ELA por ELA

SÍLVIA DELFINO SILVA

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 23-01-2022 18:29 | 1266
Sílvia Lúcia Delfino Silva
Sílvia Lúcia Delfino Silva Foto: Acervo pessoal

“Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”. A frase pode soar clichê, mas se encaixa perfeitamente na vida de Sílvia Lúcia Delfino Silva. Sílvia traz consigo o precioso dom de saber lidar bem com o público. Gentil, espontânea e muito eficiente, durante mais de duas décadas atuou em uma grande loja de departamentos e atualmente gerencia o restaurante fundado por sua irmã Sandra. Natural de Itaú de Minas, ainda jovem se estabeleceu junto à família em São Sebastião do Paraíso, tornando-se conhecida por seu carisma e disponibilidade. Aos 52 anos forjados com muito trabalho e dedicação, Sílvia compartilha nesta entrevista parte de sua vencedora trajetória.

Silvia, nos conte sobre suas origens. Algum fato especial marcou sua infância? 
Sou filha de Sebastião Delfino e Dirce de Oliveira Delfino, infelizmente já falecidos. Nasci em Itaú de Minas em um lar composto por seis irmãs. Viemos de uma origem muito simples, não tínhamos geladeira nem televisão. Meu pai era funcionário do Morro do Níquel e nossos passeios eram para Pratápolis e Itaú. Recordo muito das visitas à nossa avó materna em Pratápolis. A casa tinha um pomar com grande variedade de frutas e era uma diversão! Essa simplicidade me ensinou a dar muito valor às pequenas coisas, por exemplo abrir o freezer e poder pegar o sorvete que eu quiser. Uma sensação muito boa! Sou muito grata pelo que todas nós conquistamos. Hoje podemos usufruir dos frutos do nosso trabalho. 

Guarda alguma lembrança do Morro do Níquel?
Era muito pequena quando nos mudamos do Morro. Mas meu pai continuou trabalhando lá por muitos anos, então tenho uma lembrança muito boa quando a gente recebia os presentes de Natal! Nesta época do ano sempre tinha um churrasco para os funcionários, mas meu pai nunca ficava pois dizia que não teria graça sem a gente. Ele ganhava dois pães com churrasco, colocava na marmitinha e levava pra gente junto com os presentes. Era uma grande alegria! Minha irmã Sandra se recorda de uma história interessante que sempre nos contava. Nosso tio Afrânio também era funcionário do Morro do Níquel. Ele era guarda. Um belo dia chegou o Antônio Ermírio de Morais e foi barrado por ele na portaria. Os colegas perguntaram se ele sabia quem tinha barrado, mas ele não conhecia o “patrão”. Depois sua atitude foi elogiada pelo próprio Antônio Ermírio!

Como foi sua trajetória profissional antes gerenciar o JS Refeições?
Fui empregada doméstica, babá... Comecei como vendedora na Casa Yara e, por 22 anos trabalhei na área de vendas no Magazine Luiza. Sempre amei trabalhar com vendas. Lembro de me vestir de palhacinha, participar de carreata, sempre ajudava e era a primeira a puxar a turma. Mas fechou-se um ciclo, fui cuidar de minha mãe e parti para novas experiências. Depois tive vontade de voltar a trabalhar fora. Sandra nos dava suporte e então me convidou para trabalhar com ela no JS Refeições. Minha irmã Solange, a quem sou muito grata, passou a cuidar de nossa mãe durante o dia, e eu ficava com as noites. Gosto muito de gerenciar o restaurante e atender o público.

Você se mostra muito ágil e gentil no atendimento. Sempre teve facilidade em lidar com o público?
Sempre! Acho que tenho mesmo cara de vendedora! (risos) Me pedem ajuda no supermercado e claro, sempre que possível ajudo. Tenho realmente essa facilidade, gosto das pessoas.

Você também gosta de cozinhar ou prefere administrar?
Prefiro lidar com o público mesmo. Cozinho só às vezes, em casa. Esses dias fiz uma salada de repolho com pitaya que ficou deliciosa!

Na sua opinião, o que é essencial na relação com o cliente?
Respeito e jogo de cintura. Quando se tem educação, a gente contorna e resolve. A gente aprende muito lidando com o público, que é nosso verdadeiro patrão. É muito raro me ver sem paciência.

Atuando no comércio da cidade há mais de 30 anos, como você enxerga a evolução do setor e da cidade de modo geral?
Quando comecei no comércio Paraíso tinha apenas duas grandes lojas, Riachuelo e Pernambucanas. A maioria era de lojas locais. O pessoal também comprava muito fora da cidade. O contato, entre gerente e funcionários, entre vendedores e clientes, era mais próximo, mais humanizado. Tenho muitos clientes que se tornaram meus amigos. Realizávamos muitas ações na cidade e na região, sempre gostei de participar. O comércio cresceu muito. Quem trabalha melhor, dispõe dos melhores produtos e tem melhor atendimento, terá a maior fatia do bolo. Mas atualmente muitas compras são online, o que acaba impactando também, mesmo que muitos clientes ainda prefiram o contato presencial com o vendedor e o produto. Penso que a cidade deve investir para atrair mais empresas, indústrias, pois isso que faz o comércio girar. Quando tinha a usina de cana aqui, sentíamos o impacto na economia. Em dia de pagamento as vendas eram um estouro! Valorizo muito o trabalho que a Associação Comercial faz na cidade, em especial agora durante a pandemia, com campanhas gratuitas entre os comerciantes. E estou confiante na atual gestão da prefeitura para impulsionar a economia com mais empresas. Se tem emprego, tem salário, tem giro no comércio a cidade toda cresce.

O que você faz quando não está no JS Refeições?
Gosto muito de cuidar das minhas plantas. Também adoro ver romances, comédias, filmes “água com açúcar”.

Você tem um carinho especial pelos animais, certo? Como vê a relação entre o homem e os bichinhos?
Não tinha esse olhar até o filho mais velho pedir um cachorro. Aí vi o amor genuíno que eles nos dão. A gente começa a observar os animais de rua, vê que eles também querem receber e nos dar carinho... Depois o caçula quis um gato. A gente se encanta, se preocupa e cuida da melhor forma. É muito gostosa essa troca!

Nos conte sobre a família que constituiu.
Namorei por quase 11 anos o meu esposo, Aparecido June da Silva, que trabalha na Copasa. Nos casamos em 1997, curtimos o início do casamento e depois de três anos nasceu o Pedro, hoje com 21. Depois veio o Gustavo, que tem 15, para completar a família. Me sinto privilegiada por ter um parceiro assim, bom, caris-mático... Já são 35 anos de muito companheirismo e sempre foi assim, a gente se completa.

Você demostra ser muito apegada à família, especialmente pela relação que tinha com sua mãe. O que diria para quem tem a missão de cuidar de um ente querido?
Tanto a mamãe quanto o papai foram muito batalhadores, pessoas humanas e generosas. Meu pai sofreu com um câncer durante três anos, o que foi um aprendizado pra gente. Ele se tratou em Passos e à época todas as filhas trabalhavam fora, a Solange tinha uma loja e tomou frente por ter maior disponibilidade, mas também o acompanhei por diversas vezes. E nos revezávamos para amparar nossa mãe. Ela criou seis filhas e ainda ajudava a cuidar dos netos, sobrinhos, das crianças dos vizinhos... Conviveu dez anos com o Alzheimer e digo que cuidar não é fácil, mas mais difícil é vê-los sofrer ou saber que não vão melhorar. Meu marido também foi muito parceiro, reformamos a casa e a trouxemos pra cá. Foi quando nossa mãezinha se tornou nossa filhinha. Já éramos muito próximos, com uma convivência muito boa entre as irmãs e nossos pais. Então digo a quem recebe a missão de cuidar para não encarar como um fardo e sim como oportunidade. O que fizemos para retribuir nossos pais, não foi por obrigação, foi de coração, por amor.

Você é uma mulher de fé?
Sim, tenho muita fé.  Acredito na lei do retorno e sou muito positiva e otimista. Mentalizo que vai dar certo e realmente dá!

Se considera uma pessoa realizada? Tem algum sonho?
Sim, muito realizada! Tenho dois filhos que são minha alegria. Sou realizada também profissionalmente e muito grata por tudo que a vida me proporciona. Quanto ao sonho, tinha muita vontade de conhecer o mar e nunca dava certo. Cheguei a pagar um pacote para o Guarujá, que depois foi cancelado. Recentemente, com o falecimento de nossa mãe, minha irmã Sandra proporcionou a realização desse sonho. Fomos eu, ela e nossa irmã Solange para Ubatuba. Foi uma viagem perfeita, passeios maravilhosos, boa companhia, momentos que ficarão eternizados. Tenho muita gratidão pela minha irmã! Quero viajar mais e conhecer outros lugares. E outro grande sonho é ser avó! Meu filho Pedro já namora há algum tempo a Sophia e quero ajudar a cuidar dos netinhos. Minha mãe foi muito parceira das filhas, cuidando dos netos, então quero fazer igual. Gosto de ajudar, atender, servir, tenho uma família maravilhosa, gratidão é o sentimento!