Quem diria que uma vela de ignição poderia praticamente selar o campeonato de 2017 da Fórmula 1? Com o perdão do trocadilho, a Ferrari vai precisar acender uma vela para Sebastian Vettel reverter os 59 pontos que Lewis Hamilton abriu na liderança depois do GP do Japão, restando apenas quatro corridas.
Tudo bem que matematicamente Vettel ainda tem chances. Imagine, por exemplo, se nas duas próximas corridas, Estados Unidos e México, dias 22 e 29, respectivamente, a Mercedes de Hamilton quebrar e Vettel vencer? Difícil? Sim. Impossível? Não. Mas ainda que isso aconteça, Hamilton chegaria ao Brasil com consideráveis 9 pontos de vantagem. Claro que nesse caso a pressão psicológica mudaria de lado e cairia sobre os ombros da Mercedes. Pressão esta que fez a Ferrari entrar numa espiral negativa depois do GP da Itália, em Monza, quando Vettel perdeu a liderança do campeonato pela primeira vez no ano.
De lá para cá, Hamilton somou 68 pontos contra apenas 12 de Vettel. Mas apesar dos problemas de motor que o alemão enfrentou na Malásia, e com a tal da vela que apresentou defeito pouco antes da largada do GP do Japão, tenho a opinião de que o ápice da derrocada da Ferrari se deu na desastrosa largada do GP de Cingapura, num lance que considero o divisor de águas do campeonato que foi equilibrado e imprevisível até aquela corrida.
A Mercedes estava perdida no acerto do carro em Cingapura, e ainda tinha a desvantagem de ter o carro com a distância entre-eixos maior que o das outras equipes, numa pista com curvas de baixa velocidade. Não foi surpresa os carros da Red Bull também serem superiores aos de Hamilton e Bottas que dificilmente lutariam pelo pódio em condições normais de corrida. Só que Vettel espremeu Max Verstappen que virou sanduiche entre as duas Ferraris, os três bateram e abriram caminho para uma inesperada vitória de Hamilton.
A seguir, os problemas mecânicos de Vettel foram consequências de uma equipe que sentiu o golpe. Na Malásia os mecânicos falharam na montagem às pressas do motor do carro do alemão que precisou ser trocado pouco antes do treino classificatório, e ele teve que largar em último. E Kimi Raikkonen precisou ser retirado do grid, também com problemas de falta de potência.
No Japão foi a vela de ignição. Há muito eu não ouvia relatos de abandono por culpa da vela. Talvez por ser uma peça tão importante quanto comum que ninguém esquece em trocá-las antes do final de sua vida útil. Mas o departamento de controle de qualidade da Ferrari falhou ao ignorar o item em seu check list. Este ano as velas de ignição estão submetidas a um desgaste maior com o controverso uso de óleos lubrificantes que algumas equipes estão usando no processo de queima de combustível.
E Lewis Hamilton que não tem nada a ver com isso, aproveitou os tropeços dos adversários e colocou, com todos os méritos, uma mão taça mesmo não dispondo do melhor dos carros da Mercedes que já pilotou. Tanto que ele definiu como ‘teimoso’ o modelo W08 Hybrid: “Ele às vezes não quer fazer o que eu quero que ele faça, mas isso é algo que nós temos em comum, e é por isso que nos damos muito bem”, disse. E com esse carro Lewis venceu 8 corridas até aqui, fez 10 pole position, e pontuou em todas as 16 provas disputadas. Sem falar que das 61 vitórias que tem na Fórmula 1, em Suzuka ele completou 40 pela Mercedes.
HORÁRIO DE VERÃO COM MOTOGP
À meia noite de hoje começa o horário de verão, e às 3h – já no horário novo – tem o GP do Japão de MotoGP, em Motegi.