenha sido afetada. Além dos técnicos regionais da empresa, equipes do programa Certifica Minas Café e de coordenadores regionais reforçam o mutirão.            

O Governo de Minas anunciou que fará laudos sobre a extensão dos estragos, para auxiliar os agricultores familiares afetados pelas geadas a superarem esta situação de emergência. De acordo com a Emater-MG, a produção dos históricos a pedido de agricultores e prefeituras será feita gratuitamente como forma de ajudar a mitigar os prejuízos causados aos pequenos produtores, enquanto os médios e grandes precisarão pagar pelo serviço. O mapeamento da amplitude das lavouras afetadas pela geada não incluirá somente o café, produto mais atingido, mas também a olericultura, fruticultura, floricultura e as pastagens.

A isenção da cobrança dos laudos para os agricultores familiares atingidos por geadas vai até 30 de setembro de 2021. Os laudos são importantes para que os produtores afetados, que tiveram acesso ao crédito rural, possam agora ter acesso ao seguro agrícola, à renegociação de suas dívidas e, também, no caso dos cafeicultores, para aqueles que busquem recursos das linhas de financiamento ao amparo do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A Emater também tem atuado junto aos prefeitos com informações das atividades agropecuárias, que são essenciais para a decretação do estado de calamidade ou emergência, neste momento de extrema dificuldade.

De acordo com a Emater o café é um produto importante para a economia de mais de 463 municípios mineiros. O levantamento sobre as geadas recentes envolveu 194 municípios e, desses, 167 tiveram incidência em algum nível de impacto nesta cultura. O Sul de Minas foi a região mais atingida, com 77,8% de todos os municípios afetados, seguido pelo Triângulo/Alto Paranaíba, que representou 21% das lavouras prejudicadas, totalizando em torno de 173,6 mil hectares atingidos. São cerca de 9.500 produtores afetados.

Em São Sebastião do Paraíso, de acordo com o engenheiro agrônomo João Bosco Minto, o estudo continua em andamento. “Estamos começando a fazer os laudos sobre as perdas em um trabalho que ainda vai durar mais alguns dias ou semanas”, observa. Foram duas semanas em que o município registrou temperaturas baixas com termômetros registrando dois a três graus, sendo que em algumas áreas mais baixas e próximos a leitos de água a sensação térmica foi negativa. “Em média, 25% da área plantada no município foi atingida no geral, mas isso varia conforme cada região. Tivemos lugares em que lavouras foram afetadas em 40%”, explica.

João Bosco disse ainda que o cafeicultor deve aguardar mais um tempo até a chegada das primeiras chuvas. “Sim vai ser preciso perceber mais para frente as reações dos cafezais para sabermos quais providências deverão ser tomadas, se poda brusca ou não e não se descarta até mesmo a erradicação das plantas que foram mais prejudicados”, salienta.

Cartilha e orientações

A Emater-MG elaborou uma cartilha para os produtores afetados pelas geadas e uma das principais recomendações, neste momento de emergência, é se informar se a área atingida está coberta por seguro agrícola e não realizar nenhuma intervenção na lavoura antes da perícia técnica do profissional habilitado para avaliar os danos. No momento, não é indicado realizar nenhum trato cultural, como poda, recepa ou erradicação de plantas.

Para facilitar o levantamento dos prejuízos, é interessante elaborar um croqui (desenho), se possível com informações georreferenciadas dos talhões e áreas atingidas, além de registros fotográficos, de preferência com data. Já os pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), também vinculada à Seapa, divulgaram material elaborado em parceria com a Embrapa, que explica porque as geadas ocorrem e traz recomendações para o levantamento dos danos e ações necessárias.