O Transtorno de Estresse Pós-Traumático é uma doença séria, incapacitante e ocorre quando o indivíduo passa por uma experiência grave, ameaçadora a sí ou a outros, que foi suficientemente intensa e causou terror, medo ou desamparo a ponto de, mesmo após o evento, trazer prejuízo para a vida da vítima.
Exemplos clássicos são situações de guerra ou combate, abusos sexuais e desastres, mas qualquer situação que tenha riscos fatais ou de grave ameaça como acidentes de trânsito ou violência física podem também causar este tipo de transtorno psiquiátrico. O trauma que parece pequeno e insignificante para uns, é massivo para outros, depende de como cada indivíduo percebe o ocorrido.
Pode ser direto, sendo o próprio paciente quem sofreu o trauma, ou indireto, sendo o paciente testemunhou ou tomou conhecimento de ocorrido com terceiros, muitas vezes próximos ou com laços familiares. Pode ser uma experiência que ocorreu uma única vez, como uma tentativa de homicídio, ou de forma continuada como abusos sexuais ou assédios durante um determinado período.
Ocorre em 9% da população ao longo da vida entre em crianças e adultos, sendo que 4% dos adultos sofrem deste transtorno anualmente.
Os sintomas mais comuns são:
1- Aparecimento das memórias involuntárias ou de sonhos do evento traumático, até mesmo de "flashbacks" reais de tais momento como se tivessem ocorrendo novamente, de forma involuntária.
2- Reações intensas a coisas que relembrem o evento (por exemplo explosões de fogos de artifício que remetem a eventos de guerra vividos pelo acometido no caso de combatentes ou vítimas de arma de fogo ou assaltos a mão armada ou de ver uma pessoa semelhante à qual foi responsável pelo trauma ou abuso).
3- Esquiva constante a situações ou pessoas as quais remetem a relembrar do trauma, além de evitar falar sobre o que aconteceu para terceiros a fim de evitar os sentimentos que essa memória desencadeia.
4- Desligamento ou distanciamento social e afetivo, depressão, esquecimento de partes do evento, perda do interesse por atividades, em especial as ligadas ao evento traumático.
5- Sentir-se culpado(a) sobre o que ocorreu ou culpar outros de forma inconsciente e sem que haja ligação direta desta sobre o ocorrido.
6- Sentimento de medo constante, horror, pavor, raiva ou constrangimento, dificultando a realização pessoal, a alegria, a vontade de viver e o amor.
7- Dificuldade de dormir, de concentrar e alerta constante e excessivo no seu meio, se assustando facilmente e reagindo a poucos estímulos com intensidade descabida, incluindo ataques de raiva e comportamento imprudente.
8- Uso de substâncias entorpecentes como álcool e drogas para aliviar a ansiedade gerada pelo transtorno.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático tem tratamento, com uso de medicações e de terapia, no geral com boa resposta após certo tempo de terapêutica.
Caso você ou alguém que conheça tenha passado por uma situação traumática e venha a apresentar algum ou vários destes sintomas por mais de um mês, não perca tempo. Por mais difícil que seja, procure ou oriente esta pessoa a procurar atendimento psiquiátrico imediatamente para início do tratamento.
Qualidade de vida e diminuir os sintomas são fundamentais para reestabelecer convívio social profícuo e saudável.
Nos vemos na próxima coluna Espaço Saúde aqui no Jornal do Sudoeste e no Instagram @drluizgustavoguedes.
Dr. Luiz Gustavo Guedes
Médico Psiquiatra
CRM/MG 63277
RQE 50446