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Bioconstrução como alternativa para minimizar os impactos ambientais da construção civil

Por: Redação | Categoria: Cidades | 18-11-2021 14:56 | 1384
BRUNA ARANTES, engenheira civil graduada pela Anhembi Morumbi/São Paulo. Re-alizou estágio com e cursos com experientes arquitetos da bio-construção com Johan Van Len-gen e Irina Biletska, atualmente atua como engenheira civil e consultora autônoma.
BRUNA ARANTES, engenheira civil graduada pela Anhembi Morumbi/São Paulo. Re-alizou estágio com e cursos com experientes arquitetos da bio-construção com Johan Van Len-gen e Irina Biletska, atualmente atua como engenheira civil e consultora autônoma. Foto: Reprodução

Atualmente nos encontramos na beira de um colapso ambiental e energético. E a construção civil é um dos setores que mais geram impacto ambiental, desde a destruição de áreas verdes para abrir espaço para as edificações, passando pela produção e transporte de materiais, geração de resíduos durante a construção até o consumo de água e energia elétrica durante a fase de operação. A bioconstrução vem demostrar que é possível fazer uma casa confortável e minimizar os impactos negativos da construção civil.

Bioconstrução é um método natural de se construir, é fazer sua casa usando materiais disponíveis na natureza, com um impacto ambiental mínimo. Um levantamento dos recursos pode ser feito na área a ser construída, verificando o que há de materiais naturais disponíveis como madeira, terra, bambu, pedras, areia, cascalho, palha e outros.

O objetivo da Bioconstrução é construir uma casa saudável, que respeita o meio ambiente e o entorno onde está inserida e também criar um ambiente agradável de viver. Casas feitas com terra crua têm excelente conforto térmico e acústico, são frescas no verão e o frio do inverno não entra facilmente, podendo chegar a um excelente acabamento e durabilidade.

Existem construções no Brasil com mais de 250 anos construída em terra crua, como em Ouro Preto, Pirenópolis, Rio de Janeiro, utilizando técnicas de adobe (tijolo terra crua), taipa de pilão e pau-a-pique.

A terra é o material de construção mais abundante, é obtido com frequência diretamente no local de construção ao escavar as fundações, economiza material e custos de transporte, é ideal para autoconstrução, regula a umidade do ambiente, ajuda a poupar energia além de ser reutilizável.

O barro é capaz de absorver e desabsorver a umidade mais rápido, e numa maior extensão do que qualquer outro material de construção, o que lhe permite equilibrar a temperatura interior. Experiências realizadas em uma casa recém-construída na Alemanha, ao lon-go de oito anos, cujas paredes interiores e exteriores foram erguidas com barro, demonstraram que a umidade relativa do ar nesta construção rondou constantemente 50% durante todo o ano. Ela só oscilou entre 5-10%, produzindo-se assim uma condição de vida saudável.

O barro praticamente não produz poluição ambiental em relação a outros materiais de uso frequente. A preparação, transporte e manuseio de barro numa obra requer apenas 1% da energia necessária para a produção, o transpor-te de tijolos cozidos ou concreto armado.

O barro é ideal para autoconstrução, desde que o processo de construção seja supervisionado por uma pessoa com experiência, as técnicas de construção com terra podem ser geralmente executadas por não profissionais. Como os processos envolvidos são de trabalho intensivo e requerem apenas ferramentas baratas e máquinas, são ideais para a autoconstrução.

Outro material abundante no Brasil é o bambu, considerado o "aço verde" da construção civil pela sua alta resistência. Biodegradável, leve, durável e de crescimento rápido ele se apresenta com um excelente material estrutural, substituindo pilastras e vigas tradicionais, por exemplo. Como sua estrutura é oca, ela é ótima nas construções, pois resiste ao vento. É também comparável ao concreto na compressão e ao aço na resistência à tração.

Além do seu uso estrutural, ele pode ser usado na arquitetura para vedação ou cobertura, em móveis, esteiras ou tecidos. Dentre as principais vantagens de se construir com bambu, podemos listar:

Material leve: por ser um material oco, o bambu é bastante leve, principalmente quando comparado a outros materiais utilizados em construções. Essa vantagem acaba facilitando o transporte do material, principalmente quando se trata de construções ou decorações que são feitas manualmente;

Resistente: apesar de ser considerado um material leve, o bambu possui boa resistência à tração e compressão;

Versatilidade: o bambu pode ser utilizado para estrutura, vedação ou cobertura, por exemplo;

Durabilidade: o bambu pode apresentar uma ótima durabilidade, no entanto, para isso, é necessário adotar alguns cuidados para que a estrutura não seja danificada e a durabilidade não seja comprometida. Por isso é importante saber o tratamento ideal para cada fim.

Custo-benefício: esse material apresenta um valor relativamente baixo e pode ser utilizado como uma alternativa de baixo custo para a construção civil;

Sustentabilidade: a extração do material não causa tantos danos ao meio ambiente, pois o crescimento da planta não é comprometido, isso porque a extração não elimina a planta por completo. Além disso, também é renovável, biodegradável e não poluente.

Devido às suas boas qualidades, como baixos custos e coeficientes, o material tem ganhado mais espaço em projetos sustentáveis, com usos constantemente reinventados pelos arquitetos. Essa é uma excelente contribuição para o futuro da construção civil, que ainda busca encontrar melhores soluções para se conciliar natureza e tecnologias, sem esquecer-se da estética.

BRUNA ARANTES, engenheira civil graduada pela Anhembi Morumbi/São Paulo. Re-alizou estágio com e cursos com experientes arquitetos da bio-construção com Johan Van Len-gen e Irina Biletska, atualmente atua como engenheira civil e consultora autônoma.