PARAÍSO 200 ANOS

Avenida Oliveira Resende uma porção do Paraíso

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Entretenimento | 28-10-2021 05:09 | 1208
Região da Avenida Oliveira Resende uma área em constante transformação e progresso
Região da Avenida Oliveira Resende uma área em constante transformação e progresso Foto: Roberto Nogueira

João Roberto Nogueira
Jornalista

O tempo não para. Já se vão 200 anos de história marcados na memória de nossa gente que aponta a evolução de São Sebastião do Paraíso. Sim, se olharmos pelo retrovisor, visualizamos uma série de passos que foram dados ao longo desta caminhada para chegar até aqui. Vivemos um momento presente, cheio de desafios e olhamos para o futuro, incertos do que podemos projetar diante de tamanha fragilidade humana, neste paraíso terrestre em que habitamos.

A letra da música diz que “dia sim, dia não, eu vou sobrevivendo sem um arranhão” e assim caminha a humanidade até chegarmos a eternidade feliz. É neste clima meio que de nostalgia que iniciamos as celebrações desta data querida, terra de São Sebastião, o Paraíso, que por Deus foi abençoada, terra querida que para sempre amarei. Ao longo de sua trajetória estou tendo a felicidade de viver neste solo sagrado e já ultrapassando um quarto de vida em sua existência. Logo mais, hei de completar meus 51 anos, e vem aquela boa ideia de continuar por mais algum tempo desfrutando deste lugar em que nasci, cresci e pretendo continuar vivendo até o resto dos meus dias.

Como em um filme me recordo dos meus tempos de infância, em que eu ainda criança, transitava pela cidade com minha avó paterna, dona Geralda Ananias. Caminhávamos pelas ruas estreitas em direção ao centro da cidade. À medida em que íamos distanciando da quadra de casa, um mundo de novidades se descortinava. Na divisa da Vila Mariana, a Estação Ferroviária, de onde chegava muita gente nos áureos tempos do ouro verde. Dali também muitos partiram em busca de novos horizontes e foram fazer a vida em outras paragens e até hoje guardam saudades daqueles tempos idos.

Atravessando a linha do trem, logo se chegava à Avenida Oliveira Rezende. Por ali já se notava uma movimentação diferente das ruas pacatas de dentro do bairro. Havia o trânsito de carros de passeio, caminhões, ônibus e charretes. Também havia o comércio, as vendas onde se encontrava de tudo, o mercado, a barbearia e lojas de produtos agropecuários, a máquina de beneficiar arroz, a  loja de implementos agrícolas e o posto de combustível.

Hoje muita coisa mudou, o comércio diversificou. As lojas são as mais diversas pela Oliveira Rezende e até a sede da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços, de São Sebastião do Paraíso (Acissp) se instalou por ali. Lanchonetes, restaurantes, estabelecimentos dos mais diversos produtos desde roupas, calçados, artesanatos, eletrônicos, oficinas variadas, escritórios de imobiliárias, corretoras, advocacia, farmácia, padaria, supermercado, posto de saúde e os mais variados serviços se encontram por ali. Vale lembrar que neste território também funcionou a Estação São Paulo e Minas que hoje abriga a sede do Corpo de Bombeiros, teve ainda em seu passado até mesmo uma das mais conceituadas concessionárias de veículos da cidade, a antiga Pavel. Por ali ainda tínhamos a famosa Casa Brasil, do senhor Donato Picirillo, mais um ícone da cidade, herança e influência da colonização italiana.

No vai e vem do tempo, gerações de jovens tiveram a oportunidade de praticar futebol no Campo da Mambrini. Depois veio o marco maior e quem daquela região não freqüentou o Centro Social Urbano I, construído pelo então prefeito Waldir Marcolini. Por ali existiam nas imediações os barracões do IBC, o Estádio Comendador João Alves que até hoje é referência do futebol e da Paraisense, uma paixão da comunidade local. Dali o progresso caminhava em direção a outras paragens quando da construção dos pontilhões na entrada do bairro São Judas Tadeu. Hoje é acesso para praticamente outra cidade dentro do Paraíso com o crescimento daquela região após a instalação das casas populares no bairros Maria Italiana, Santa Tereza, Jardim Diamantina, São Sebastião, Veneza, Acácias, Azul Ville, Alto do Paraíso e adjacências.

De volta a Oliveira Rezende, lembramos que de ponta a ponta ela abriga construções importantes de nossa história. Se de um lado tivemos a sede da Cooparaiso, um dos maiores empreendimentos existente em nossa cidade, sua história particular já escrita revela a grandeza de sua existência e sua participação em um mercado tão importante via Brasil e referência mundial. De outro lado, na ponta final a capela de Santo Antônio, um lugar de aconchego, antes isolada e hoje ladeada pelas mais diferentes construções, sinal de que a urbanização também avança por aqueles lados tendo a instalação de pontos comerciais, residências escola e até mesmo uma universidade a UFLA (Universidade Federal de Lavras), campus Paraíso, se encontra nas suas vizinhanças.

Hoje a avenida concentra trânsito intenso, bem diferente daquela movimentação pacata de quando criança de quando minha avó me segurava firme pelas mãos para atravessar de um lado ao outro, porque já era perigoso. Hoje são filas de veículos de um lado ao outro. Pessoas em circulação de uma região à outra, indo para o centro ou mesmo vindo de outros lugares, com destino os mais distintos. Ali se tornou mais uma grande avenida, uma artéria da cidade que cresce e se transforma.

Quem imaginava ser o local de instalação de um dos maiores supermercados da cidade. Na mesma Oliveira Resende hoje temos um dos mais modernos e aconchegantes teatros da região, o da Acissp. De onde funcionou uma das grandes empresas geradoras de emprego na cidade, a Jugley, em seus tempos áureos, hoje é sede de repartição do Governo de Minas, com a UAI (Unidade de Atendimento Integrado), que tem a seu lado, um órgão da União, a Vara Federal do Trabalho.

Indo e vindo no tempo, percorrendo por estes caminhos até deixei de seguir o meu destino inicial que era ir em direção ao centro, porque a memória e o momento presente me fazem lembrar que as construções e a história evoluem, assim como a cidade desenvolve e com o tempo que passa. Eis um pedaço da cidade que se engrandece, que marca a história de tantas gerações que moraram, construíram famílias, muita gente nasceu e cresceu em sua extensão e nos seus arredores. Este foi, continua sendo e para sempre será um Paraíso que em seus 200 anos tem histórias para contar e motivos para comemorar, só por sua existência é motivo de muita celebração.