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MARCELO MORAIS

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 24-10-2021 11:22 | 3441
Marcelo de Morais
Marcelo de Morais Foto: Bryan Felipe

Prefeito do bicentenário de São Sebastião do Paraíso, Marcelo de Morais nasceu há 43 anos em Belo Horizonte, filho do militar Antônio Ribeiro de Morais (em memória) e de Dulce Aparecida Ribeiro de Morais. Aos três anos mudou-se para Guardinha, local de origem de sua família materna e pelo qual tem um carinho especial e residiu em diversas localidades até se estabelecer definitivamente em Paraíso. Irmão mais velho de Douglas, Juliano e Lucas, o 51º prefeito municipal é casado com a professora da rede estadual, Vânia Rosa da Silva Morais e é pai de Gabriel Antônio Silva Morais, de 12 anos. Nesta entrevista, Marcelo, professor por formação, abre o coração sobre sua trajetória, desafios, dificuldades e conquistas ao administrar a cidade em meio à maior pandemia mundial dos últimos 100 anos.

Marcelo, o que senhor aprendeu de mais precioso junto a sua família
Aprendi com eles o valor da humildade, a saber tratar bem as pessoas. Minha mãe, principalmente, teve origem muito humilde. Meu pai sempre tentou acertar na vida. Ambos tinham imensa força de vontade, queriam progredir para dar uma vida melhor para os filhos. Os valores aprendidos com eles foram de suma importância para chegar onde estou.

Como professor graduado em Matemática pela UNIFEG (Guaxupé) e pós-graduado em Estatística, o que a sala de aula te ensinou?
A sala de aula é um aprendizado constante. Lecionei durante sete anos na rede estadual do Estado de São Paulo, nas cidades de Hortolândia e Patrocínio Paulista. Depois passei em concurso no Estado de Minas Gerais onde atuei na Escola Estadual Paraisense entre 2006 e 2016. Acredito muito no poder da Educação e creio que cheguei onde estou devido à experiência em sala de aula. É um desafio constante e temos que acompanhar a evolução, a transição tecnológica, as redes sociais. A sala de aula transforma o cidadão.

Porque decidiu entrar para a política?
Não tinha a intenção de entrar para a política, foi acontecendo. Quando passei a atuar na área da comunicação na extinta TV Paraíso, gostava de conhecer todo o processo; cinegrafia, edição, reportagem. Ali percebi que a imprensa, quando bem feita, pode transformar a vida das pessoas, dar voz a elas. Sempre tentei fazer além do que me pediam e nos bastidores conheci muitas pessoas do meio político. Passei a coordenar campanhas, vivenciar mais de perto a política. Minha esposa me disse que eu já estava fazendo política e me incentivou a pleitear um cargo eletivo. Me filiei ao então PMDB (hoje MDB) e em 2016, já no ano da eleição, concorri pelo PSDB por questões de divergências partidárias. Fui eleito o vereador mais votado na história da cidade com 2806 votos e tive a oportunidade de ser o presidente da Câmara. Posteriormente vi que não teria espaço para crescer dentro do partido e ingressei no PSC, onde estou até hoje.

Qual a maior lição aprendida como vereador?
Ser vereador é uma experiência fantástica. A maior lição é a proximidade com o povo. Ali é a porta de entrada para muitas demandas da população. Minha relação atual com o Legislativo é ter condições de governabilidade. Pelo papel de cada um, há um respeito mútuo. Havendo união, crescemos todos.

Como foi a decisão de se candidatar a prefeito?
Pela atuação no Legislativo, foi um passo natural.

Em 200 anos tivemos uma prefeita, duas vice-prefeitas e cinco vereadoras. Atualmente nossa cidade tem apenas uma mulher no Legislativo. Qual sua visão sobre a participação feminina na política?
As pessoas em geral têm medo de entrar para a política, pelos julgamentos, rotulação de que são pessoas maldosas, apenas com interesses pessoais. As mulheres entram com outra visão, pela sua sensibilidade, não têm a predisposição de ficarem marcadas por essa negatividade. Elas têm um olhar diferenciado, mais acolhedor. Recordo que no pleito de 2016 os partidos tiveram dificuldades para cumprir a cota mínima de representantes do sexo feminino. Já em 2020 não houve essa dificuldade. Quanto à representatividade da mulher na política, é mais uma questão cultural. O bom exemplo arrasta, então a partir do momento que dermos esse exemplo, não apenas as mulheres, mais pessoas vão querer participar da política.

Até o momento nossa cidade registrou 280 óbitos por covid-19. Acompanhamos seu esforço no combate à pandemia, inclusive com ações para coibir festas clandestinas. Qual sua avaliação sobre a pandemia em nossa cidade até o momento?
Toda ação era baseada em números. Não apenas festas clandestinas, como casamentos, bares, restaurantes, aglomerações. Chegamos a receber 60 denúncias diárias. Muitas vezes fomos recebidos de forma mais incisiva com xingamentos, intimidação. Nunca quis tirar o direito das pessoas trabalharem, inclusive mantive a cidade na onda verde quando todo Estado estava na onda roxa. Mas estas ações foram reconhecidas pela população. As festas de final de ano e a demora na procura para atendimento, no início assim foi orientado, colaboraram para estes números, mas ainda assim vejo nossa condução como positiva em comparação com outras localidades.

Há ainda, uma parte da população negacionista em relação à vacina. Ao mesmo tempo acompanhamos gradativamente a queda de óbitos e internações à medida que a vacinação avançava. O que diria para quem ainda não se vacinou?
Que se vacinem! Não fiquem com receio. O mundo inteiro estudou para isso. Alguns questionam a origem de determinadas vacinas ou o desconhecimento de sua composição, mas não sabem o que tem em remédios ou outros produtos que consumimos. Os números comprovam. Atualmente não temos nenhum paciente na UTI. A hospitalização de quem não se vacinou é muito mais grave. Quando não vem a óbito, o paciente fica com graves sequelas. Tive covid por duas vezes. Na primeira, quase sem sintomas. Na segunda precisei de internação e temi pela minha vida. Ainda tenho sequelas, principalmente emocionais. Atualmente 82,86% da população paraisense já tomou a 1ª dose e 59,74% a segunda ou dose única. Até novembro pretendemos atingir 75% da vacinação completa. A vacina para nós é fundamental para o vírus parar de circular. Faço esse apelo, se vacinem!

A população real do município é constantemente questionada. Logo que assumiu a chefia do Executivo você prometeu um novo censo populacional. Ainda pretende realizá-lo?
Já estamos realizando através da vacinação. Estamos levantando dados, já que todos, para se vacinarem, passam pelo SUS. O desafio é levantar os dados de quem não se vacinou ou se vacinou em outras localidades. Atualmente computamos cerca de 73 mil habitantes, desconsiderando estes casos mencionados e a população menor de 12 anos. Desse modo, ainda não conclusivo, estimamos que a população atual já ultrapassou os 80 mil e talvez chegue perto dos 90 mil habitantes.

Ninguém é unanimidade, mas podemos observar sua aprovação, tanto pelos que já o apoiavam como pelos que não o faziam. A que se deve essa alta aceitação?
A população está vendo que a gente quer trabalhar. O povo não é mais bobo. As pessoas têm acesso à informação, sabem quem está trabalhando, Há transparência, mostramos que queremos fazer a cidade crescer, abri-la a receber recursos, novos investimentos, independente se é situação ou oposição. Pegamos o pior momento da cidade. Ser prefeito durante a pandemia está sendo um grande desafio.

Nestes primeiros 10 meses de governo, qual sua autoavaliação?
Altamente positiva. Tenho prazer em dizer que todo servidor recebe, impreterivelmente, até o quinto dia útil, inclusive os aposentados. Todos os fornecedores também recebem corretamente. Não devemos um real sequer. Temos recurso em caixa e ainda não completamos o primeiro ano de gestão. Muitas obras, acessibilidade e realizações na cidade, distrito de Guardinha e Termópolis.

Quais as principais metas de sua gestão para os próximos anos?
Não deixar uma rua sem asfaltamento. Realizar muitas obras na cidade, distrito de Guardinha e Termópolis. Construir novas creches, reformar escolas. São muitas as ações e planos para os próximos anos.

Há um movimento para a Cultura desvincular-se da Secretaria de Esporte, Lazer e Cultura e passar a fazer parte da pasta da Educação no município. Como andam os trâmites? O que nossos artistas podem esperar?
A parte burocrática está sendo trabalhada para isso, para que a Cultura caminhe junto à Educação. Vamos distribuir os recursos restantes da Lei Aldir Blanc e pretendemos criar uma agenda cultural do município.

O senhor é a favor da reeleição?
Eu sou a favor da reeleição. Levamos um ano para organizar a máquina e no mínimo seis meses para a parte burocrática. Com dois anos que começa a caminhar. Por uma questão de organização da máquina pública, quando a pessoa é séria e consegue realizar, sou a favor da reeleição. Quando a gestão é boa, a população que decide pela continuidade.

Pretende continuar prefeito se candidatando à reeleição?
O futuro depende muito de nossa ações. Depende do momento e do trabalho realizado. Ele que vai definir essa escolha. O momento atual é de cansaço, mas sabemos que é uma fase. Há muita renúncia de nossa parte para a cidade caminhar, não tenho vida social, mas as pessoas votaram em mim pra isso. Queremos que as pessoas acreditem no nosso trabalho. Se continuarmos no mesmo ritmo, será natural.

Outro ponto destacado é a sua sintonia com o vice-prefeito Dr. Daniel Tales. Até aonde vai esta parceria?
Até eu ter a possibilidade de colocá-lo como meu sucessor à frente da Prefeitura. A não ser que ele não queira. O conheci quando eu era vereador e ao compormos a chapa para prefeito e vice percebemos muita sintonia. Cada um tem seu estilo, eu sou mais acelerado, ele mais comedido, então nos completamos. Sei que temos outros nomes capacitados para assumir a prefeitura no futuro, mas há entre nós uma questão de honra, fidelidade e companheirismo muito grandes.

Segunda-feira São Sebastião do Paraíso completa 200 anos de história. Que presente gostaria de oferecer para a cidade?
Queríamos fazer um evento grandioso, mas infelizmente não será possível. No dia 25 de outubro anunciaremos um pacote de obras para o ano do bicentenário, que irá até outubro de 2022. Não teremos Congadas, decidido em conjunto com os ternos, mas pretendemos realizar eventos durante todo o próximo ano. Havendo respeito às pessoas, meu desejo é que todo cidadão se respeite, daí as coisas acontecem por si só. O grande legado que queremos deixar é o respeito. Respeito com o dinheiro público, no atendimento à população, entre os servidores. Vem muita coisa boa para Paraíso. Vamos plantar uma sementinha para que daqui a 100 anos as pessoas olhem para trás e tenham certeza que existiu uma cidade antes e outra depois da pandemia.

Prefeito, qual a mensagem o senhor gostaria de deixar para a população paraisense?
O lema da nossa gestão, extraído de nosso hino, é: “Em ti revive nossa esperança”. Não percam a esperança na cidade, nas pessoas, no serviço público. Nos ajudem a construir uma cidade mais feliz, limpa, ordeira, onde todos possam se respeitar. Acreditem no servidor público. Valorizem o que está mais próximo, o positivo. Quanto mais unidos estivermos, maior a possibilidade de vencer os desafios. Vamos semear boas ações para colher um novo tempo!