Nietzsche já dizia que "a vida sem música seria um erro". Aos 41 anos o músico paraisense Cassius Bonfim vive essa máxima em seu sentido mais pleno. Pessoal ou profissionalmente, Cassius se dedica à "arte das musas" com amor e empenho. Apaixonado pela guitarra e violão, o músico fundou em 2019 a "Cassius Bonfim Guitar Academy", escola especializada nestes instrumentos. Com grandes influências e parcerias na sua já longa trajetória profissional, Cassius compartilha suas conquistas, as pedras encontradas pelo caminho e sonhos para o futuro.
Cassius, nos conte sobre suas origens. Algum fato especial marcou sua infância?
Sou filho de Itamar Bonfim (in memória) e de Palmira Dizaró Bonfim. Nasci em um lar simples, mas repleto de cultura. Meu pai, apesar de seus poucos estudos, gostava muito de livros e lembro-me de que sempre lia para mim e minhas duas irmãs. Minha mãe também me incentivava a ler gibis desde pequeno, daí o gosto pelos livros! Na minha casa sempre teve música! O rádio ligado era frequente e, sempre que possível, íamos a locais com música ao vivo, ensaios de escola de samba, orquestras, etc.
Como a música entrou na sua vida?
Lembro-me da primeira vez que peguei um violão: eu tinha uns seis anos e estávamos em um lugar com um violão. Peguei-o e tentei fazer conforme eu via os outros fazendo. Não deu muito certo e eu fiquei me perguntando o porquê de não estar saindo som. Mais tarde, aos 12 anos, ganhei meu primeiro violão e comecei a fazer aulas. Aí peguei gosto e não parei mais!
Há vários anos você tem sua própria escola de música. Que dica você dá para quem quer aprender um instrumento?
Eu comecei a dar aulas com uns 14 anos. Mais tarde fundei uma escola de música, mas percebi que meu caminho estava ligado ao violão e guitarra. Em 2019 fundei a Cassius Bonfim Guitar Academy, que é uma escola especializada na didática destes instrumentos. A dica que sempre dou aos meus alunos é: curta o processo, aproveite o caminho e se divirta!
Quais suas principais influências na música?
Minha primeira influência na guitarra foi o Slash, guitarrista da banda Guns N’ Roses. Depois vieram David Gilmour (Pink Floyd), Mark Knopfler (Dire Straits), Joe Satriani... Atualmente tenho ouvido muito Jeff Beck, Steve Lukatter (Toto), Greg Howe, Martin Miller, etc. Também tem os brasileiros André Nieri, Kiko Loureiro e meu atual mestre Mateus Starling.
A pandemia afetou diretamente os artistas e profissionais ligados a esse setor. Como tem sido pra você pessoal e profissionalmente?
Infelizmente o setor musical sofreu muito com a proibição de shows e eventos. Como minha carreira é voltada para as aulas, o impacto foi bem menor. Acredito que um posicionamento que preserve a minha vida e dos meus alunos, e o foco na qualidade do trabalho é o que fez a maior diferença.
Cassius, na sua opinião qual a importância da cultura para a sociedade?
A cultura, apesar de ser vista como algo supérfluo, é exatamente o contrário. A cultura diverte, mas também adverte, incomoda. Fala do belo e do que querem esconder. A cultura leva à apreciação, mas também ao questionamento. Ou seja, uma sociedade que se preze, preza pela cultura do seu povo.
Nossa cidade se aproxima de seu bicentenário. Que presente gostaria de dar para Paraíso?
Eu gostaria de um dia deixar um legado de pessoas que amam tocar, especialmente violão e guitarra. Gostaria ainda que cada pessoa que tivesse o sonho de aprender um instrumento específico tivesse oportunidade de um dia realizá-lo, independentemente de qualquer coisa.
Quais bandas você já fez parte? É difícil trabalhar em equipe quando todos são criativos e têm suas próprias ideias?
A primeira foi a Cavaleiros Consagrados. Depois participei de várias outras de pop e de rock, como a Circuito 3 e a Maphia. Atualmente tenho um projeto instrumental de guitarra com o guitarrista Fabricio Pereira (Araraquara/SP) chamado Trancend. Quando todos são criativos é uma maravilha, as ideias fluem! Tocar em banda é lidar com os egos – uma hora precisa ceder, outra hora, o outro precisa entender que sua ideia não é a melhor e está tudo bem – não pode ser pessoal! Outro ponto é a disciplina e comprometimento: nem sempre todos estão com a música pronta no ensaio, ou atrasam para os compromissos, etc. Aí dificulta! (risos)
Na sua opinião, qual o maior gênio da história da música? E quem você indicaria para alguém que gosta de conhecer novos nomes?
Considero o maior o alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). Como ele conduziu a música de um período da história a outro foi genial. Na guitarra, o americano Jimmy Hendrix teve este mesmo papel! Sobre novos nomes, recomendo os guitarristas brasileiros Mateus Asato, Lari Basílio e o violonista australiano Tommy Emmanuel! São impressionantes!
Conte-nos sobre a família que constituiu.
Sou casado há 11 anos com minha esposa Karla e temos o Enzo que completou 18 anos no dia 07/09! Somos mais caseiros e reservados em família! Além de nós três, dividimos a casa com nossos sete cachorros: Sansa, Dobby, Madonna, Leitão, Braian (é escrito assim mesmo - risos), Sorriso e Bebel.
O que costuma fazer nas horas de folga? Tem algum hobby?
Estou em um momento que novos projetos estão consumindo muito do meu tempo livre, mas quando sobra um tempinho eu costumo ler, assistir séries, cuidar das minhas plantas e brincar com os cachorros!
O que diria para uma criança ou jovem que sonha em seguir a carreira músico?
O principal é pensar que isso será a sua forma de garantir seu sustento e futuro. Não basta tocar bem e ter vontade, é preciso trabalhar com a inteligência. Se uma pessoa se empenhar da mesma forma como se empenharia para passar em uma faculdade de medicina, por exemplo, as chances de se tornar um músico bem-sucedido se ampliam na mesma proporção. Além disso, busque estar perto de pessoas que chegaram lá – eles podem te ajudar a trilhar o caminho.
Cassius, qual seu maior sonho?
Meu maior sonho é me tornar um músico e professor relevante no cenário nacional. Sei que isso é muito ambicioso, mas por isso que se chama sonho! Tenho me dedicado diariamente a esse propósito e isso já me faz muito feliz!