ELE por ELE

Milton Rodrigues Damaceno

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 27-03-2022 08:47 | 3080
Milton Rodrigues Damaceno
Milton Rodrigues Damaceno Foto: Acervo pessoal

Porco, vaca ou filé de frango? Só os privilegiados, e certamente saudosos, fregueses vão se recordar da pergunta de Milton assim que se sentavam a uma das mesas da Cantina Damaceno, restaurante de tão caras lembranças. Costelinha de porco e filé de peixe vez ou outra também eram opções. O cardápio da deliciosa comida caseira incluía salada, arroz e feijão com tempero especial, legume e verdura refogada, panqueca, entre outras iguarias com jeitinho de "comida de mãe". Por falar em mãe, foi ao lado de dona Maria, sua saudosa genitora e idealizadora da cantina, que Milton Rodrigues Damaceno atuava com simpatia e muita agilidade. Localizada na área central de São Sebastião do Paraíso, durante cerca de 20 anos o restaurante atendeu a um público bastante heterogêneo. De vendedores a comerciantes, de entregadores a famílias, o tempero e o aroma da comida caseira certamente deixaram muitas saudades. Por sua vocação para lidar com o público Milton Damaceno é muito conhecido e querido na cidade. Aos 72 anos ele compartilha suas memórias, jornada e sonhos.

Milton, que memórias você traz da infância? Algum prato especial deixou saudades?
Nasci na zona rural de São Tomás de Aquino, mas fui registrado aqui em Paraíso. Perdi meu pai, Luis Rodrigues Damaceno, ainda muito cedo, aos 7 anos. Minha mãe, Maria Francisca Damaceno, criou os quatro filhos trabalhando em casa de família. A comida dela realmente é uma lembrança especial! A macarronada e a tradicional maionese que ela fazia deixaram saudades!

Que lembrança você guarda de seu pai?
Ia com ele vender pão no bairro rural dos Pimentas. Saíamos de madrugada, de carroça. Tenho uma lembrança meio nebulosa de quando ele faleceu. Dessa vez não tinha ido com ele. Ele havia visitado um freguês, pediu um copo d’água e enfartou. O dia mais triste da minha vida foi quando o trouxeram na carroça, já morto, entre duas cestas. Aquela cena marcou...

Como foi sua vida profissional antes de ter seu próprio restaurante?
Fui funcionário da Fábrica de Calçados Cacique e, por aproximadamente 13 anos, fui cobrador e administrador da Praça de Esportes.

Quando surgiu a Cantina Damaceno? E por que encerrou suas atividades?
Como comentei, minha mãe cozinhava muito bem. Sempre gostei de comida caseira, o que a gente servia era o que eu e minha mãe gostávamos.  Então, a convite dela, aceitei ser sócio da cantina. Ela dominava a cozinha, mas não tinha muito conhecimento de administração, lidar com público, e eu cuidei dessa parte. A Cantina Damaceno funcionou por cerca de 20 anos. Fechou um ciclo, mas continuei na área de vendas, gosto muito de lidar com o público.

O que mais aprecia na relação com o público?
Gosto de conversar, de estar com o povo. Já vendi de um tudo. Vendas é minha paixão e pretendo continuar!

Já pensou em entrar para a política?
Jamais! Não gosto. É muita politicagem.

Do que mais sente falta em relação à cantina?
De minha mãe.

Recentemente você passou por um grave problema de saúde. Como foi essa provação?
Sim, fiz duas cirurgias na cabeça. Do meu ponto de vista, o que a gente tem que passar está escrito. Aceito tudo que me acontece. Só tenho que agradecer a Deus por estar vivo!

Milton, você é um homem de fé?
Sou, graças a minha mãe. Nasci em berço espírita, mas com o falecimento de meu pai, minha mãe se voltou para a Igreja Católica, nos batizou e assim seguimos.

Se você se visse frente a frente com Deus, o que gostaria de ouvir Dele?
Gostaria de ouvir Dele o perdão pelos meus pecados. Afinal, todos nós os temos.

Nos conte sobre a família que constituiu. O que eles representam pra você?
Tenho quatro filhos, o Adriano, o Alexandre, a Cristiane e o André. Também tenho cinco netos. Eles são maravilhosos! Me sinto realizado e com sensação de dever cumprido por tê-los criado bem. Fiz como minha mãe fez comigo e meus irmãos, dei educação e ensinei o valor do trabalho. Devo muito a minha mãe! Deus a tenha em bom lugar.

O que costuma fazer nas horas de folga? Tem algum hobby?
Antes das cirurgias gostava muito de ficar no computador, mas desaprendi um pouco, tenho uns lapsos. Atualmente gosto de trocar mensagens com meus amigos, tenho uma relação muito boa de amizades, é confortante.

O que pouca gente sabe sobre você? 
Gosto muito de dançar! Aprendi com a professora Leny em uma turma que ela conduziu na Liga. Era muito bom!

Milton, qual o balanço você faz de sua caminhada até aqui? Algum sonho a realizar?
Valeu a pena! Consegui encaminhar meus filhos. O pouco que eu fiz foi com muita convicção e boa vontade. Muitos deixam bens, mas não ensinam valores. Em relação ao sonho, pretendo voltar ao trabalho. Me acho muito novo pra ficar em casa! (risos) Não nasci pra ficar à toa. O trabalho enobrece o homem. Tem que trabalhar pra ter uma vida sadia. Costumo brincar, vai que dou um azar de ganhar na Mega Sena, você está com a vida enrolada! Nunca quis muito. Toda vida respeitei todo mundo e acho que por isso, sou muito respeitado. Saio na rua e todos me conhecem, cumprimentam. É gratificante! A família em primeiro lugar, e depois, a maior herança é saúde, paz e as amizades.